O abacate mexicano corre o risco de se tornar a pr�xima "mercadoria de conflito", semelhante aos "diamantes de sangue", em Angola e Serra Leoa, conforme estudo feito pela Verisk Maplecroft, uma empresa com sede no Reino Unido especializada em consultorias estrat�gicas e em avalia��es de risco, publicou o jornal The Guardian, nesta segunda-feira, 30.
O conflito pelo produto, de acordo com a reportagem, j� � apontado como o respons�vel pela morte de 19 pessoas, encontradas mutiladas na cidade mexicana de Uruapan, no Estado de Michoac�n, em agosto deste ano. Nove corpos estavam pendurados seminus em uma ponte. Inicialmente, havia a suspeita de que os assassinatos tinham ocorrido por causa de uma disputa de gangues rivais de drogas. No entanto, afirma o The Guardian, a chacina, promovida pelo Cartel de Jalisco Nova Gera��o, � pelo dom�nio do com�rcio local de abacate.
O M�xico � o maior produtor mundial do fruto. As exporta��es do que tem sido chamado de "ouro verde" do estado de Michoac�n, que produz a maioria dos abacates do M�xico, geraram uma receita de US$ 2,4 bilh�es no ano passado, afirmou o jornal.
Conforme o peri�dico, o estudo da empresa brit�nica examinou uma s�rie de fatores que contribuem para o crescente perfil de risco do produto, incluindo o envolvimento de cart�is e a viol�ncia associada a eles, bem como o uso de trabalho for�ado e infantil na agricultura.
O levantamento da Verisk Maplecroft tamb�m avaliou o desmatamento ilegal, a extra��o ilegal de madeira e a derrubada de florestas para cultivo de abacates. De acordo trecho do relat�rio da empresa publicado pelo The Guardian, com a atividade ilegal dos cart�is, a degrada��o ambiental aumentou "conforme os grupos criminosos desmatam as florestas protegidas para dar lugar a seus abacateiros".
"O crescimento exponencial da popularidade do abacate � uma b�n��o mista para as comunidades e agricultores do M�xico", afirmou Christian Wagner, analista da Verisk Maplecroft nas Am�ricas, no relat�rio, segundo o jornal. "Embora a maioria tenha se beneficiado com pre�os recordes, muitos atra�ram a aten��o de grupos do crime organizado."
Wagner afirmou ainda em seu relat�rio que "do cultivo ao transporte, a viol�ncia e a corrup��o agora permeiam a cadeia de suprimentos de abacate do M�xico, particularmente em Michoac�n, um antigo viveiro de viol�ncia criminal".
"As semelhan�as com os minerais que j� geraram conflitos s�o impressionantes para as empresas que fornecem abacates da regi�o. A associa��o com assassinatos, escravid�o moderna, trabalho infantil e degrada��o ambiental est� se tornando um risco crescente ao lidar com fornecedores e produtores de Michoac�n, especialmente quando o estabelecimento de rastreabilidade � cada vez mais dif�cil."
De acordo com o especialista, os cart�is se voltaram para outras atividades, principalmente abacates, por causa da guerra do governo contra as drogas. "Eles (grupos criminosos) se envolvem tanto em extors�o quanto em cultivo direto, geralmente em terras tomadas por agricultores locais ou escavadas em florestas protegidas".
Pelo menos 12 cart�is est�o operando no M�xico hoje, segundo o estudo. O levantamento observou que "2019 viu o surgimento de organiza��es criminosas que se comportam de todos os modos como cart�is de drogas, mas nem mesmo est�o envolvidas no tr�fico de drogas". "Em Michoac�n, a ind�stria do abacate est� fornecendo a renda diversificada que os grupos criminosos obt�m com o roubo de combust�vel em outras partes do M�xico."
Exporta��es
O M�xico lidera a lista de exportadores mundiais, � frente da Holanda, um importante centro exportador n�o produtor, e do Peru. De acordo com o The Guardian, a maioria dos abacates do M�xico vai para os EUA, apesar da produ��o dom�stica na Calif�rnia e na Fl�rida. Os abacates nos supermercados do Reino Unido v�m principalmente da Espanha, Israel, �frica do Sul, Peru e Chile. A fruta tamb�m est� em alta demanda na China, que importou mil vezes mais do produto em 2017 do que h� seis anos.
Netflix
Na Netflix, a s�rie Rotten trata dos cart�is do fruto no M�xico. Em A Guerra do Abacate, o primeiro epis�dio da segunda temporada, � mostrado como a popularidade do fruto levou a uma onda de viol�ncia de cart�is locais de Michoac�n.
INTERNACIONAL