Brasileiros na Europa e em outros pa�ses da Am�rica do Sul n�o conseguem retornar para casa

Retidos a milhares de quil�metros de casa, sem dinheiro e com risco de contamina��o de um v�rus ainda pouco conhecido pelos cientistas mundiais – essa � a situa��o de v�rios brasileiros ao redor mundo. Desde que o surto de coronav�rus se espalhou no ocidente, v�rios pa�ses adotaram medidas de restri��o fortes. A Uni�o Europeia e  alguns pa�s da Am�rica do Sul decretaram o fechamento das fronteiras nessa segunda-feira, deixando centenas de brasileiros perdidos ao longo do globo terrestre.

Em Portugal, um grupo de ao menos 60 pessoas est� retido em Lisboa, capital do pa�s. A maioria dos brasileiros chegou � Europa a turismo, no in�cio do m�s e, agora, apreensivos pela pandemia, eles tentam voltar � terra natal. No entanto, com os aeroportos europeus praticamente fechados e sem voos, n�o conseguem embarcar e ficam no meio de um “toma l� d� c�” entre companhias e embaixadas.

“A gente n�o tem como ficar aqui, estamos sem dinheiro. Tem companhias a�reas falando que s� podem fazer voos a partir de 15 de abril , mas n�o tem como ficar aqui at� esse dia”, conta a mineira Isabella Lucas, de 28 anos, que atualmente mora em S�o Paulo e que viaja a turismo com a namorada desde o dia 7.  

Com o caos � tona, v�rios brasileiros foram para a porta do Consulado-Geral do Brasil em Lisboa, na manh� desta ter�a-feira, exigindo ajuda do governo brasileiro no deslocamento para casa. Mas, segundo Isabella, o consulado apenas se envolver� em quest�es relacionadas � transfer�ncia de corpos para o Brasil ou em ocorr�ncias de perda de documentos.

“Fizemos press�o e eles aceitaram receber alguns representantes do nosso grupo”, conta. Depois disso, conta Isabella, o consulado aceitou pagar estadia em um albergue e refei��es em restaurantes populares para quem n�o tem condi��es de arcar com a estadia for�ada. 

At� o �ltimo domingo, ela e sua namorada estavam em Viena, capital da �ustria. Com o aumento do n�mero de casos de coronav�rus, o casal decidiu adiantar a volta para casa, inicialmente marcada para o dia 26, saindo de Portugal, com escala em Madri, na Espanha.

“Pagamos R$ 400 para adiantar esse voo de Viena para Portugal. Mas, quanto ao voo de Lisboa para o Brasil, as companhias est�o cobrando valores alt�ssimos. No domingo, estava R$ 1,7 mil e na segunda-feira j� passou para R$ 8 mil.

Isabella conta que o novo voo est� previsto para esta sexta-feira. A princ�pio, ele ainda n�o consta como cancelado. “O voo � pela Iberia L�neas A�reas e passa por Madri. Apesar de o espa�o a�reo para Madri estar fechado, ficamos sabendo de pessoas que conseguiram chegar l� mesmo assim”. A Espanha est� desde segunda-feira em isolamento devido � pandemia de coronav�rus. 

Pre�os exorbitantes A soteropolitana Arysa Souza, de 32, tamb�m est� retida em Lisboa sem conseguir voltar para casa. Ela e o marido est�o desde o dia 3 na Europa e tiveram que adiantar o retorno ao notar que a viagem j� n�o fazia mais sentido, com os estabelecimentos praticamente fechados devido ao coronav�rus. 

Ap�s tentar sem sucesso a mudan�a de voo com a Air Europa, companhia em que haviam comprado a passagem, a �nica alternativa que o casal encontrou foi desembolsar cerca de R$ 14 mil. “Fomos ao aeroporto de madrugada tentar mudar o voo, mas n�o conseguimos. Mais tarde, ligamos para a companhia e eles disseram que iam olhar. Nesse meio tempo, a liga��o caiu e, desde ent�o, n�o conseguimos mais falar com eles”, conta.

Desesperados para retornar ao Brasil, o casal comprou duas passagens da TAP Air Portugal, de R$7 mil, saindo de Lisboa em dire��o a Salvador. “Compramos com a ideia de vamos conseguir entrar na Justi�a posteriormente. A TAP est� praticando um abuso em uma situa��o de pandemia. Eles aproveitaram a situa��o para serem oportunistas”, reclama.  

Desde que a pandemia chegou forte ao continente, v�rios pa�ses da Am�rica do Sul fecharam as fronteiras. O Equador foi o primeiro a decretar a medida, sendo seguido por ao menos outros sete pa�ses.

O mineiro Ricardo Bueno, de 38, est� retido em Quito, com o namorado, depois que n�o conseguiu embarcar para Lima, no Peru – o traslado fazia parte do roteiro de volta ao Brasil, depois de uma viagem �s ilhas de Gal�pagos. Al�m dele, h� no m�nimo um grupo de 15 brasileiros no mesmo hotel, esperando ajuda do governo brasileiro ou de companhias a�reas para voltar ao pa�s.

 

 

 

“�s 18h35 (hor�rio de Quito) fomos barrados pela Avianca de embarcar para Lima. O voo saiu normalmente, mas eles n�o deixaram a gente embarcar. Com isso, perdemos o voo para S�o Paulo, que sairia �s 21h40. Agora, o aeroporto do Peru j� est� fechado e vamos ter que ficar aqui at� 6 de abril, conta. 

No �ltimo domingo, o Peru anunciou o fechamento de todas as suas fronteiras por 15 dias. A medida come�ou a valer a partir de segunda-feira. 

Sem dinheiro suficiente para a estadia n�o programada, o grupo tenta negociar uma solu��o com a companhia ou com o governo brasileiro, para que eles possam voltar ao pa�s de alguma forma. “Est� todo mundo apertado financeiramente, al�m disso tem duas pessoas aqui que s�o mais velhas e que tomam medica��o controlada e n�o conseguem comprar sem receita. Por aqui, n�o podemos pisar na rua, o governo n�o autoriza”, conta. 

Itamaraty Procurado pelo Estado de Minas, o Minist�rio das Rela��es Exteriores informou estar acompanhando de perto a situa��o dos brasileiros fora do pa�s. “Recomenda-se a todos os cidad�os brasileiros no exterior que mantenham a serenidade e observem estritamente as medidas determinadas pelas autoridades locais, e que, se necess�rio, busquem contato direto com o Consulado ou Embaixada do Brasil respons�vel pela regi�o onde se encontram”, ressaltou por meio de nota.

O Itamaraty ainda destacou que nenhuma embaixada ou consulado brasileiros encontra-se fechada. Mas alegou que, com as restri��es impostas pelas autoridades locais devido ao coronav�rus, o regime de trabalho foi alterado, com hor�rios especiais de atendimento ou teletrabalho.

A reportagem tamb�m procurou a Avianca no Equador e, at� a publica��o da mat�ria, n�o tinha recebido resposta. Al�m disso, o EM n�o conseguiu falar com a TAP Air Portugal.