O presidente do Afeganist�o, Ashraf Ghani, afirmou neste domingo, 1�, que n�o libertar� prisioneiros do Taleban antes das discuss�es sobre compartilhamento de poder no pa�s, agendadas para a pr�xima semana. A declara��o exp�e o primeiro obst�culo na implementa��o do acordo de paz entre EUA e Taleban, assinado nesse s�bado, 29, em Doha, no Catar.
O presidente do Afeganist�o, Ashraf Ghani, durante a coletiva de imprensa em que negou que libertar� prisioneiros do Taleban antes do in�cio das negocia��es entre grupos internos do pa�s. Foto: WAKIL KOHSAR / AFP
O pacto firmado prev� como uma das condi��es para o cessar-fogo a liberta��o de at� 5 mil prisioneiros do grupo rebelde pelo governo afeg�o, antes mesmo do in�cio das negocia��es entre os grupos pol�ticos do pa�s, marcadas para o dia 10 de mar�o, na capital norueguesa de Oslo. Em contrapartida, o grupo rebelde libertaria at� 1 mil prisioneiros.
Contudo, o presidente afeg�o declarou em uma entrevista coletiva em Cabul que a condi��o firmada no Acordo de Doha n�o era uma promessa que os Estados Unidos poderiam fazer. Ele afirmou que a liberta��o de qualquer prisioneiro � uma decis�o do governo e que ele n�o estava pronto para libertar prisioneiros antes do in�cio das negocia��es.
"O pedido foi feito pelos Estados Unidos para a liberta��o de prisioneiros e pode fazer parte das negocia��es, mas n�o pode ser uma condi��o pr�via", disse Ghani.
Retirada de tropas
Apesar dos desafios para a pol�tica interna do Afeganist�o, o governo dos EUA afirmou que o planejamento da retirada de tropas ao longo dos pr�ximos 14 meses est� ligada ao desempenho antiterrorista do Taleban, e n�o ao progresso nas negocia��es entre os afeg�os. O enviado de paz de Washington, Zalmay Khalilzad, que serviu como primeiro embaixador dos EUA no Afeganist�o depois da invas�o dos EUA em 2001, passou os �ltimos 17 meses conversando repetidamente com o Taleban para estabelecer o acordo.
O acordo de Doha � visto como uma oportunidade hist�rica para liberar os Estados Unidos do Afeganist�o. No entanto, pode se desfazer rapidamente, principalmente se o Taleban n�o cumprir a promessa de que nenhum ataque terrorista seria lan�ado do solo afeg�o.
As negocia��es entre fac��es pol�ticas do pa�s e os insurgentes s�o ainda mais complexas. Apesar disso, um fracasso em potencial pode n�o afetar a retirada das for�as americanas.
Constru��o de confian�a
O ministro das Rela��es Exteriores do Catar, Mohammad bin Abdulrahman Al Thani, disse que considera a troca de prisioneiros uma importante medida de confian�a. "Tudo est� interconectado", disse ele no domingo sobre o prazo de 14 meses do acordo. "A troca de prisioneiros ser� uma das primeiras medidas de constru��o de confian�a, por isso continuar� sendo uma etapa muito cr�tica que precisamos avan�ar", acrescentou.
O presidente Donald Trump afirmou no s�bado, 29, que o Taleban � um grupo "cansado da guerra". Ele disse achar que eles levam a s�rio o acordo que assinaram, mas alertou que, se falharem, os EUA poderiam reiniciar o combate. "Achamos que seremos bem-sucedidos no final", declarou, referindo-se �s negocia��es de paz para os afeg�os e a retirada dos EUA. Mas alertou: "Se coisas ruins acontecerem, voltaremos com o poder de fogo militar".
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