'Achei que fosse um ataque', diz brasileira sobre explos�es em Beirute
Estudante Isabella Hijazi, que mora a cerca de 10 minutos do porto, conta que viu a explos�o da janela do seu apartamento; grupo Hezbollah negou ter qualquer envolvimento
Foto tirada da janela do apartamento da estudante Isabella Hijazi, de 20 anos, moradora de Beirute (foto: Arquivo pessoal)
A paranaense Isabella Hijazi, de 20 anos, estava sozinha na sala do seu apartamento, a 3km do porto do Beirute, capital do L�bano, quando viu pela janela a explos�o que atingiu a cidade na tarde desta ter�a-feira (4/8). A explos�o, que abalou edif�cios inteiros e quebrou vidros, foi sentida em v�rias partes da capital e at� em pa�ses vizinhos, como o Chipre.
Segundo uma autoridade de seguran�a libanesa, a fatalidade, que deixou ao menos 75 mortos e 2.750 feridos, pode estar ligada a "materiais explosivos" confiscados e armazenados em um armaz�m "por anos". Ao Correio, o c�nsul honor�rio do L�bano em Goi�s, Hanna Mtanios, definiu o momento como de "muitas incertezas". Imagens registradas por moradores de Beirute, e cedidas ao Correio, mostram o rastro de destrui��o ap�s as duas explos�es
Isabella contou que estava assistindo tev� quando o ch�o come�ou a tremer. "Eu fiquei assustad�ssima. E da�, uns tr�s segundos depois que o ch�o come�ou a tremer, veio um vento muito forte. As janelas todas abriram e as minhas cortinas voaram e rasgaram. Chegou a empurrar o sof� de t�o forte que foi." A estudante de psicologia � moradora de Beirute h� tr�s anos e conta que nunca viu nada parecido acontecer na regi�o.
"No momento em que ocorreu a explos�o, eu fiquei muito assustada, porque aqui a gente vive com medo de ser atacado por Israel. Ent�o, eu fiquei muito assustada mesmo. Primeiro, eu achei que era um terremoto e depois eu pensei: "Pode ser um ataque", afirmou a jovem, devido ao hist�rico de ataques politicamente motivados no pa�s.
Mesmo passados mais de sete horas do acidente, a estudante diz que o sentimento de medo ainda paira pela capital. "Teve muita morte. Cada hora aumenta o n�mero de gente que foi achada morta. A gente v� aqui na televis�o ao vivo tudo o que est� acontecendo e s� tem gente machucada, com o ouvido sangrando, gente perdida por todo lado", conta. "A situa��o est� bem feia. E os hospitais, principalmente os que estavam pr�ximos do lugar, est�o totalmente acabados. N�o tem como usar eles de maneira alguma."
Relato de um liban�s
O liban�s Jos� Carlos, de 40 anos, que atua como guia tur�stico em Beirute h� sete anos, descreveu ao Correio um cen�rio catastr�fico na capital, ap�s a imensa cortina de fuma�a se dissipar. Segundo o morador, por volta das 18h — 12h no hor�rio de Bras�lia —, ele sentiu o pr�dio em que estava tremer. "Houve uma enorme explos�o. Eu senti no meu peito enquanto a casa tremia por toda a parte. De repente, logo ap�s a primeira, houve uma segunda explos�o", disse.
O guia, contudo, n�o tinha percebido do que se tratava a explos�o, nem onde ela teria acontecido. Ele imaginara que fosse a queda de um avi�o, porque "foi muito perto do pr�dio" em que ele estava. "A explos�o, que pareceu com Hiroshima, de t�o forte que era, foi sentida at� no Chipre, no sul, no norte do L�bano. Todos me mandando mensagem querendo saber se estou bem, se minha fam�lia est� bem, porque foi muito, muito forte", afirmou.
"Muitas pessoas perderam a vida e muitas pessoas est�o feridas. Ainda n�o sabemos o n�mero exato, mas tamb�m tem muitos edif�cios, lojas, carros e janelas que foram destru�dos pela explos�o", completou. Jos� Carlos � filho de uma brasileira e morou muitos anos no Brasil.
Ver galeria . 21 FotosExplos�es causaram destrui��o e deixaram feridos em regi�o portu�ria de Beirute
(foto: STR/AFP )
Nota Itamaraty
O Minist�rio das Rela��es Exteriores divulgou nota oficial. Segundo o comunicado, "n�o h�, at� o momento, not�cia de cidad�os brasileiros mortos ou gravemente feridos" no incidente.
Na nota, o Itamaraty tamb�m informou que est� pronto para prestar as assist�ncias necess�rias e declarou que se solidariza "com o povo e o governo do L�bano pelas v�timas fatais e pelos feridos atingidos pelas graves explos�es".
Grupo Hezbollah
O grupo Hezbollah negou ter qualquer envolvimento com as explos�es registradas nesta ter�a-feira.
A possibilidade da participa��o do grupo foi levantada em raz�o de uma outra explos�o, registrada em 14 de fevereiro de 2005, quando uma caminhonete carregada de explosivos atingiu o comboio do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, matando-o com outras 21 pessoas e ferindo mais de 200.
Assim como nesta ter�a, a explos�o em 2005 causou chamas de v�rios metros de altura, quebrando as janelas dos pr�dios em um raio de meio quil�metro.