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Estado de Minas

Veja o que se sabe sobre a cloroquina e a hidroxicloroquina no combate � COVID-19


postado em 25/05/2020 17:55

O Brasil generaliza seu uso e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diz que a toma todos os dias, mas a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) suspendeu os testes cl�nicos "temporariamente" porque um novo estudo indica que aumenta os riscos de morte.

O que se sabe sobre a cloroquina e a hidroxicloroquina, apresentadas por alguns como um tratamento milagroso contra a COVID-19?

- O que �?

A cloroquina � prescrita h� v�rias d�cadas contra a mal�ria.

Seu derivado mais tolerado, a hidroxicloroquina (HCQ), � prescrito contra l�pus ou artrite reumatoide. Contra a COVID-19 geralmente se administra a HCQ.

Essas mol�culas conhecidas e baratas suscitaram grandes esperan�as, especialmente na �frica. Mas est�o longe de serem as �nicas testadas. Mais de 800 ensaios cl�nicos procuram avaliar dezenas de tratamentos em potencial, de acordo com a revista m�dica The Lancet.

A hidroxicloroquina teve, desde o final de fevereiro, uma notoriedade sem precedentes desde que o professor Didier Raoult, do Instituto e Hospital Universit�rio de Doen�as Infecciosas de Marselha, no sul da Fran�a, divulgou um pequeno estudo chin�s pouco detalhado, que afirmava que o fosfato de cloroquina mostrava sinais de efic�cia em pacientes infectados com o SARS-Cov2.

A efervesc�ncia em torno da hidroxicloroquina se intensificou quando Trump come�ou a tom�-la diariamente, como medida preventiva.

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro est� convencido de seus efeitos, a ponto de o Minist�rio da Sa�de recomendar seu uso na quarta-feira para todos os pacientes com sintomas leves.

A hidroxicloroquina tornou-se um t�pico altamente divulgado do debate p�blico e pol�tico, provocando discuss�es acaloradas na imprensa e nas m�dias sociais.

- Eficaz contra a COVID-19?

A hip�tese de uma a��o dessas mol�culas contra o novo coronav�rus vem do fato de que suas propriedades antivirais demonstraram - in vitro ou em animais e em diferentes v�rus - resultados �s vezes positivos.

Os estudos tamb�m demonstraram efeitos in vitro para SARS-Cov2, mas resultados cient�ficos in vitro geralmente n�o s�o encontrados nos seres humanos.

Em rela��o � efic�cia humana contra o SARS-Cov2, n�o h� consenso cient�fico devido � falta de tempo suficiente e de estudos realizados de acordo com as regras usuais: randomiza��o (pacientes escolhidos por sorteio), grupo controle (alguns pacientes recebem tratamento, outros n�o), em dupla oculta��o (pacientes e m�dicos n�o sabem quem fez o tratamento e quem recebeu o placebo).

Al�m disso, a maioria desses estudos � realizada em um n�mero limitado de pacientes. Finalmente, um estudo deve ser publicado em uma revista cient�fica ap�s uma releitura cr�tica e subsequente valida��o por outros cientistas, independentes daqueles que realizaram os testes.

At� o momento, n�o existem estudos que atendam a todos esses crit�rios de uma vez e muitos cont�m vieses metodol�gicos mais ou menos importantes.

Raoult publicou v�rios estudos que, em sua opini�o, mostram uma efic�cia da hidroxicloroquina associada ao antibi�tico azitromicina. Para ele, a emerg�ncia de sa�de justifica a administra��o desse medicamento. Ele recomenda a administra��o desse coquetel assim que os primeiros sintomas aparecerem e garante que em seu terceiro estudo, com mais de 1.000 pacientes, ap�s 10 dias, 9 em cada 10 pacientes (91,7%) pararam de apresentar carga viral.

Entretanto, esse n�mero, como o da mortalidade dos pacientes tratados, � compar�vel ao observado no caso de uma evolu��o natural da doen�a.

Entre os vieses metodol�gicos deste estudo, apontados por outros cientistas, um dos principais � que n�o existe um grupo controle, o que impede a demonstra��o da efic�cia da HCQ. Al�m disso, 95% dos pacientes tratados n�o mostraram sinais de gravidade. Assim, como a maioria dos pacientes, eles poderiam ter se curado espontaneamente.

Um estudo realizado em hospitais de Nova York e publicado no in�cio de maio na revista americana NEJM mostra que a hidroxicloroquina n�o melhorou, nem prejudicou significativamente a condi��o de pacientes cr�ticos.

Dois outros estudos recentes, um chin�s e um franc�s, mostram que a HCQ n�o reduz significativamente os riscos de admiss�o em unidades de tratamento intensivo ou morte em pacientes hospitalizados com pneumonia por COVID-19.

Outro estudo, com dados de 96.000 pacientes, publicado sexta-feira no The Lancet, conclui que nem a cloroquina nem a HCQ s�o eficazes contra a COVID-19 em pacientes hospitalizados, e que essas mol�culas aumentam o risco de morte e de arritmia card�aca.

Este � o "primeiro estudo em larga escala" a mostrar "s�lida evid�ncia estat�stica" de que esses tratamentos "n�o beneficiam pacientes de COVID-19", disse o principal autor do estudo, Dr. Mandeep Mehra, professor de Medicina da Harvard Medical School.

Ap�s a publica��o deste estudo, a OMS anunciou nesta segunda-feira a suspens�o "tempor�ria" de ensaios cl�nicos com hidroxicloroquina, realizados em v�rios pa�ses, como medida de precau��o.

- Os riscos

A cloroquina especialmente, mas tamb�m a hidroxicloroquina, s�o medicamentos cujos efeitos colaterais podem ser importantes e at� graves.

A ag�ncia francesa ANSM alertou especialmente sobre os riscos card�acos associados � combina��o de HCQ e azitromicina.

A Ag�ncia Sueca de Medicamentos proibiu a prescri��o de cloroquina e hidroxicloroquina para a COVID-19 em 2 de abril devido a dados insuficientes sobre sua seguran�a.

Como o conhecimento � muito limitado, a Ag�ncia Europeia de Medicamentos considera que esses medicamentos devem ser "usados apenas para ensaios cl�nicos ou programas de emerg�ncia", no �mbito de protocolos rigorosos validados em cada pa�s.

Da mesma forma, o estudo publicado em 22 de maio na The Lancet recomenda restringir esses tratamentos a ensaios cl�nicos.

- Quem utiliza e em qual caso?

Essas mol�culas - geralmente HCQ e mais raramente cloroquina - s�o administradas a pacientes com COVID-19 em muitos pa�ses.

Muitas vezes, contudo, se limita a ensaios cl�nicos e geralmente dentro do hospital, apenas para casos graves.

No entanto, desde a �ltima quarta-feira, o Minist�rio da Sa�de do Brasil recomenda o uso de cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes com COVID-19.

Segundo o Minist�rio, na falta de estudos completos que demonstrem os benef�cios dessas mol�culas para o tratamento da COVID-19, a decis�o de prescrev�-las cabe ao m�dico, com o consentimento do paciente.

Nos Estados Unidos, a ag�ncia de medicamentos (FDA) autorizou seu uso, mas apenas no hospital, "de maneira adaptada, quando um ensaio cl�nico n�o estiver dispon�vel ou for vi�vel". Jamais de forma preventiva, como Trump se gaba de fazer.

Al�m dos ensaios cl�nicos, a Fran�a restringiu o uso de hidroxicloroquina apenas ao hospital e somente para casos graves, por decis�o colegiada dos m�dicos.

No Senegal, muitos pacientes com coronav�rus receberam hidroxicloroquina em hospitais. O medicamento tamb�m � usado no Chade, na S�ria, Arg�lia e no Marrocos.

Na R�ssia, � distribu�do aos hospitais para tratar pacientes que apresentaram resultados positivos ou suspeitos de estarem infectados.

O estudo europeu (Discovery), que testa quatro tratamentos, incluindo a hidroxiclocloquina, e que gerava grandes esperan�as, � mais complicado do que o previsto, principalmente devido � falta de pacientes.

Provavelmente n�o haver� conclus�es dentro de v�rias semanas.


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