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Estado de Minas NO MAR

Volunt�rias pedem � ONU ajuda a tripulantes presos em navios

Tr�s mulheres, incluindo uma brasileira, formam comit� volunt�rio que tenta a repatria��o de trabalhadores retidos devido � pandemia de coronav�rus


postado em 20/05/2020 15:11 / atualizado em 20/05/2020 16:03

Thaís Souza desistiu de trabalhar em navios de Cruzeiro pela falta de perpectivas profissionais. Agora, tenta ajudar quem não consegue voltar para casa(foto: Arquivo pessoal)
Tha�s Souza desistiu de trabalhar em navios de Cruzeiro pela falta de perpectivas profissionais. Agora, tenta ajudar quem n�o consegue voltar para casa (foto: Arquivo pessoal)
Os tripulantes presos em navios ao redor do mundo, que chegam a quase 100 mil s� em cruzeiros, est�o recebendo o apoio de quem est� em terra firme para tentar superar o momento dif�cil.
H� pessoas cobrando das autoridades uma solu��o para o problema, causado pela pandemia de COVID-19. Entre elas, a brasileira Tha�s Souza, de 35 anos.

Paulista de Jundia�, Tha�s trabalhou por quase tr�s anos em cruzeiros ao redor do mundo, quando conheceu de perto a dura realidade dos profissionais do setor. At� por isso, se voluntariou para tentar ajudar.

Ao lado de duas amigas, uma delas tamb�m ex-tripulante, vem acionando diversos �rg�os tanto do Brasil quanto de outros pa�ses. A �ltima iniciativa foi uma carta aberta direcionada � Organiza��o das Na��es Unidas (ONU).

“N�s, abaixo-assinados, escrevemos para voc� em nome dos aproximadamente 80.000 funcion�rios de navios de cruzeiro e 150.000 funcion�rios de navios de carga que est�o presos no mar devido � pandemia global. A maioria desses tripulantes de navios de cruzeiro n�o est� mais trabalhando, n�o est� sendo paga e n�o pode voltar para casa. Atualmente, muitos navios cargueiros t�m in�meros funcion�rios que est�o atrasados para a mudan�a de tripula��o, vivem em condi��es muito restritas e t�m recursos limitados para defend�-los”, diz o documento, endere�ado ao Ant�nio Guterres, secret�rio-geral da ONU.

Uma das situa��es mais urgentes s�o os navios pr�ximos aos Estados Unidos, pois o Centro de Controle e Preven��o de Doen�as (CDC, na sigla em ingl�s) exige uma s�rie de medidas consideradas inexequ�veis pelas empresas de navega��o. Tamb�m exige que os tripulantes fiquem at� 21 horas por dia em suas cabines, muitas delas sem janelas. 

“A situa��o a bordo dos navios � terr�vel. Houve greves de fome, suic�dios e protestos. Os voos fretados s�o reservados e cancelados, e os membros da tripula��o n�o s�o informados dos planos”, seguem as volunt�rias na carta. “Acreditamos que a ONU poderia ajudar os pa�ses envolvidos a encontrar uma solu��o. (...) Entendemos as preocupa��es do CDC e de todos os pa�ses envolvidos, mas n�o podemos fechar os olhos para o que est� acontecendo a bordo desses navios. Esse � um assunto urgente que precisa de aten��o mundial.”

Desde o in�cio da pandemia j� foram registrados ao menos quatro suic�dios e uma tentativa entre tripulantes retidos s� em navios de cruzeiro. A cada dia, a afli��o aumenta, e o temor das volunt�rias � que o macabro dado cres�a. 
 

Discrimina��o a bordo 

At� porque as condi��es de trabalho a bordo n�o s�o f�ceis, diferentemente do que muitos podem pensar. “Muita gente pede demiss�o logo nas primeiras semanas a bordo”, atesta Tha�s, atualmente funcion�ria p�blica em Edmont, no Canad�. Entre as dificuldades est�o n�o s� o trabalho duro, mas tamb�m a saudade da fam�lia e de amigos.

Ela pr�pria decidiu voltar � terra firme por n�o concordar com o que via na companhia em que trabalhava. “Em navio � complicado. Voc� v� tratamentos diferentes em fun��o da nacionalidade. Os filipinos, por exemplo, normalmente t�m contratos mais longos, de 11 meses, e ainda ganham bem menos. Os mexicanos, contrato de oito meses e tamb�m ganham menos. J� as pessoas de outros pa�ses fazem contratos de cinco ou seis meses e ganham melhor. A alega��o � de que em pa�ses de moeda mais desvalorizada os trabalhadores n�o precisariam de remunera��o igual todo mundo”, explica.

Tamb�m reclama da falta de um plano de carreira. “N�o h� meritocracia, � raro voc� econtrar algu�m que valorize seu trabalho, que te promova por voc� ser bom no que faz. Tem, sim ‘sexocracia’, se � que a palavra existe. Ent�o quem quer ser promovido, ter uma cabine melhor, uma refei��o melhor, acaba se envolvendo com superiores. Em uma ocasi�o vi um maitre, bem mais velho, abra�ado com duas meninas novinhas no bar e no dia seguinte fiquei sabendo que elas foram transferidas, deixando de carregar bandejas e servir mesas para ficar dando boas-vindas aos passageiros na porta do restaurante. � complicado. Perdi uma vaga nessa hist�ria, apesar de ser uma das melhores candidatadas, n�o fui escolhida”, conta.

Apoio psicol�gico

Para quem ainda est� retido, o momento � de ter calma e procurar ocupar o tempo, seja com atividade f�sica ou mental. Al�m disso, procurar conversar com amigos e buscar ajuda psicol�gica, ainda que � dist�ncia, � importante, desde que tenha internet e/ou sinal telef�nico � disposi��o, o que nem sempre ocorre.

“H� o risco de as coisas irem perdendo o sentido com o passar do tempo. H� outras coisas funcionando, gente se locomovendo, ‘porque eu tenho de ficar aqui’, podem se perguntar”, opina a psic�loga mineira Cl�udia Lobo, que tem feito consultas remotas durante a pandemia.


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