
O papa Francisco divulgou nesta quarta-feira (12) a exorta��o apost�lica "Querida Amaz�nia", um texto muito aguardado no qual evita um pronunciamento sobre os padres casados e denuncia as empresas que semeiam "injusti�a e crime" neste territ�rio afetado pela devasta��o e a pobreza.
O texto, de 24 p�ginas, dividido por cap�tulos, gerou muita expectativa porque o papa argentino evita o delicado tema do celibato, defendido com veem�ncia pelos setores ultraconservadores.
Com esta decis�o, Francisco deseja que a exorta��o apost�lica se concentre nos desafios ecol�gicos, sociais e pastorais, e n�o na quest�o do fim do celibato, tema que divide profundamente a Igreja.
Para Andrea Tornielli, diretor de comunica��o do Vaticano, Francisco quis evitar que a exorta��o se transformasse em um "referendo" sobre a possibilidade de ordenar homens casados como padres.
Em seu texto, o pont�fice denuncia as empresas nacionais e multinacionais que semeiam a "injusti�a e o crime" na Amaz�nia e violam os direitos dos povos aut�ctones.
"Aos empreendimentos, nacionais ou internacionais, que prejudicam a Amaz�nia e n�o respeitam o direito dos povos origin�rios do territ�rio e sua demarca��o, � autodetermina��o e ao consentimento pr�vio, devem receber o nome que lhes corresponde: injusti�a e crime", escreveu.
O papa destaca o que chama de "grandes sonhos" para a Amaz�nia, defende a "ecologia humana" que leva em considera��o os pobres e valoriza as culturas ind�genas.
"Sonho com uma Amaz�nia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos origin�rios, dos �ltimos", escreve no primeiro cap�tulo.
No texto, divulgado quatro meses depois do s�nodo, ou assembleia, no Vaticano com todos os bispos da regi�o, Francisco defende a promo��o de uma "igreja mission�ria" com face amaz�nica.
O documento, que o Vaticano chama de "carta de amor de Francisco", tenta acalmar os �nimos entre conservadores e progressistas a respeito da pol�mica quest�o do celibato.
A omiss�o do tema, no entanto, decepcionou os setores que pediam uma exce��o para esta regi�o do mundo.
O fim do celibato na Amaz�nia foi uma das propostas mais inovadoras apresentadas pelos religiosos da regi�o, com 34 milh�es de habitantes e 400 tribos ind�genas, devido � escassez de padres e o avan�o incessante dos evang�licos.
A rejei��o do pont�fice a abordar o pedido dos bispos latino-americanos de autorizar excepcionalmente a ordena��o de homens casados, e com uma vida impec�vel, para a regi�o amaz�nica � considerada uma vit�ria dos setores mais conservadores.
"O papa cedeu � press�o e n�o aprovar� a ordena��o de padres casados", comentou, decepcionado, Jos� Manuel Vidal, da p�gina cat�lica Religi�o Digital.
Com uma linguagem moderna, em que cita Pablo Neruda, Mario Vargas Llosa e o padre Pedro Casald�liga, a exorta��o papal termina com um poema dedicado � M�e da Amaz�nia.
Francisco tra�a ainda o caminho para enfrentar as necessidades espirituais dos habitantes das florestas amaz�nicas, refor�ando o papel do mission�rio, mas fecha a porta para as mulheres diaconisas.
Reconhecer minist�rios � mulher conseguiria apenas "clericalizar as mulheres, diminuiria o grande valor do que elas j� deram e provocaria sutilmente um empobrecimento de sua contribui��o indispens�vel", escreveu.
A exorta��o "deixa muitos com a sensa��o de que Bergoglio n�o se atreveu a ir mais longe", comentou Vidal.
