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Estado de Minas EFEITOS DA PANDEMIA

Ap�s meses 'presa' no Brasil, mo�ambicana conseguir� retornar ao pa�s natal

Em corrida contra o tempo, Carmen Augusto quer voltar ao seu pa�s para buscar documentos e partir rumo ao continente europeu para o sonhado do mestrado


30/07/2020 14:30 - atualizado 30/07/2020 15:04

Do sonho à angústia: antes da pandemia, primeiros dias de Carmen no Brasil foram de absoluta alegria.(foto: Carmen Augusto/Arquivo Pessoal)
Do sonho � ang�stia: antes da pandemia, primeiros dias de Carmen no Brasil foram de absoluta alegria. (foto: Carmen Augusto/Arquivo Pessoal)
Quando chegou ao Brasil, em fevereiro, a mo�ambicana Carmen Augusto, 27, sequer imaginava permanecer no pa�s por quase um semestre. A pandemia do novo coronav�rus mudou os planos da jovem e, assim, a viagem de f�rias virou pesadelo. A corrida contra o tempo para voltar � terra natal e se reorganizar, contudo, parece estar perto da linha de chegada. Ela conseguiu um voo em dire��o ao aeroporto de Maputo, capital de Mo�ambique, e deve partir nesta quinta-feira.

Carmen precisa estar em Londres, na Inglaterra, at� 21 de setembro, sob o risco de perder bolsa de mestrado em uma das mais conceituadas escolas de Economia do mundo. Viajar at� a Europa sem passar por Mo�ambique � invi�vel. Documentos e materiais necess�rios para o come�o do mestrado est�o no pa�s africano.

O retorno estava programado para 4 de abril, mas a COVID-19 “prendeu” Carmen no pa�s. Depois do voo original, ela, que come�ou a estadia em solo brasileiro no Rio de Janeiro e agora vive com uma amiga em S�o Paulo, tentou embarcar diversas outras vezes. Todas sem sucesso.

Al�m de complicar a vida acad�mica de Carmen, a pandemia fez com que a mo�a ficasse ainda mais tempo longe dos parentes. “Queria passar um tempo no Brasil e, depois voltar � Mo�ambique para ficar com minha fam�lia e organizar os documentos para o mestrado”, diz ela, que veio dos Estados Unidos, onde trabalhava. O emprego foi deixado em prol do “sonho ingl�s”.

Tentativas frustradas

Durante o per�odo sem voos diretos para Mo�ambique, Carmen passou a tentar viagens com escala. Entretanto, pa�ses como �frica do Sul, Zimb�bue e Malawi vetaram a entrada dela. Com a pandemia, os requisitos para o desembarque em determinadas na��es foram endurecidas. “Nenhum desses pa�ses me aceitou, pois n�o sou cidad� local”, lamenta.

Para piorar, o passaporte vence em 17 de agosto, o que impede a aceita��o das escalas por parte das companhias a�reas. Depois, a ideia passou a ser utilizar a Tanz�nia como “ponte”. Por conta da validade do passaporte, ela s� poderia viajar munindo um documento emergencial, fornecido pela embaixada de Mo�ambique no Brasil. Sem o atestado, n�o h� como desembarcar em terras tanzanianas.

Quando o Estado de Minas tomou conhecimento da hist�ria de Carmen, ela tentava entrar na Tanz�nia de outro modo. O plano era conseguir um documento, em ingl�s, feito pela embaixada mo�ambicana e assinado pela representa��o tanzaniana.

Em contato com a reportagem, contudo, o setor consular da embaixada da Tanz�nia explicou que basta a “autoriza��o de emerg�ncia” fornecida por Mo�ambique. Como os dois pa�ses comp�em a Comunidade para o Desenvolvimento da �frica Austral (SADC), o visto n�o � necess�rio. O mesmo ocorre, por exemplo, em viagens entre pa�ses do Mercosul, do qual o Brasil faz parte.

Antes de chegar � Tanz�nia, os voos sa�dos de S�o Paulo passam pelo Catar, na �sia. Ao longo do processo de apura��o desta mat�ria, o EM tentou contatar a representa��o mo�ambicana em Bras�lia, mas n�o obteve respostas concretas sobre o imbr�glio que envolvia Carmen.

Apreens�o

Carmen se preparou para uma viagem de f�rias e, portanto, ficou “desprevenida”. Sem trabalho e dividindo resid�ncia, ela precisou “queimar” parte das reservas financeiras destinadas ao mestrado para sobreviver. A s�rie de voos cancelados ainda gerou transtornos na busca pelo reembolso. “Foi um sacrif�cio falar com as linhas a�reas para reaver meu dinheiro”, pontua. 

Ela conta que a Escola de Economia e Ci�ncia Pol�tica de Londres nada p�de fazer para ajud�-la. Outros alunos tamb�m relataram dificuldades para viajar rumo � Inglaterra. Como � imposs�vel amparar todos os casos, a institui��o optou por n�o interferir.

“Lutei muito para conseguir. Vim de uma fam�lia que n�o tem muito. Isso � uma oportunidade para mim, especialmente como mulher negra e mo�ambicana. � sempre bom ter educa��o. Esse � um dos meus sonhos” crava, sem medo de errar.


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