
O primeiro-ministro do L�bano, Hassan Diab, anunciou sua ren�ncia ao cargo. Em meio a uma crise econ�mica, ele ficou ainda mais fragilizado depois da grande explos�o que matou 163 pessoas e deixou 6 mil feridos no porto de Beirute, na ter�a-feira passada, causando tamb�m onda de protestos e insatisfa��o popular. Em seu discurso de despedida, Diab atribuiu a explos�o � corrup��o e disse esperar investiga��o s�ria. Dois ministros j� haviam anunciado ren�ncia no pa�s, enfraquecendo ainda mais uma classe pol�tica responsabilizada pela trag�dia no porto de Beirute, enquanto a indigna��o nas ruas n�o diminui.
Quase uma semana depois, as autoridades, acusadas de corrup��o, neglig�ncia e incompet�ncia, ainda n�o responderam � principal pergunta: por que uma grande quantidade de nitrato de am�nio estava armazenada no porto, no cora��o da cidade?. As explos�es foram provocadas por um inc�ndio no armaz�m onde 2.750 toneladas de nitrato de am�nio estavam armazenadas havia seis anos sem "medidas de preven��o", segundo admitiu o pr�prio primeiro-ministro. O presidente Michel Aoun, cada vez mais contestado, rejeitou uma investiga��o internacional. E as autoridades n�o informaram sobre o andamento da investiga��o local.
Diante da magnitude da trag�dia e da raiva de uma popula��o cansada, os ministros das Finan�as, Ghazi Wazni, e a ministra da Justi�a, Marie-Claude Najm, anunciaram ontem tamb�m suas ren�ncias, o que eleva a quatro os pedidos de demiss�o de integrantes do Executivo ap�s a trag�dia. No domingo, a ministra da Informa��o, Manal Abdel Samad, e o ministro do Meio Ambiente, Damianos Kattar, deixaram o governo. Nove deputados tamb�m renunciaram aos cargos.
"A ren�ncia de ministros n�o � suficiente. Eles devem ser responsabilizados", disse Michelle, uma jovem manifestante que perdeu uma amiga na explos�o. "Queremos um tribunal internacional que nos diga quem os matou, porque eles (os l�deres pol�ticos) v�o encobrir o caso", completou. Em caso de ren�ncia de at� sete ministros, isso significaria a dissolu��o do atual governo, mas Hassan Diab afirmou que estaria disposto a permanecer dois meses no cargo at� a organiza��o de elei��es antecipadas em um pa�s dominado pelo movimento armado do Hezbollah, um aliado do Ir� e do regime s�rio de Bashar al-Assad.
Durante as manifesta��es de s�bado e domingo, reprimidas pelas for�as de seguran�a, os manifestantes pediram "vingan�a" contra a classe pol�tica totalmente desacreditada ap�s a trag�dia em um pa�s j� atingido por uma crise econ�mica sem precedentes agravada pela epidemia de COVID-19. Elei��es antecipadas n�o s�o uma das principais reivindica��es das ruas, j� que o Parlamento � controlado por for�as tradicionais que elaboraram uma lei eleitoral cuidadosamente calibrada para servir aos seus interesses.
"Todos significa todos", proclamaram nos �ltimos dois dias os manifestantes, apelando � sa�da de todos os dirigentes. Ef�gies de muitos deles, incluindo de Michel Aoun e Hassan Nasrallah, l�der do Hezbollah, foram penduradas em forcas durante os protestos. "H� apenas uma pessoa que controla este pa�s, � Hassan Nasrallah", afirmou um dos nove deputados que anunciaram sua ren�ncia, Nadim Gemayel. "Para eleger um presidente, nomear um primeiro-ministro (...) voc� precisa da autoriza��o de Hassan Nasrallah".
No local da explos�o, os socorristas perderam a esperan�a de encontrar mais sobreviventes. Restam menos de 20 pessoas desaparecidas, segundo as autoridades. "Exigimos que as buscas continuem", afirmou nas redes sociais Emilie Hasrouty, cujo irm�o de 38 anos trabalhava no porto e estaria sob os escombros. Na noite de domingo, os moradores acenderam velas em um morro com vista para o porto, para homenagear as v�timas. Ao mesmo tempo, violentos confrontos ocorreram no Centro da cidade, pelo segundo dia consecutivo, entre manifestantes e for�as de seguran�a, que lan�aram bombas de g�s lacrimog�neo e dispararam balas de borracha. A trag�dia da semana passada deu novo espa�o � contesta��o popular desencadeada em 17 de outubro de 2019 para denunciar a corrup��o dos dirigentes, mas que havia perdido o f�lego com a pandemia do coronav�rus.
Ajuda brasileira
O governo Bolsonaro enviar� amanh� uma aeronave KC-390 Millenium, da For�a A�rea Brasileira, que decolar� do Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, com 5,5 toneladas de medicamentos, insumos e equipamentos m�dico-hospitalares e alimentos. Inicialmente, o Itamaraty havia informado que o voo sairia ontem, mas a assessoria do Minist�rio da Defesa informou posteriormente a mudan�a da decolagem do voo por "quest�o de log�stica."O avi�o vai transportar material doado pelo Minist�rio da Sa�de, al�m de medicamentos e alimentos, que foram oferecidos pela comunidade de origem libanesa radicada no Brasil. O presidente Jair Bolsonaro disse ainda que convidou para chefiar a miss�o brasileira o ex-presidente Michel Temer, que � filho de libaneses. N�o ficou claro se Temer seguir� neste voo ou se ir� ao L�bano em outra data. Em nota � imprensa, Temer disse estar honrado com o convite feito por Bolsonaro para chefiar a miss�o. "Quando o ato for publicado no Di�rio Oficial ser�o tomadas as medidas necess�rias para viabilizar a tarefa", diz a nota do ex-presidente.
Segundo nota do Itamaraty, o Minist�rio da Sa�de doou quatro "kits" de atendimento a desastres que cont�m medicamentos e insumos b�sicos de sa�de capazes de prover assist�ncia emergencial para at� 40 mil pessoas, por at� um m�s.