A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) alertou ontem que os EUA devem se tornar o epicentro da pandemia de coronav�rus no mundo. O pa�s registrou mais de 9 mil novos casos e chegou a 53 mil pessoas contaminadas, com um total de 700 mortes confirmadas. O maior foco de dissemina��o da covid-19 � o Estado de Nova York, que concentra metade dos casos.
A porta-voz da OMS, Margareth Harris, afirmou que 85% das novas notifica��es s�o reportadas entre americanos e europeus - 40% apenas nos EUA. O aumento se deve em parte a mais testes realizados, especialmente em Nova York. O n�mero de exames nos EUA subiu de 58 mil, na quinta-feira, 19, para quase 240 mil, na segunda-feira, 23.
Mesmo assim, os Estados Unidos t�m testado pessoas em marcha lenta, quando comparado com outros pa�ses desenvolvidos - o que indica que o crescimento de casos no pa�s pode estar ocorrendo ainda mais r�pido do que as estat�sticas oficiais demonstram.
O primeiro caso de coronav�rus nos EUA foi confirmado em 20 de janeiro e levou quase dois meses para o pa�s chegar a 100 mortes. Mas, apenas no dia 16, a Casa Branca mudou o tom e passou a recomendar as medidas de restri��o de circula��o de pessoas. Atualmente, as recomenda��es para que americanos n�o saiam de casa afetam um em cada tr�s habitantes.
Os Estados americanos j� haviam adotando medidas restritivas de maneira unilateral. Em Nova York, os restaurantes e o com�rcio foram fechados no fim de semana, bem antes de o presidente Donald Trump adotar uma abordagem mais rigorosa. Na cidade de Nova York, a de maior densidade demogr�fica do pa�s, a entrada nos elevadores dos arranha-c�us � permitida a apenas tr�s pessoas por vez, mesmo em edif�cios de 25 andares. H� limite tamb�m para a entrada de consumidores em supermercados.
A previs�o � que o pico da infec��o no Estado de Nova York ocorra em duas ou tr�s semanas, antes do inicialmente previsto. O governador do Estado, Andrew Cuomo, reclamou ontem que o governo federal enviou apenas 400 respiradores, quando autoridades locais pediram 30 mil. Cuomo estimou em 140 mil o n�mero de leitos necess�rios para abrigar os pacientes com v�rus - hoje, h� apenas 53 mil.
H� alguns dias, por�m, Trump vem sugerindo que pode relaxar as medidas de isolamento antes do recomendado por m�dicos e especialistas. "Muitas pessoas concordam comigo. Nosso pa�s n�o foi projetado para ficar isolado", disse o presidente � Fox News.
Desde domingo, Trump tem dado sinais de que pressionar� internamente por uma reavalia��o do distanciamento social. O primeiro sinal veio quando ele publicou no Twitter, no fim de semana, que o "rem�dio n�o pode ser mais grave do que a doen�a". Segundo o presidente, uma "grande recess�o" pode deixar mais v�timas do que o coronav�rus.
"Podemos perder um certo n�mero de pessoas em raz�o da gripe. Mas corremos o risco de perder mais pessoas se mergulharmos o pa�s em uma grande recess�o ou depress�o", disse Trump, sugerindo a possibilidade de "milhares de suic�dios".
At� agora, as medidas de isolamento s�o apontadas como a �nica forma de impedir a transmiss�o r�pida da doen�a, mas afetam a economia - e as chances de reelei��o dele. H� ceticismo entre especialistas, no entanto, com rela��o � viabilidade de relaxar as restri��es no curto prazo.
Em entrevista na Casa Branca, Trump afirmou que, "se fosse pelos m�dicos, o mundo inteiro seria isolado". � Fox, o presidente americano afirmou que gostaria de ver os EUA operando normalmente at� a P�scoa, no dia 12. Quando havia adotado um tom mais restritivo, na semana passada, ele disse que a luta contra o coronav�rus poderia durar at� julho ou agosto.
Trump tem sido duramente criticado por ensaiar a retomada das atividades econ�micas antes do recomendado. Na ter�a-feira, o bilion�rio fundador da Microsoft, Bill Gates, disse que � muito irrespons�vel algu�m sugerir que � poss�vel ter "o melhor dos dois mundos". "N�o h� meio termo. � dif�cil dizer �s pessoas para continuarem a frequentar restaurantes e ignorarem a pilha de corpos na esquina. Dizer que queremos que o cidad�o continue gastando, porque h� um pol�tico que pensa que o PIB � tudo o que vale", disse Gates.