
O peronista de centro-esquerda Alberto Fern�ndez venceu, em primeiro turno, a elei��o presidencial da Argentina, contra o presidente Maur�cio Macri. O peronista de centro-esquerda Alberto Fern�ndez se elegeu neste domingo (27) presidente da Argentina no primeiro turno, superando o chefe de Estado liberal Mauricio Macri, que encerrar� seu mandato com a pior crise da hist�ria do pa�s em 17 anos.
Com 90% das urnas apuradas, Fern�ndez obteve 47,59% dos votos, contra 40,96% de Macri. Com o resultado, este advogado de 60 anos, cabe�a da chapa formada com a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), assumir� em 10 de dezembro a Presid�ncia de um pa�s com 44 milh�es de habitantes e que est� mergulhado em uma grave crise econ�mica.
"� um grande dia para a Argentina", disse mais cedo Fern�ndez, exibindo um largo sorriso, ao sair com ar vitorioso de sua casa para cumprimentar os simpatizantes depois do encerramento da vota��o. Para vencer no primeiro turno, Fern�ndez precisava de 45% dos votos ou 40% mais dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado.
Em meio a um clima de tens�o em v�rios pa�ses da Am�rica Latina, com protestos maci�os em Chile, Bol�via e Equador, crise na Venezuela e elei��es no vizinho Uruguai, o pleito na Argentina � chave para a configura��o das for�as na regi�o.
"Paci�ncia e tranquilidade"
Milhares de pessoas cantavam e pulavam em frente ao comando de campanha da Frente de Todos aos gritos de "Se sente, se sente, Alberto presidente!", em meio a bandeiras com o retrato da ex-presidente.
Nora Mart�nez, agente de 59 anos, era uma delas. "Quero que este governo saia logo, em quatro anos fizeram um dano muito grande ao pa�s".
Enquanto isso, os rostos de desapontamento no comando da campanha governista eram cada vez mais vis�veis. Mas at� o momento, Macri n�o se pronunciou.
Engenheiro, tamb�m com 60 anos, Macri termina sem mandato com um pa�s mergulhado em sua pior crise econ�mica desde 2001, com uma infla��o elevada (37,7% em setembro) e um aumento da pobreza (35,4%). O presidente se defende, afirmando que precisou fazer ajustes para p�r ordem no desequil�brio econ�mico que encontrou ao assumir em 2015, e que a partir de agora os resultados vir�o.
Ao menos o Juntos pela Mudan�a, a coaliz�o presidencial, assegurou a prefeitura de Buenos Aires com a reelei��o de Horacio Rodr�guez Larreta, que obteve 55,51% dos votos e se manter� como chefe do Executivo da capital.
Em segundo lugar, mas bem pr�ximo, ficou o candidato do peronismo de centro-esquerda, Mat�as Lammens, com 35,42% dos votos.
"Press�o sobre o peso"
Os investidores temem que a vit�ria de Fern�ndez implique o retorno das pol�ticas intervencionistas do kirchnerismo (2003-2015). Analistas se perguntam ainda quem vai governar: se Fern�ndez - ex-chefe de gabinete de Cristina e seu marido, o falecido N�stor Kirchner - ou a ex-presidente de 66 anos.
Fern�ndez garantiu mais de uma vez que os dep�sitos banc�rios argentinos est�o a salvo e recha�ou que se volte a repetir o fantasma da crise de 2001, quando foram congelados os dep�sitos e 'pesificados' os que eram em d�lares.
Mas os argentinos j� deram demonstra��es de p�nico. Desde as prim�rias, houve saques em moeda americana que superaram os 12 bilh�es de d�lares (36,4% del total). E s� na sexta-feira, o Banco Central perdeu outros US$ 1,755 bilh�o em reservas para frear a desvaloriza��o da moeda.
Na segunda, "haver� muita press�o sobre o peso e sobre os bancos, mas os mercados j� anteciparam os resultados, a rea��o n�o ser� t�o brutal como ap�s as prim�rias" de agosto, vaticinou Nicol�s Sald�as, pesquisador do Wilson Center.
"Essa Argentina que sonhamos"
No �ltimo m�s, Macri concentrou seus esfor�os para convencer os indecisos a somar votos que lhe permitam ir para o segundo turno, ao lembrar as den�ncias de corrup��o contra o kirchnerismo e seu entorno.
Em meados de julho de 2018, em meio a uma corrida banc�ria, Macri recorreu ao Fundo Monet�rio Internacional (FMI), que concedeu ao pa�s um empr�stimo de US$ 57 bilh�es em troca de um ajuste fiscal que freou ainda mais a economia. Ainda falta a libera��o de 13 bilh�es de d�lares, mas o FMI espera o resultado das elei��es. Fern�ndez assegurou que cumprir� com o pagamento.
Mas al�m dos mercados, precisa dar seguran�a aos milh�es de pessoas que votaram em Macri. "Fern�ndez dever� restaurar a confian�a no kirchnerismo. Nos pr�ximos meses e at� assumir (em 10 de dezembro), Macri ser� o presidente e Fern�ndez ter� o poder", explicou Sald�as.