Trump exige pris�o de manifestantes; pa�ses rivais acusam EUA de 'hipocrisia'

Em reuni�o por videoconfer�ncia, Donald Trump exigiu ontem que os governadores usem a for�a e prendam os manifestantes que tomam as ruas de mais de 130 cidades do pa�s h� uma semana. Os pedidos de repress�o feitos por um presidente acuado na Casa Branca est�o sendo usados por pa�ses rivais, que sempre foram criticados pelos EUA por abusos de direitos humanos, e agora acusam o governo americano de hipocrisia.

"Voc�s precisam dominar a situa��o. Se n�o dominarem, estar�o perdendo tempo. Eles v�o atropel�-los. Voc�s v�o parecer um bando de idiotas", disse Trump aos governadores, segundo �udio divulgado pelo Washington Post. "Voc�s devem prender e julgar as pessoas e elas devem ficar presas por um longo per�odo."

Protestos ontem foram registrados em v�rias partes do mundo. Em Berlim, no s�bado, e em Londres, no domingo, as manifesta��es se concentraram diante da embaixada americana. Em Amsterd�, uma multid�o lotou ontem a Pra�a do Dam, no centro da cidade. Em Paris, os franceses pediam justi�a para Adama Traor�, negro de 24 anos morto pela pol�cia em 2016.

Em pa�ses rivais dos EUA, a onda de viol�ncia virou uma chance de ironizar Trump, principalmente na China, que vinha se queixando da interfer�ncia americana na repress�o aos protestos em Hong Kong. Hua Chunying, porta-voz da chancelaria chinesa, respondeu pelo Twitter a uma mensagem do Departamento de Estado americano com a frase "N�o consigo respirar", usada por George Floyd, negro asfixiado por um policial branco de Minneapolis, epis�dio que desatou a onda de protestos.

"H� diferentes raz�es para os tumultos, mas as semelhan�as s�o avassaladoras: eles desafiam a lei, subvertem a ordem e s�o destrutivos", afirmou Hu Xijin, editor do Global Times, jornal ligado ao governo da China. Em v�deo, Xijin elogia o fato de Pequim ter mantido dist�ncia dos protestos nos EUA, diferentemente do que fizeram os americanos em Hong Kong.

Na China, a imprensa oficial tem tratado a crise como um sinal da decad�ncia americana - que ocorre ao mesmo tempo em que o pa�s acumula mais de 100 mil mortos pela pandemia de covid-19 e 40 milh�es de desempregados. Na sexta-feira, quando chegou a not�cia de que Trump havia sido levado para um bunker na Casa Branca, a hashtag #BunkerBoy chegou ao segundo lugar no Twitter.

Os protestos tamb�m viraram propaganda no Ir�. O chanceler, Mohamed Zarif, publicou no Twitter um comunicado antigo em que o Departamento de Estado dos EUA critica a repress�o iraniana, mas substituindo as men��es ao Ir� pela palavra "Am�rica". At� o aiatol� Ali Khamenei se pronunciou. "Se voc� tem a pele escura, e est� caminhando nos EUA, n�o tenha tanta certeza de que estar� vivo nos pr�ximos minutos", dizia a frase em uma conta ligada ao l�der supremo no Twitter.

"Este n�o � o primeiro de uma s�rie de comportamentos ilegais e de viol�ncia injustificada por parte da pol�cia dos EUA", disse o Minist�rio das Rela��es Exteriores da R�ssia, em comunicado. "O caso se soma � longa hist�ria do Kremlin de assinalar os abusos de direitos humanos nos EUA."

Em Washington, autoridades do governo americano entraram na batalha de propaganda. "A diferen�a entre n�s e muitos pa�ses autorit�rios por a� � que, quando algo como isso ocorre aqui, n�s investigamos", declarou o assessor de Seguran�a Nacional Robert O�Brien, no programa This Week, da rede ABC.

"O problema � que a posi��o de Trump agora n�o � diferente da expressada por outros autocratas", escreveu Ishaan Tharoor, colunista do Washington Post, que lembrou os elogios do presidente americano aos protestos dos "coletes amarelos" na Fran�a, quando Trump usou a revolta para criticar o ativismo ambiental do presidente Emmanuel Macron. (Com ag�ncias internacionais)


As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.