Oito meses depois de registrar quatro casos de peste bub�nica, a Mong�lia Interior, na China, teme um surto da doen�a, com a confirma��o, pelo Centro Nacional de Controle Zoon�tico, de que 650 pessoas tiveram contato direto ou secund�rio com duas pessoas que testaram positivo para a Yersinia pestis, bact�ria causadora da enfermidade.
A cidade de Khov e a regi�o hom�nima foram isoladas, para evitar uma epidemia. A forma pneum�nica — a mais severa da peste — pode ser transmitida entre humanos por meio da inala��o de part�culas contaminadas. Segundo as autoridades locais, as v�timas, que se encontram em tratamento, s�o um homem de 37 anos e uma mulher cuja idade n�o foi revelada.
H� pelo menos 5 mil anos, a Y.pestis circula no mundo. Em 2011, testes gen�ticos realizados em v�timas da peste negra, que devastou a Europa em meados do s�culo 14, identificaram a bact�ria como causadora da epidemia medieval.
Nos desertos e estepes asi�ticos, segundo um artigo cient�fico publicado na revista Biosseguran�a e Sa�de por pesquisadores do Centro Geral de Controle e Preven��o de Doen�as da Mong�lia Interior (regi�o aut�noma chinesa entre a Mong�lia e a China), o primeiro registro da enfermidade � de 1644.
Entre 1901 e 1949, houve 41 surtos, com, pelo menos, 80 mil mortes. A regi�o aut�noma chinesa estava livre da peste desde 2004, mas, em novembro do ano passado, quatro pessoas foram infectadas.
Roedores Assim como nos casos de 2019 da Mong�lia Interior, os dois confirmados, agora, na Mong�lia, s�o de indiv�duos que vivem em locais onde h� grande circula��o de roedores, os hospedeiros naturais das pulgas infectadas com a Y. pestis.
No estudo publicado na Biosseguran�a e Sa�de, os pesquisadores destacam que 15 cepas da praga foram detectadas em 10 esquilos-da-mong�lia e em cinco tipos de pulgas em Sunitezuo Banner, regi�o de duas das quatro v�timas da doen�a — um casal — em novembro passado.
“Ambos s�o pastores e vivem em casas de adobe com condi��es sanit�rias pobres, com pilhas de junco em todos os lugares”, informaram os cientistas. Os outros dois pacientes tamb�m tiveram contato com animais.
O homem esfolou e cozinhou uma lebre, enquanto a mulher pastoreou o rebanho nos 10 dias anteriores aos primeiros sintomas. Ela contou que notou marcas de picadas de pulga no peito, nas costas, e nas extremidades superior e inferior do corpo.
Apesar da gravidade da peste bub�nica — at� 100% dos infectados morrem, caso n�o sejam tratados —, o artigo cient�fico mongol demonstrou que, ao menos nos casos de 2019, nenhuma das pessoas que tiveram contato com os pacientes foram contaminados pela Y.pestis. Ainda assim, os autores recomendam “que uma preven��o estrita do espalhamento da infec��o entre humanos seja a prioridade m�xima” das autoridades de sa�de dessa regi�o asi�tica.
No mundo, segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), h� de mil a 2 mil casos anuais de peste bub�nica. Desde o s�culo passado, a doen�a foi detectada em 38 pa�ses, incluindo o Brasil, com epidemias registradas no Peru, em Madagascar (a mais recente, entre o fim de 2017 e o in�cio de 2018, com 2.575 casos e 221 �bitos) e na Rep�blica Democr�tica do Congo, onde foram registrados 10 casos at� 16 de junho, com quatro mortes.
At� 100% letal Em meados do s�culo 14, calcula-se que de 30% a 50% da popula��o europeia tenha sido eliminada pela epidemia Y. pestis
» O que �: a bact�ria causadora do tipo de peste mais comum globalmente. � transmitida pela mordida de uma pulga infectada, geralmente hospedada em roedores. O bacilo entra no organismo e viaja pelo sistema linf�tico, reproduzindo-se no linfonodo mais pr�ximo. Transmiss�o entre humanos ocorre na forma mais grave, quando o paciente desenvolve pneumonia
» Sintomas: febre s�bita, tremores, dores corporais, fraqueza, v�mitos. Linfonodos inflamados (os “bubos”) podem aparecer. O tratamento � com antibi�ticos e, se iniciado cedo, a chance de cura � alta. Mas, se n�o tratada, a peste mata de 30% a 100% dos pacientes
» Onde ocorre: � encontrada em todos os continentes, mas Madagascar, Peru e Rep�blica Democr�tica do Congo s�o os principais pa�ses end�micos, segundo a OMS
Fonte: Organiza��o Mundial da Sa�de