O assassinato do governante J�lio C�sar no ano 44 a. C. desencadeou uma luta pelo poder de quase duas d�cadas que levou � queda da Rep�blica Romana e ao surgimento do Imp�rio Romano.
Os registros hist�ricos indicam que o per�odo foi marcado por avistamentos estranhos no c�u, temperaturas incomumente baixas e fome generalizada. Um novo estudo sugere que a causa disso tudo pode ter sido uma erup��o vulc�nica no Alasca.
A pesquisa foi publicada nesta segunda-feira (22) nas Atas da Academia Nacional de Ci�ncias dos Estados Unidos.
Uma equipe internacional de cientistas e historiadores usou an�lise de cinzas vulc�nicas (tefra), encontradas em testemunhos de gelo no �rtico para vincular o inexplic�vel per�odo de clima extremo no Mediterr�neo com a erup��o do vulc�o Okmok no Alasca, no ano 43 a.C.
"Encontrar provas de que um vulc�o do outro lado da Terra entrou em erup��o e contribuiu efetivamente para o desaparecimento dos romanos e dos eg�pcios e o surgimento do Imp�rio Romano � fascinante", disse o autor principal do estudo, Joe McConnell, do Instituto de Pesquisas do Deserto (DRI) em Reno, estado de Nevada.
O advento do Imp�rio Romano tamb�m p�s um fim � dinastia ptolomaica, a �ltima dos fara�s eg�pcios.
"Certamente mostra qu�o interconectado era o mundo inclusive h� 2.000 anos", acrescentou McConnell.
Ele e o su��o Michael Sigl come�aram a estudar o assunto quando encontraram no ano passado uma camada de cinzas em um estado estado de conserva��o bom e pouco frequente dentro de uma amostra de gelo.
Depois foram feitas medi��es em testemunhos de gelo na Groenl�ndia e na R�ssia, alguns dos quais foram perfurados na d�cada de 1990 e armazenados em arquivos.
Ent�o, conseguiram distinguir duas erup��es distintas: um evento poderoso, mas localizado e de curta dura��o no come�o do ano 45 a.C., seguido de um fato muito mais longo e estendido no ano 43 a.C., cujas consequ�ncias duraram mais de dois anos.
- Coincid�ncia perfeita -
Os pesquisadores fizeram uma an�lise geoqu�mica em amostras de cinzas encontradas no gelo da segunda erup��o e estas coincidiram perfeitamente com o evento Okmok, uma das maiores erup��es dos �ltimos 2.500 anos.
"A coincid�ncia da tefra n�o podia ser melhor", disse o vulcan�logo Gill Plunkett, da Queen's University de Belfast.
A equipe reuniu mais provas provenientes de outras partes do mundo, de registros clim�ticos obtidos a partir de an�is de �rvores na Escandin�via a forma��es de cavernas no nordeste da China.
Estes dados foram introduzidos em um modelo clim�tico, que sugeria que os dois anos posteriores � erup��o foram os mais frios do hemisf�rio norte em 2.500 anos.
As temperaturas com m�dias sazonais podem ter sido at� sete graus Celsius abaixo do normal durante o ver�o e o outono depois da erup��o, com precipita��es no outono que chegam a 400% do n�vel normal no sul da Europa.
"Na regi�o mediterr�nea, estas condi��es �midas e extremamente frias durante a primavera agr�cola e as temporadas de outono provavelmente reduziram o rendimento dos cultivos e agravaram os problemas de abastecimento durante as turbul�ncias pol�ticas em curso neste per�odo", disse o arque�logo cl�ssico Andrew Wilson, da Universidade de Oxford.
Tamb�m coincidiram no fracasso do Nilo para inundar as plan�cies e as subsequentes ondas de doen�a e fome, acrescentou o historiador da Universidade de Yale, Joe Manning.
- Estranhos avistamentos-
A erup��o tamb�m pode explicar fen�menos atmosf�ricos incomuns observados nos registros da �poca, como halos solares, o sol escurecendo no c�u ou tr�s s�is que aparecem no c�u, um fen�meno conhecido como um 'c�o solar'.
Mas os autores acrescentaram que muitas destas observa��es ocorreram antes da erup��o no Alasca e poderiam estar relacionadas com outra erup��o menor, do monte Etna no ano 44 a. C.
McConnell sustentou que embora muitos fatores tenham contribu�do para a queda da Rep�blica Romana e o Reino Ptolemaico, a erup��o do Okmok teve um papel importante para a sua crise e al�m disso, agora ajuda a preencher um v�cuo de conhecimento que tinha desconcertado os historiadores.