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Estado de Minas

Brasil aposta nos espumantes para crescer no mercado do vinho


postado em 23/12/2019 10:55

Quatro funcion�rios giram, manualmente, centenas de garrafas na escurid�o de uma adega para facilitar a fermenta��o. Parece uma cena t�pica das prestigiadas adegas de champanhe francesas, mas estamos em Pinto Bandeira, uma das �reas produtoras do cada vez mais reconhecido espumante do sul do Brasil.

"Na nossa regi�o da Serra Ga�cha, temos as condi��es ideais para produzir vinhos espumantes de alta qualidade, competitivos em todo mundo", explicou � AFP Carlos Abarz�a, en�logo da vin�cola Fam�lia Geisse, enquanto abre um Extra Brut que, na ta�a, gera um fio de bolhas finas.

Famoso por sua cacha�a e por sua poderosa ind�stria cervejeira, o Brasil � o menos conhecido dos pa�ses vin�colas do Cone Sul. Sua produ��o � muito mais modesta do que a da Argentina e do Chile e seus vinhos raramente s�o encontrados em prateleiras e restaurantes de outros pa�ses.

Grandes multinacionais como Moet&Chandon; desembarcaram no pa�s na d�cada de 1970, atra�das pelo "terroir" da Serra Ga�cha, uma cordilheira de vales verdes e �midos que concentra 90% da produ��o de vinho do pa�s e, pouco a pouco, o setor especializado em espumantes.

"A Argentina � conhecida por seu Malbec, o Chile por seu Carmenere, o Uruguai por seu Tannat. O Brasil n�o possui variedade emblem�tica. Sua especialidade � o espumante", diz o vice-presidente da Associa��o Brasileira de Enologia (ABE), Andr� de Gasperin.

"A Serra Ga�cha � uma regi�o mais fria, com boa altitude, ideal para uvas brancas, com maior frescor, alta acidez e bom amadurecimento, como na regi�o de Champagne na Fran�a", acrescenta.

- D.O. "exclusiva" -

Nos �ltimos anos, os espumantes brasileiros, cujas cepas dominantes s�o Chardonnay, Pinot Noir e Riesling It�lico, conquistaram dezenas de medalhas em competi��es internacionais.

No Catad'or Wine Awards 2018, o mais importante da Am�rica Latina, o Moscatel Garibaldi da Cooperativa Garibaldi foi escolhido como o melhor do Cone Sul.

Uma opini�o compartilhada pelos consumidores brasileiros, como mostram os dados da Uni�o Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra).

Em 2018, 66,2% dos vinhos espumantes vendidos no pa�s foram brasileiros, e 33,8%, importados. Nos vinhos tintos e brancos, as estat�sticas se invertem: 11,8% nacionais, e 88,2%, importados, metade deles do Chile.

Localizada em um vale frondoso e ondulado de vinhedos, a vin�cola Fam�lia Geisse � a �nica no Brasil que produz vinhos espumantes apenas pelo m�todo tradicional, ou champenoise (com uma segunda fermenta��o dentro da garrafa). As outras que produzem com esse m�todo tamb�m produzem com o m�todo charmat.

Trata-se de um produto mais complexo e com mais corpo do que o produzido com o m�todo charmat (majorit�rio no Brasil, em que a segunda fermenta��o ocorre em grandes tanques de a�o inoxid�vel).

A Fam�lia Geisse trabalha h� anos com outros quatro produtores de vinho de Pinto Bandeira, uma sub-regi�o chuvosa da Serra Ga�cha, na cria��o do que eles dizem ser a primeira denomina��o de origem (D.O) "exclusiva de espumante" dos pa�ses produtores de vinho do Novo Mundo.

At� agora, h� apenas um D.O. de vinho no Brasil, a do Vale dos Vinhedos, outra sub-regi�o da Serra Ga�cha.

- O desafio do acordo com a UE -

A ascens�o do vinho espumante brasileiro pode ser ofuscada, por�m, pelo acordo de livre-com�rcio entre o Mercosul e a Uni�o Europeia (UE), assinado em junho. Se ratificado, poder� significar a entrada maci�a de champanhe franc�s e cava espanhol.

"Com o acordo, as tarifas cair�o e muitos outros produtos entrar�o para competir no mercado nacional (...) Sabemos que na Europa o setor vitivin�cola tem muitos subs�dios", explica Abarz�a.

Para o pesquisador Jorge Tonietto, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu�ria (Embrapa), o acordo com a UE � um desafio para os produtores brasileiros, sujeitos a altos custos de produ��o e impostos elevados com uma pequena escala de produ��o.

"Se fabricarmos bons produtos, vamos conseguir. O Brasil � um mercado interessante, com perspectivas de crescimento. Estamos em um pa�s que consome, n�o precisamos vender fora. Essa proximidade pode ser vantajosa no aspecto competitivo, por conhecer melhor o consumidor e trabalhar o enoturismo", acrescenta.


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