
A m�dica, que trabalha durante o dia em um laborat�rio hospitalar onde s�o analisados os testes de COVID-19, abriu seu ref�gio em um bairro rico da capital indon�sia h� uma d�cada. Naquela �poca, salvava um ou dois c�es toda semana de cair em um a�ougue. Mas, nos �ltimos tempos, essa propor��o aumentou para mais de 20 c�es por semana.

Susana Somali e sua equipe de trinta pessoas do Abrigo de Animais Pejaten t�m dificuldades em arcar com os custos de cuidar de tantos animais, enquanto as doa��es s�o escassas. O abrigo precisa de cerca de US $ 29.000 por m�s, contando os sal�rios dos funcion�rios e meia tonelada de carne por dia para alimentar os c�es.
No complexo de 54.000 metros quadrados, coexistem c�es de v�rias ra�as, de huskies a pit bulls a pastores alem�es. Somali abriu o abrigo em 2009. Ela decidiu salvar os c�es depois de ver o v�deo de uma cadela gr�vida que seria sacrificada.
"Algu�m postou as imagens da cachorrinha chorando nas redes sociais e meus olhos ficaram emba�ados", lembra. "Naquele momento, percebi o que os a�ougueiros estavam fazendo".

C�o � uma especialidade culin�ria valorizada principalmente por minorias n�o mu�ulmanas. Os mu�ulmanos, que representam 90% da popula��o, quase nunca t�m c�es como animais de estima��o, porque esse animal � considerado impuro pelo Isl�. Para Ria Rosalina, uma mu�ulmana que trabalha no abrigo, nem sempre � f�cil explicar por que ela se dedica ao resgate de c�es.
"Muitas pessoas me perguntam por que eu cuido de c�es se eu uso hijab", diz. "Mas eu digo que os c�es foram criados por Deus, como os seres humanos".Os traficantes de carne tamb�m representam um problema crescente em outras regi�es do arquip�lago.
"Os animais agora est�o mais amea�ados. Pessoas de baixa renda podem ser tentadas a vender seus animais de estima��o", diz Katherine Polak, veterin�ria da Four Paws Association. H� v�rios anos, ativistas pedem ao governo que pro�ba a venda de carne de cachorro.
"Acabar com a comercializa��o de carne de cachorro seria um sonho, mas tudo come�a com um sonho", diz Susana Somali, que se declara determinada a "continuar lutando".