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Estado de Minas

Pandemia enluta a Am�rica Latina e amea�a apagar uma d�cada de avan�os


21/08/2020 08:19 - atualizado 21/08/2020 19:05


Quase seis meses ap�s desembarcar na Am�rica Latina, o coronav�rus causou mais de 250.000 mortes e aprofunda a pobreza e a desigualdade, amea�ando apagar uma d�cada de lentos avan�os sociais.


Em seus bairros marginais, com saneamento prec�rio e onde a popula��o mora aglomerada, o v�rus e o desespero pela falta de dinheiro se espalham, em meio � redu��o brutal da atividade econ�mica devido �s medidas contra a pandemia.


Milhares de fam�lias enfrentam o dilema de encher o est�mago ou evitar o cont�gio e, no pior dos casos, n�o conseguem evitar a fome nem a doen�a.


"Por causa dessa pandemia, fiquei desempregada. Tem dia que at� pulamos uma refei��o porque a situa��o � dif�cil", contou Milena Maia em sua modesta casa na favela Heli�polis, uma das maiores de S�o Paulo, com 200 mil habitantes.


M�e solteira de 36 anos, ela limpava casas, mas agora depende de doa��es de uma ONG para alimentar seus tr�s filhos. Alguns de seus conhecidos morreram de COVID-19 e "muitos est�o infectados".


Outros, como Priscila Tomas da Silva, seu marido e seis filhos, tiveram que sair da casa alugada e improvisar um teto com peda�os de madeira e pl�stico em um estacionamento de caminh�es em Julieta Jardim, na periferia de S�o Paulo. Em poucas semanas, cerca de 700 barracos semelhantes foram constru�dos ali.


A situa��o se repete no resto da Am�rica Latina.


- Estado insuficiente -


Esta regi�o representa 9% da popula��o mundial e, no entanto, concentrou quase 40% das mortes pela pandemia nos �ltimos dois meses.


Este dado "nos d� uma ideia do grande impacto que tem tido", disse � AFP Luis Felipe L�pez-Calva, diretor para a Am�rica Latina do Programa das Na��es Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).


"Na aus�ncia de uma rea��o pol�tica efetiva, em n�vel regional podemos falar de um retrocesso de at� 10 anos nos n�veis de pobreza multidimensional", acrescentou, observando que, embora os pa�ses tenham dado respostas muito heterog�neas, como um todo "aprenderam" no processo.


Dada a persist�ncia das infec��es, alguns governos reverteram a flexibiliza��o dos confinamentos, como aconteceu nas �ltimas semanas no Peru, Argentina e Venezuela.


Ao mesmo tempo, implementaram ajudas aos setores com menos recursos.


Chile e Peru, por exemplo, aprovaram leis para sacar um adiantamento da aposentadoria, o que proporcionou al�vio imediato, embora, segundo especialistas, v� prejudicar os j� fr�geis sistemas previdenci�rios no futuro.


"A quarentena e a pandemia revelam realidades cada vez mais profundas. A injusti�a estrutural se torna vis�vel", comentou � AFP Lorenzo de Vedia, padre Toto, na Villa 21, uma favela no sul de Buenos Aires.


"A presen�a do Estado � insuficiente e desordenada", acrescentou. Seu trabalho, que vai desde distribuir doa��es at� confortar fam�lias em luto pelo v�rus, tornou-se crucial.


O padre Guillermo Torres, com fun��o semelhante na Villa 31, disse que a solidariedade comunit�ria tem sido fundamental para que nada "explodisse", aludindo a poss�veis dist�rbios pela crise sufocante.


De fato, as ondas solid�rias, organizadas por toda a parte, t�m sido uma v�lvula de escape � crescente press�o social.


N�o impediram, por�m, na capital chilena violentas barricadas e saques h� semanas, nem que na Bol�via v�rias grandes marchas exigissem que o governo fornecesse mais solu��es.


- Novos pobres -


Em uma economia que vai contrair mais de 9%, a Comiss�o Econ�mica para a Am�rica Latina e o Caribe (CEPAL) estima que o desemprego pode chegar a 13,5% este ano.


Cifra que representa 44 milh�es de pessoas sem trabalho, 18 milh�es a mais que em janeiro.


Quase dois ter�os dos trabalhadores est�o expostos a ficar desempregados, perder horas de trabalho ou renda, alertou a Organiza��o Internacional do Trabalho (OIT).


Assim, a epidemia expulsar� 45 milh�es de pessoas da classe m�dia, para acrescentar 231 milh�es de pobres (37% da popula��o), segundo a CEPAL.


O Peru, que cresceu acima da m�dia regional nos �ltimos anos, viu seu PIB cair 17%, e as fam�lias de renda m�dia, cujo n�mero vinha crescendo continuamente por 15 anos, est� cambaleando.


Foi o que aconteceu com Sara Paredes e Ra�l Cisneros, casal que de um dia para o outro ficou sem rendimentos.


"Faz cinco meses que ningu�m me d� trabalho de tradu��o ou interpreta��o", conta ele, tradutor e professor de qu�chua de 46 anos.


Ela, de 45 anos, ficou sem poder dar aulas na Escola de Belas Artes e sem apresenta��es teatrais. Agora, mal conseguem alimentar os dois filhos.


- Condi��es pr�-existentes -


Registros piores de mortes por doen�as trat�veis, como dengue, viol�ncia dom�stica e evas�o escolar, podem ser adicionados � inseguran�a no trabalho ou � falta de assist�ncia m�dica.


E a inseguran�a amea�a disparar. Em pa�ses como Guatemala e El Salvador, altamente dependentes de remessas estrangeiras - em m�nimos hist�ricos - a viol�ncia de gangues aumentou ap�s um decl�nio no in�cio da pandemia.


"Assim como os indiv�duos mais vulner�veis � pandemia s�o aqueles com as chamadas condi��es m�dicas pr�-existentes, as economias e sociedades mais vulner�veis � pandemia tamb�m s�o aquelas com condi��es pr�-existentes, ou seja, com alta desigualdade, com pol�ticas e institui��es p�blicas ineficientes", resumiu L�pez-Calva.


Reconhecendo que nenhum pa�s estava preparado para enfrentar uma crise "de governan�a, sist�mica" de tal magnitude, advertiu que "o impacto social come�a a afetar a capacidade de resist�ncia das pessoas".


A CEPAL insiste na relev�ncia de proporcionar uma Renda B�sica de Emerg�ncia por seis meses para toda a popula��o vulner�vel, bem como um B�nus mensal Contra a Fome.


Tamb�m prop�s prazos de car�ncia para empr�stimos a pequenas e m�dias empresas, pol�ticas fiscais e monet�rias que sustentem um per�odo mais longo de gastos e acesso a financiamento em condi��es favor�veis para os pa�ses de renda m�dia, em particular para o Caribe, duramente atingido pelos efeitos das mudan�as clim�ticas.


Ap�s seis meses de pandemia, as infec��es superam 6,4 milh�es de 620 milh�es de latino-americanos.


Em muitos hospitais urbanos e rurais, a infraestrutura para o tratamento da COVID-19 entrou em colapso, em parte como resultado de sistemas de sa�de subfinanciados. burs-ll/lda/gma/mr


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