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Estado de Minas

A irrever�ncia do Charlie Hebdo sobreviveu, intacta, ao massacre


31/08/2020 06:43

Charlie ainda � Charlie? Mais de cinco anos ap�s o atentado que dizimou sua reda��o, o seman�rio sat�rico franc�s continua a se apresentar como um baluarte da liberdade de express�o e mant�m intacto seu tom provocativo, embora seus objetos de ironia estejam mudando.

"Antes mand�vamos ao inferno Deus, o ex�rcito, a Igreja, o Estado. Atualmente, tivemos que aprender a mandar para o inferno associa��es tir�nicas, minorias egoman�acas, blogueiros e blogueiras que nos repreendem como se f�ssemos educadores", escreveu em janeiro Riss, o diretor de reda��o, por ocasi�o do quinto anivers�rio do massacre.

Em 7 de janeiro de 2015, os irm�os jihadistas Said e Ch�rif Kouachi invadiram a sede do Charlie Hebdo em Paris e mataram 12 de seus colaboradores, incluindo os renomados cartunistas Cabu, Charb, Honor�, Tignous e Wolinski.

Os autores dos ataques pensaram "vingar" Maom� dessa forma, depois que o seman�rio publicou v�rias charges zombando do profeta, da mesma forma que costuma debochar de outras religi�es, o que � permitido na Fran�a, onde o crime de blasf�mia n�o existe.

A linha anticlerical foi a marca registrada da casa desde a sua funda��o, em 1970, embora ao longo do tempo seus cartunistas zombassem de tudo e de todos, a ponto de enfrentar den�ncias de difama��o por parte da Igreja, empres�rios, ministros e celebridades que obrigaram seu fechamento por 11 anos, entre 1981 e 1992.

Mas sua irrever�ncia n�o diminuiu e as s�tiras ao Isl� a tornaram alvo de amea�as por anos.

- "Virar a p�gina" -

No atentado de 2015, o Charlie Hebdo perdeu v�rios de seus melhores profissionais e alguns dos que sobreviveram partiram pouco depois, traumatizados. Foi o caso de Luz, pilar da escrita e autor do desenho de Maom� proclamando "Tudo est� perdoado", capa do primeiro n�mero p�s-ataque, o qual vendeu quase 8 milh�es de c�pias.

"Cada vez que fechamos um n�mero � uma tortura porque os outros n�o est�o mais l�. Passar noites sem dormir, invocando os desaparecidos, imaginando o que Charb, Cabu, Honor�, Tignous teriam feito � cansativo", confidenciou Luz ao jornal Lib�ration.

Desde ent�o, o cartunista tem se dedicado aos quadrinhos e entre suas publica��es se destaca "Catarse", onde conta como se recuperou do ataque, do qual escapou por pouco. Patrick Pelloux tamb�m saiu devido � necessidade de "virar a p�gina".

O jornalista Philippe Lan�on ficou e no livro "Le Lambeau" narra como viveu o atentado e o doloroso processo de reconstru��o facial que sofreu depois de ser gravemente ferido, ganhou v�rios dos mais prestigiosos pr�mios liter�rios da Fran�a.

- Cruzada contra "novos censores" -

� frente da reda��o est� Riss (Laurent Sourisseau), cartunista do seman�rio h� quase 30 anos.

Sucedeu Charb ap�s sua morte no atentado - ele foi ferido no ombro - e realizou a reforma da reda��o com a chegada de novos jornalistas.

"Hoje em dia, o politicamente correto imp�e uma grafia de acordo com o g�nero, nos aconselha a n�o usar palavras supostamente inc�modas", Riss ataca, atacando os "novos censores" que "se acreditam os reis do mundo por tr�s de seu teclado telef�nico" .

"As chamas do inferno de outrora deram lugar aos tu�tes reveladores de agora", acrescenta.

- Aumento nas vendas -

Quanto �s vendas, o ataque reverteu um per�odo financeiramente dif�cil. Dos cerca de 20.000 exemplares semanais vendidos nas bancas e 10.000 assinantes, o Charlie Hebdo, que vive sem publicidade ou subs�dios, se beneficiou de uma onda de solidariedade que o levou a adicionar 240.000 assinantes em fevereiro de 2015.

Posteriormente, os n�meros se estabilizaram e atualmente cerca de 25 mil c�pias s�o vendidas a cada semana, al�m de cerca de 30 mil assinaturas. O seu volume de neg�cios passou de 5 milh�es de euros (5,9 milh�es de d�lares no c�mbio atual) em 2014 para mais de 8 milh�es no ano passado (9,4 milh�es de d�lares).

Depois do atentado, o seman�rio tornou-se a primeira m�dia francesa a adotar o estatuto de empresa solid�ria de imprensa, pela qual se comprometeu a reinvestir 70% dos lucros anuais e com o restante se financiar.

No ano passado, Riss, que det�m dois ter�os do capital do Charlie Hebdo, cedeu algumas partes a tr�s membros da reda��o, com o objetivo de preparar uma futura mudan�a geracional � frente da publica��o.


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