Bernie Sanders vira s�mbolo de uni�o democrata na abertura da conven��o

O senador Bernie Sanders se tornou s�mbolo do esfor�o democrata para unir as alas progressista e moderada do partido. Na segunda-feira, 17, na abertura da conven��o, que por causa da pandemia foi realizada pela primeira vez de maneira virtual, Sanders defendeu a candidatura de Joe Biden, que o derrotou nas prim�rias.

O posto de unificador era impens�vel h� quatro anos, quando Sanders manteve a disputa das pr�vias partid�rias at� o fim do processo e carregou o rancor de ter perdido a nomea��o para Hillary Clinton. O clima de divis�o contaminou o eleitorado e ficou exposto na conven��o, realizada na Filad�lfia, que come�ou com vaias ao nome da ex-secret�ria de Estado, que mais tarde enfrentaria Donald Trump - e perderia a elei��o para o republicano.

Ontem, no entanto, Sanders cumpriu o papel que recebeu. A serenidade com que o senador encarou a derrota para Biden reside na confian�a, demonstrada em entrevistas, de que ele consolidou um movimento progressista nos EUA.

Apesar de ter perdido duas disputas pela nomea��o do partido, Sanders se apresenta como vitorioso por ser o maior entusiasta de um movimento progressista que deu espa�o para estrelas como Alexandria Ocasio-Cortez, deputada mais jovem eleita para a C�mara, e para debates sobre acesso p�blico a sa�de e educa��o.

Ao discursar, Sanders pediu um movimento "como nunca visto antes" para defender a democracia e a dec�ncia nos EUA - e eleger Joe Biden. "O pre�o do fracasso � alto demais para imaginar", disse, na primeira noite de conven��o, que foi encerrada pela ex-primeira-dama Michelle Obama.

"Meus amigos, digo a voc�s, a todos que apoiaram outros candidatos nas prim�rias e aos que podem ter votado em Donald Trump. O futuro da nossa democracia est� em jogo. O futuro da nossa economia est� em jogo. O futuro do nosso planeta est� em jogo", disse Sanders.

Candidatos da ala esquerda tiveram uma vit�ria em escala in�dita nas prim�rias do partido deste ano. As quatro deputadas que ficaram conhecidas como parte do "Esquadr�o" - Ilhan Omar, Ayanna Pressley, Rashida Tlaib, al�m de Ocasio-Cortez - foram bem votadas e devem ser reeleitas.

Dois deputados democratas com longa hist�ria no Congresso perderam as pr�vias para nomes progressistas, em Nova York e no Missouri. As plataformas pol�ticas de Sanders, antes definidas como "radicais" e "extremistas", entraram na agenda do partido, como o acesso universal � sa�de, um tema que ganhou especial for�a ap�s os estragos causados pela pandemia.

Outros democratas de esquerda devem ter menos brilho na programa��o. Ocasio-Cortez ter� s� um minuto para discursar hoje, apesar de ser considerada um dos nomes mais eloquentes da legenda. O partido precisa mostrar a unidade e atrair os eleitores apaixonados de Sanders, mas teme que espa�o demais para os progressistas sirva de muni��o ao discurso de Trump de que os democratas representam uma fac��o da esquerda radical.

Sanders largou com for�a nas prim�rias. A falta de penetra��o entre o eleitorado negro, no entanto, e a alian�a do establishment partid�rio, fechado com Biden, deram o sinal de que novamente ele n�o disputaria a Casa Branca. Em 8 de abril, ele abandonou a corrida eleitoral, muito antes da conven��o, para evitar dividir o eleitorado. O movimento foi saudado pelo establishment democrata.

Aos 78 anos, Sanders j� disse que outro candidato, que n�o ele, representar� a esquerda na pr�xima corrida presidencial, mas aparenta n�o guardar m�goas. "As ideias que levantamos na �rea de sa�de, educa��o, sal�rio m�nimo, mudan�as clim�ticas, justi�a criminal hoje est�o sendo implementados por Estados e comunidades em todo o pa�s", disse Sanders, no fim de semana.

Ele se tornou crucial para desfazer entre a esquerda o mal-estar causado com a nomea��o de Biden e a escolha de Kamala Harris como vice, ambos nomes moderados de centro. Em entrevistas, o senador tem falado que, apesar da falta de entusiasmo com a chapa, h� um "entendimento majorit�rio" de que Biden tem de derrotar Trump. No dia seguinte � elei��o, promete Sanders, ele voltar� para onde sempre esteve e cobrar� um governo de esquerda. Desta vez, por�m, ele tem a seguran�a de que tem ao seu lado mais vozes dentro do partido.


As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.