A pandemia de coronav�rus pode levar a uma "crise da balan�a de pagamentos" na Am�rica Latina, porque a economia mundial "est� em coma induzido" - afirmou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, nesta segunda-feira (25).
Em entrevista � AFP, Borrell tamb�m lamentou que, "na Europa, as pessoas n�o est�o cientes" do alcance da crise migrat�ria de venezuelanos, na v�spera de uma confer�ncia de doadores para ajudar esses migrantes e os pa�ses de acolhida.
O espanhol, cuja chegada em dezembro � diplomacia europeia aprofundou o interesse pela Am�rica Latina, tamb�m abordou o "impasse" nos esfor�os para resolver a crise pol�tica na outrora pot�ncia petrol�fera.
Recentemente, o ex-ministro das Rela��es Exteriores espanhol expressou sua preocupa��o com o impacto da pandemia na regi�o, onde o n�mero de mortos passa de 40.000 pessoas.
"A economia mundial est� em coma induzido (...) para preservar a sa�de do paciente, mas isso tem consequ�ncias importantes para a atividade, o emprego e a balan�a de pagamentos. Estamos muito preocupados com isso", frisou.
Para Borrell, uma das solu��es pode se dar por meio de uma interven��o "mais intensa" do Fundo Monet�rio Internacional (FMI).
"Mas, para isso, precisa ser capaz de emitir direitos de saque especiais e, infelizmente, Estados Unidos e algum outro pa�s se opuseram", afirmou.
Questionado sobre a possibilidade de uma morat�ria do pagamento das d�vidas de pa�ses da Am�rica Latina, como proposto para os da �frica, Borrell disse que a resposta cabe aos credores, especialmente "organiza��es financeiras internacionais".
A pandemia "pode afetar os pa�ses de desenvolvimento m�dio na forma de uma nova crise na balan�a de pagamentos", alertou.
"E, na Am�rica Latina, existem, infelizmente, alguns pa�ses candidatos a sofrer esse tipo de crise", declarou, sem citar quais.
- "Resist�ncias" debilitadas -
Por iniciativa da Uni�o Europeia e da Espanha, com o apoio das Na��es Unidas, a comunidade internacional buscar� na ter�a-feira responder aos pedidos de ajuda dos pa�ses que acolhem os cinco milh�es de venezuelanos deslocados.
Em outubro de 2019, houve uma primeira tentativa de dar aten��o a esta crise de deslocados - a segunda mais importante em n�mero depois da S�ria -, mas "foi a pandemia de coronav�rus que trouxe a urg�ncia de agir � mesa", reconheceu Borrell.
Milhares de venezuelanos est�o voltando para seu pa�s, e h� "tens�es ineg�veis", mas "l�gicas" em tempos de "escassez e problemas de sa�de" nos pa�ses anfitri�es, onde "houve alguns atos xen�fobos (...) uma grande novidade na Am�rica Latina", apontou.
"Se retornam para a Venezuela, � porque n�o conseguiram encontrar uma solu��o aceit�vel nos pa�ses anfitri�es, apesar dos esfor�os que fizeram", lamenta o ex-ministro, para quem a "resist�ncia" dos pa�ses de acolhida "foi enfraquecida pela pandemia".
A plataforma de coordena��o de crises liderada pelo Alto Comissariado das Na��es Unidas para os Refugiados (ACNUR) e pela Organiza��o Internacional para as Migra��es (OIM) estima em cerca de US$ 1,41 bilh�o a ajuda necess�ria em 2020 para os migrantes e as comunidades de hospedagem.
A Venezuela vive uma grave crise social, institucional e pol�tica desde 2015, e o segundo mandato de seu presidente, Nicol�s Maduro, n�o � reconhecido por mais de 50 pa�ses.
Para tentar abrir o caminho para uma solu��o pol�tica, os pa�ses da Am�rica Latina e europeus lan�aram em 2019 um Grupo Internacional de Contato (ICG), mas "com pouco sucesso at� agora", reconheceu Borrell.
"Vamos tentar novamente. As circunst�ncias humanit�rias podem ser um est�mulo para que esse di�logo [entre governo e oposi��o] d� frutos", estimou.
