Com mais de 94,4% dos votos apurados nas elei��es na Argentina, ontem, o peronista de centro-esquerda Alberto Fern�ndez levou a presid�ncia do pa�s em primeiro turno, com 47,87%. Ele tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner. O atual l�der argentino, Mauricio Macri, na chapa com Miguel �ngel Pichetto, apurou 40,63% dos votos. Pelas regras do pa�s, venceria o candidato que obtivesse mais de 45%, ou ent�o, 40%, desde que obtivesse 10 pontos percentuais a mais que o segundo colocado.
O desafio de Alberto Fern�ndez, que assumir� em 10 de dezembro, ser� retirar o vizinho do Brasil de grave crise econ�mica, e do consequente n�vel alto de desemprego. Precisar� convencendo os investidores, que retiraram recursos do pa�s e promoveram desvaloriza��o da moeda nacional nos �ltimos dias.
Por volta das 23h, Mauricio Macri reconheceu a derrota. “ Parabenizo o presidente eleito, Alberto Fern�ndez. Acabei de falar com ele pela grande elei��o que fez. Deve come�ar uma transi��o ordenada que leve tranquilidade aos argentinos.”
A diferen�a no resultado foi menor do que ocorreu nas prim�rias de 11 de agosto, quando Fern�ndez teve 49,49% e Macri ficou com 32,93%. Pouco depois das 21h de ontem, o peronista Alberto Fern�ndez j� se declarava o vencedor das elei��es, mas o presidente liberal Maur�cio Macri pedia cautela a seus aliados e que os resultados oficiais fossem aguardados. “� um grande dia para a Argentina”, disse com um largo sorriso Fern�ndez, ao sair com ar vitorioso de sua casa para cumprimentar os simpatizantes depois do encerramento da vota��o.
Macri deixar� a Argentina em meio a maior crise econ�mica do pa�s em 17 anos. No cen�rio de tens�o em v�rios pa�ses da Am�rica Latina, com protestos maci�os no Chile, Bol�via e Equador, crise na Venezuela e elei��es no vizinho Uruguai, o pleito na Argentina � chave para a configura��o das for�as na regi�o.
Alberto Fern�ndez e Mauricio Macri votaram pela manh�. Fernand�z votou pr�ximo de sua casa em Puerto Madero, onde conversou com os jornalistas sobre a crise vivida pelo pa�s. “A situa��o econ�mica � muito preocupante e todos devemos nos preocupar”, disse. Ele aproveitou para elogiar N�stor kirchner, dizendo que ele “ajudaria a Argentina a se levantar novamente.” � tarde, pelo Twitter, o candidato de centro-esquerda publicou foto no Twitter na qual formou com as m�os a letra L, parabenizando o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, pelo anivers�rio de 74 anos dele.
Fern�ndez divulgou foto do momento em que depositava seu voto, agradecendo o apoio do eleitorado. “Agora � tempo de que trabalhemos todos para construir a Argentina que sonhamos. Uma Argentina para todos. Uma Argentina de p�”, afirmou. Os investidores temem que a vit�ria de Fern�ndez implique o retorno das pol�ticas intervencionistas do kirchnerismo (2003-2015). Analistas se perguntam ainda quem vai governar: se Fern�ndez – ex-chefe de gabinete de Cristina e de seu marido –, ou a ex-presidente de 66 anos.
O atual presidente, Mauricio Macri, votou no Bairro de Palermo, onde distribuiu croissants aos jornalistas, uma tradi��o local. Desde cedo, Macri j� dizia estar “ansioso”, como todos os argentinos, mas que era preciso esperar os resultados iniciais do pleito, cuja divulga��o estava marcada para as 21h de ontem. “Se a brecha for muito apertada, al�m dos resultados preliminares, vamos ter de ter paci�ncia para esperar a contagem final”, disse Macri.
Candidata a vice-presidente na chapa de Fern�ndez, a ex-presidente Cristina Kirchner (2007/2015) votou tamb�m pela manh� em R�o Gallegos, na Prov�ncia de Santa Cruz, onde ela mora. Depois da vota��o, Cristina, que � vi�va de N�stor, disse que almo�aria com a fam�lia e iria a Buenos Aires, ao fim da vota��o, para se encontrar com Fern�ndez e aguardar a divulga��o dos resultados das elei��es.
Press�es Milhares de pessoas j� cantavam e pulavam em frente ao comando de campanha da Frente de Todos aos gritos de “Se sente, se sente, Alberto presidente!”, em meio a bandeiras com o retrato da ex-presidente Cristina Kircnher. Nora Mart�nez, agente de 59 anos, era uma delas. “Quero que este governo saia logo, em quatro anos fizeram um dano muito grande ao pa�s”.
Enquanto isso, os rostos de desapontamento no comando da campanha governista eram cada vez mais vis�veis, e o presidente pediu que fossem aguardados os resultados oficiais. “Paci�ncia e tranquilidade enquanto s�o contados os votos”, tuitou o presidente argentino. Engenheiro, tamb�m com 60 anos, Macri termina sem mandato com um pa�s mergulhado em sua pior crise econ�mica desde 2001, com infla��o elevada (37,7% em setembro) e aumento da pobreza (35,4%). O presidente se defende, afirmando que precisou fazer ajustes para p�r ordem no desequil�brio econ�mico que encontrou ao assumir em 2015, e que a partir de agora os resultados vir�o.
Fern�ndez garantiu, mais de uma vez, que os dep�sitos banc�rios argentinos est�o a salvo e recha�ou que se volte a repetir o fantasma da crise de 2001, quando foram congelados os dep�sitos e 'pesificados' (convertidos em pesos, a moeda nacional) os que estavam em d�lares. Desde as prim�rias, houve saques em moeda americana que superaram os US$ 12 bilh�es (36,4% del total). S� na sexta-feira da semana passada, o Banco Central da Argentina perdeu outros US$ 1,755 bilh�o em reservas para frear a desvaloriza��o da moeda.
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ARGENTINA
Peronista Fern�ndez � o presidente eleito
Centro-esquerda voltar� ao comando do pa�s, mergulhado em grave crise econ�mica e alto desemprego. Liberal Macri sair� do governo com maior turbul�ncia financeira em 17 anos
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