O presidente americano, Donald Trump, disse ontem que o Ir� “parece estar recuando” ap�s os ataques contra interesses americanos no Iraque em repres�lia � morte de um importante general iraniano, indicando que Washington n�o planeja lan�ar uma nova resposta militar. Em discurso � Na��o televisionado da Casa Branca, Trump enfatizou que “n�o se perderam vidas americanas ou iraquianas” com os m�sseis lan�ados sobre duas bases militares no Iraque, que abrigam tropas da coaliz�o internacional que luta contra o que restou do grupo extremista Estado Isl�mico. Embora tenha prometido impor “de imediato” san��es econ�micas adicionais contra o Ir�, Trump recebeu com satisfa��o os sinais de que Teer� “parece estar recuando” no confronto do olho por olho, dente por dente. “Os Estados Unidos est�o prontos para abra�ar a paz com todos os que a buscam”, disse, ao concluir sua fala, dirigindo-se diretamente aos iranianos.
Mas poucas horas ap�s a fala do l�der norte-americano, dois foguetes ca�ram � noite na Zona Verde de Bagd�, onde fica a embaixada americana no Iraque, informou � AFP um alto funcion�rio dos servi�os de seguran�a. Foram ouvidas explos�es no centro da capital iraniana e em seguida sirenes foram ativadas. O ataque ocorre 24 horas depois do disparo de 22 m�sseis iranianos contra bases que abrigam militares americanos e da coaliz�o internacional em Bagd�, sem deixar v�timas.
Trata-se da terceira investida contra a Zona Verde desde que um ataque dos Estados Unidos utilizando um drone assassinou o general iraniano Qassem Soleimani e o homem do Ir� no Iraque, Abu Mahdi al Muhandis, h� cinco dias, na capital iraquiana. Muhandis era o n�mero dois do grupo Hashed al Shaabi, uma rede de mil�cias armadas incorporadas �s for�as de seguran�a iraquianas com v�nculos estreitos com Teer�. Os Estados Unidos acusaram os grupos Hashed de estar por tr�s dos ataques com foguetes � embaixada americana em Bagd� e �s bases que abrigam tropas americanas no pa�s.
Ontem, as fac��es mais radicais do Hashed anunciaram que vingariam os ataques americanos. O chefe paramilitar Qais al Jazali – considerado “terrorista” pelos Estados Unidos – disse que a resposta do Iraque aos Estados Unidos “n�o ser� menor que a resposta iraniana”. Harakat al Nujaba, uma fac��o de linha-dura do Hashed, anunciou que vingaria a morte de Muhandis. “Soldados americanos, n�o fechem os olhos. A vingan�a pela morte do m�rtir Muhandis est� vindo pelas m�os dos iraquianos at� que seu �ltimo soldado tenha ido embora', disse.
Cobran�a
Trump, que enfrenta tanto um processo de impeachment no Congresso como uma dif�cil reelei��o em novembro, vangloriou-se da decis�o de ordenar o assassinato do m�ximo general iraniano, Qassem Soleimani, na sexta-feira passada. Soleimani, um her�i nacional no Ir�, foi, segundo Trump, “o principal terrorista do mundo” e “deveria ter sido liquidado h� muito tempo”. Embora o mandat�rio tenha encerrado sua mensagem com um apelo � paz, iniciou-a dizendo sem rodeios que nunca permitiria ao Ir� dotar-se de uma arma nuclear.
Em seguida, pediu a seus aliados europeus e outras pot�ncias mundiais que sigam o exemplo dos Estados Unidos e deixem o que resta do Plano de A��o Integral Conjunto de 2015, o pacto internacional que visa a limitar as ambi��es nucleares iranianas. Trump abriu, no entanto, a possibilidade de um novo acordo nuclear com Teer� e, em um gesto improv�vel antes dos ataques de m�sseis iranianos de ter�a-feira, convidou Teer� a tornar-se um ator mais ativo no processo de paz do Oriente M�dio e a construir, junto com os Estados Unidos, “um futuro de prosperidade e harmonia” para a regi�o. O republicano afirmou que seu pa�s est� preparado para “buscar a paz”. Mas sublinhou que a campanha de terror promovida pelo Ir� na regi�o “n�o ser� mais tolerada”.
Bofetada
O l�der supremo iraniano, aiatol� Ali Khamenei, qualificou a ofensiva como “uma bofetada” para os Estados Unidos, mas disse que a vingan�a est� por vir ap�s o assassinato de Soleimani, chefe do bra�o de opera��es estrangeiras dos Guardi�es da Revolu��o, ex�rcito ideol�gico da Rep�blica Isl�mica. “Ocorreu um incidente importante. A quest�o da vingan�a � outro tema”, disse Khamenei em um discurso transmitido ao vivo pela TV estatal.
O gabinete do primeiro-ministro iraquiano, Adil Abdul-Mahdi, afirmou que havia recebido "uma mensagem verbal oficial" do Ir�, informando-o que um ataque com m�ssil contra as for�as americanas era iminente. “O Iraque rejeita qualquer viola��o de sua soberania e ataques em seu territ�rio”, destacou o comunicado, sem condenar especificamente os ataques com m�sseis. O presidente iraquiano, Barham Saleh, denunciou o ataque e disse repudiar as tentativas de transformar o Iraque em um “campo de batalha para bandos em guerra”. O Ex�rcito iraquiano anunciou n�o ter sofrido baixas nos 22 ataques com m�sseis, a maioria contra a base de Ain Al-Asad.
Lan�ado pela primeira vez por for�as dentro do Ir�, o ataque foi muito incomum em um pa�s que costuma disfar�ar suas investidas contra interesses americanos usando for�as xiitas. Mas o ataque de Teer�, que ocorreu pouco depois do enterro de Soleimani ap�s um funeral acompanhado por uma multid�o, parece ter sido mais simb�lico do que outra coisa. Os Guardi�es da Revolu��o advertiram que qualquer contra-ataque americano se depararia com uma “resposta ainda mais esmagadora” e amea�aram atacar os “governos aliados” de Israel e Estados Unidos. No entanto, o ministro iraniano das Rela��es Exteriores, Mohamad Javad Zarif, pareceu indicar que Teer� est� satisfeito no momento. “O Ir� adotou e concluiu medidas proporcionais em defesa pr�pria”, declarou no Twitter.