As ren�ncias do primeiro-ministro, Hassan Diab, e de membros do seu gabinete, na segunda-feira, n�o foram suficientes para impedir que libaneses voltassem a ocupar ontem as ruas de Beirute para exigir a sa�da do que consideram uma classe dominante corrupta e reformas urgentes no governo.
Uma semana ap�s a explos�o que deixou mais de 170 mortos e 6 mil feridos, a popula��o se voltou contra o governo, acusado de neglig�ncia. Um protesto com o slogan "Enterre as autoridades primeiro" foi planejado perto do porto, onde o nitrato de am�nio armazenado por seis anos em um galp�o explodiu no dia 4. Os libaneses exigem que os respons�veis sejam levados � Justi�a e responsabilizados pela trag�dia.
Uma imagem circula desde ontem nas redes sociais informando que a crise "n�o termina com a ren�ncia do governo". Ainda h� (o presidente Michel) Aoun, (o presidente do Parlamento Nabih) Berri e todo o sistema", diz a mensagem. "A rep�blica est� desmoronando", foi a manchete de ontem do jornal L�Orient-Le Jour.
Muitas pessoas no L�bano e nas redes sociais acreditam que a ren�ncia de Diab n�o basta. "Foi bom que o governo tenha renunciado, mas precisamos de sangue novo ou n�o funcionar�", disse Avedis Anserlian, diante de sua loja destru�da.
"N�o acho que (a ren�ncia) far� diferen�a. Todos os ministros no L�bano s�o apenas uma cara. Por tr�s disso est�o as mil�cias que controlam tudo", afirmou Rony Lattouf, comerciante, � rede de TV Al-Jazira. "S�o essas mil�cias que decidem as coisas no L�bano.
As pessoas t�m de fazer um movimento poderoso para remov�-las."
Nomeado no final de janeiro, o governo de Diab era dominado por um �nico campo pol�tico, o do movimento xiita Hezbollah e seus aliados. Mesmo antes da explos�o, uma crise econ�mica no L�bano havia elevado os pre�os de produtos b�sicos e deixou muitos enfrentando a perspectiva de fome.
Agora, n�o est� claro quem ficar� respons�vel pela dire��o do pa�s e pelo longa reconstru��o da capital libanesa, uma vez que os preju�zos foram estimados em at� US$ 15 bilh�es, um processo que pode levar anos para ser conclu�do.
Desde o outono de 2019, o pa�s tem sido palco de uma revolta popular sem precedentes, na qual milhares de libaneses saem �s ruas para denunciar as dificuldades econ�micas. que s� se agravam. e uma classe pol�tica sem mudan�as h� d�cadas, acusada de corrup��o e incompet�ncia.
Diab era criticado por sua incapacidade de responder � crise econ�mica, a desvaloriza��o hist�rica da libra libanesa, a escassez de combust�vel e a hiperinfla��o.
Lina Khatib, chefe do Programa para o Oriente M�dio e Norte da �frica do instituto de pol�tica internacional brit�nico Chatham House, disse que a press�o dos manifestantes pode acelerar a forma��o de um novo governo, mas n�o significa necessariamente que a mudan�a vir�.
"A quest�o-chave � se o novo gabinete ser� meramente uma (nova) vers�o do antigo", disse. Embora seja prov�vel que o pr�ximo governo inclua assentos no gabinete para aqueles de fora da classe dominante, h� poucas chances de que eles tenham poder suficiente para realizar uma mudan�a real. "O status quo n�o est� disposto a renunciar totalmente ao poder."
Alternativa
Os libaneses pressionam por reformas o mais r�pido poss�vel, mas o pa�s est� acostumado a debates intermin�veis entre for�as pol�ticas antes da nomea��o de um governo. Citando fontes pol�ticas, o jornal Al-Akhbar, pr�ximo ao Hezbollah, assegura que os governos de EUA, Ar�bia Saudita e Fran�a est�o pressionando pela nomea��o do ex-embaixador Nawaf Salam como chefe de um "governo neutro". O diplomata, que tem grande experi�ncia e representou o L�bano na ONU, foi juiz da Corte Internacional de Justi�a (CIJ). (Com ag�ncias internacionais)
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