O presidente Jair Bolsonaro demitiu nesta quinta-feira (16) o popular ministro da Sa�de, Luiz Henrique Mandetta, ap�s semanas de confronto entre os dois por diverg�ncias sobre a pol�tica de combate � pandemia do novo coronav�rus.
"Foi um div�rcio consensual", disse Bolsonaro em coletiva de imprensa em Bras�lia, pouco depois de o pr�prio Mandetta anunciar oficialmente que havia sido demitido.
Seguindo as orienta��es da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), Mandetta era um fiel defensor das medidas de isolamento social criticadas pelo presidente devido ao impacto das mesmas na economia.
Para substitu�-lo, Bolsonaro escolheu o oncologista Nelson Teich, com quem acordou uma reabertura gradativa da economia.
"O que eu conversei com o doutor Nelson � que gradativamente temos que abrir o emprego no Brasil. Essa grande massa de humildes n�o tem como ficar presos dentro de casa e o que � pior - quando voltar, ficar sem emprego", disse o presidente.
No entanto, o ministro rec�m-nomeado, que tem o apoio da Associa��o M�dica do Brasil (AMB), assegurou que "n�o vai haver qualquer defini��o brusca, radical" sobre o distanciamento social definido por governadores e prefeitos.
Opor sa�de e economia "� muito ruim", acrescentou Teich, que em um artigo recente defendeu o isolamento como medida para conter a propaga��o do coronav�rus.
As rela��es entre Mandetta e Bolsonaro vinham se desgastando desde o in�cio da crise sanit�ria, que at� esta quinta-feira havia registrado 1.924 mortos e 30.425 cont�gios.
As autoridades preveem para maio o pico da pandemia no Brasil.
Contr�rio �s medidas de isolamento horizontal, Bolsonaro afirma que se fomentou um clima de "terror" e "histeria" em torno da pandemia.
Ele, inclusive, ignorou as recomenda��es de suas pr�prias autoridades sanit�rias para evitar aglomera��es, realizando passeios espont�neos em feiras, padarias e outros locais p�blicos, e mantendo contato f�sico com seus apoiadores.
"O rem�dio para curar o paciente n�o pode ter um efeito colateral mais danoso do que a pr�pria doen�a", insistiu Bolsonaro nesta quinta, afirmando que seu governo n�o pode sustentar por muito tempo as medidas econ�micas de emerg�ncia adotadas para proteger os trabalhadores informais, empresas e desempregados.
Sua postura desatou uma crise entre o Executivo federal e governadores de grandes estados, como S�o Paulo e Rio de Janeiro - os mais afetados no pa�s pela pandemia -, e que determinaram em mar�o medidas para restringir a circula��o de pessoas, menos restritivas do que as adotadas na maioria dos pa�ses europeus.
- Ministro com "proje��o pol�tica" -
Desde o in�cio da crise, Mandetta esteve � frente das coletivas de imprensa quase di�rias e se tornou uma personalidade popular para muitos brasileiros, inconformados com a postura do presidente.
Mas seu destino mudou no fim de semana passado: ele perdeu o apoio dos influentes militares, que at� ent�o tinham conseguido salvar sua pele, incomodados com uma declara��o sua no programa "Fant�stico", da TV Globo, ao qual disse que faltava no pa�s uma "fala unificada" no combate � pandemia e que o brasileiro "n�o sabe se ouve o presidente ou o ministro".
Enquanto o presidente anunciava ao vivo pela TV a demiss�o de Mandetta, muitas pessoas nos bairros do Rio e de S�o Paulo protestaram com panela�os e gritos de "Fora, Bolsonaro!".
Mandetta, que anunciou sua demiss�o pelo Twitter, agradeceu a "oportunidade" de "planejar o enfrentamento da pandemia do coronav�rus, o grande desafio que o nosso sistema de sa�de est� por enfrentar".
Em uma coletiva pouco depois, voltou a defender a ci�ncia como a "luz" capaz de guiar o pa�s por esta crise.
"N�o est� claro como o novo ministro vai agir. Mas Bolsonaro n�o o teria escolhido se n�o houvesse um m�nimo de alinhamento entre eles", avaliou o analista Vin�cius Oliveira, cientista pol�tico e pesquisador associado da Universidade de S�o Paulo (USP).
Se n�o vai haver um ataque ao isolamento social. Da parte do novo ministro. N�o deve haver sua defesa tampouco. Isso vai levar mais pessoas a abandonar a quarentena
"Bolsonaro demitiu Mandetta porque ele ganhou proje��o pol�tica. A tens�o vai s� aumentar com governadores e o Congresso, al�m do Supremo", acrescentou o analista, que prev� a possibilidade de um agravamento das tens�es caso o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, decida endurecer as medidas de quarentena no estado semana que vem.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu esta semana que estados e munic�pios t�m autonomia para decidir quais medidas devem ser adotadas para enfrentar a pandemia.