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Estado de Minas

D�ficit de saneamento b�sico agrava pandemia no Brasil


07/08/2020 09:07 - atualizado 07/08/2020 18:28

 

Lavar as m�os com frequ�ncia � uma das principais recomenda��es para evitar a infec��o pelo novo coronav�rus. Mas no Brasil, onde 35 milh�es de pessoas n�o t�m acesso a �gua pot�vel, esta medida n�o � t�o simples de cumprir.


Sem contar que 100 milh�es dos quase 212 milh�es de brasileiros vivem sem sistema de esgoto sanit�rio e suas �guas residuais s�o lan�adas sem tratamento na rua ou em rios, lagos e no mar.


Um d�ficit hist�rico de saneamento b�sico, com graves consequ�ncias para a sa�de e o meio ambiente, que a principal economia latino-americana pretende reparar at� 2033 com uma lei controversa sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, que abre o caminho para a privatiza��o das estatais de �gua e esgoto.


A 15 km do Pal�cio do Planalto, em Bras�lia, muitos dos cerca de 16.000 habitantes da comunidade Santa Luzia extraem clandestinamente �gua da rede p�blica.


"Agora � mais ainda, �gua ou vida", explica � AFP a moradora Poliana Feitosa, 22 anos, enquanto mostra um tanque enterrado na entrada de sua casa neste assentamento irregular de casebres de tijolos, madeira e tetos de zinco.


A sensa��o de car�ncia se aprofundou com a pandemia, que, no Brasil, j� deixou quase 3 milh�es de infectados e se aproxima das 100.000 mortes.


"O que eles querem que eu fa�a? Queremos viver com dignidade, ter servi�os b�sicos e pagar por eles", diz a mulher. Apesar de tudo, Poliana Feitosa est� entre os afortunados, porque a �gua chega � sua casa com certa intensidade e frequ�ncia atrav�s de um cano ligado por seu marido � tubula��o da rede de distribui��o. Muitos outros usam �gua n�o tratada de po�os artesianos, mananciais ou �gua da chuva, que acumulam em pequenos dep�sitos.


- Flagelo de pobres e ricos -


Tamb�m sem rede de esgoto, os vizinhos de Santa Luzia, nos arredores de um antigo lix�o fechado h� anos, acumulam as �guas residuais em buracos fechados com cimento, que ser�o absorvidas pelo subsolo, ou se livram delas a c�u aberto, sobretudo a �gua do chuveiro ou de lavar lou�a. Suas ruas de terra s�o rasgadas por pequenos veios de �gua turva, que, �s vezes, produzem um cheiro forte.


Em comunidades sem estrutura de saneamento b�sico, h� um risco maior de transmiss�o de doen�as, explica � AFP Jos� David Urb�ez, infectologista do Hospital Regional da Asa Norte, em Bras�lia. "N�o ter esgoto para �guas residuais, que, no fim, se misturam �s fontes de �gua limpa, pode veicular part�culas virais que permanecem na �gua", acrescenta Urb�ez, m�dico venezuelano radicado no Brasil h� d�cadas.


O Instituto Trata Brasil, uma organiza��o da sociedade civil que promove o avan�o do saneamento b�sico, lembra que a falta de rede de esgoto tamb�m afeta bairros ricos, como o Morumbi, em S�o Paulo, e a Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. "O �nico diferencial � que voc�, muitas vezes, n�o v� o esgoto no bairro rico, muitas vezes ele � afastado, colocam uma tubula��o que conecta � sua casa e coleta num rio", explica � AFP seu presidente, Edison Carlos.


"Muitas vezes, o pr�prio condom�nio faz uma fossa e a liga com uma tubula��o a um rio ou um lago. Para os moradores, parece que est� tudo bem, mas para o meio ambiente, n�o. H� contamina��o 24 horas por dia na natureza, porque o esgoto n�o para", acrescenta.


- P�blico versus privado -


Edison Carlos explica que o d�ficit "hist�rico" de saneamento b�sico � consequ�ncia da falta de investimentos no planejamento urbano, da indiferen�a do governo da vez e da m� gest�o, da corrup��o, do nepotismo e da situa��o financeira dram�tica das empresas p�blicas. "O Brasil perde 38% da �gua pot�vel antes de a mesma chegar �s casas, sobretudo por vazamentos (devido a tubula��es velhas), roubos, medidores muito antigos", lamenta.


O Novo Marco de Saneamento, sancionado em julho por Bolsonaro, prev� levar �gua pot�vel a 99% dos brasileiros e rede de esgoto a 90%, para o que ser�o necess�rios 700 bilh�es de reais. Um bolo gigantesco, que poder� ser repartido entre empresas privadas, o que gera resist�ncia daqueles que veem na privatiza��o potenciais preju�zos aos consumidores.


E que promete ser, especialmente nestes tempos de pandemia, um assunto-chave nas elei��es municipais de novembro, vistas por muitos como um plebiscito de metade de mandato para Bolsonaro.

 

(foto: AFP)
(foto: AFP)
 

 


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