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Estado de Minas

Pantanal, um para�so verde devorado pelas chamas


10/09/2020 10:19

Jacar�s queimados, vegeta��o reduzida a cinzas, chamas que devastam tudo ao seu redor: o Pantanal brasileiro enfrenta uma cat�strofe sem compara��o, com danos irrepar�veis para a diversidade da maior �rea �mida tropical do planeta.

"Esses eventos extremos acontecem periodicamente, mas um evento t�o extremo quanto esse ainda n�o tinha visto, e estou aqui h� 20 anos", disse � AFP o diretor do Instituto SOS Pantanal, Felipe Dias.

Cerca de 2,3 milh�es de hectares desta plan�cie do centro-oeste do Brasil, com algumas partes no Paraguai e na Bol�via, foram consumidos pelo fogo desde o in�cio do ano, de acordo com dados coletados pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ).

Os sat�lites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) detectaram 12.567 focos de inc�ndio desde janeiro, mais do que os de 2018 e 2019 juntos, e tamb�m um n�mero maior do que o de 2005, que at� agora cumpria o papel de ano recorde (12.536 focos), mais de tr�s meses antes do fim do ano.

Por tr�s desses n�meros, existe um verdadeiro massacre da biodiversidade.

"Pouqu�ssimos animais sobrevivem, o fogo causa estragos fatais. Para os que conseguem, as sequelas s�o muito graves (...), ou morrem de sede e fome", explica Juliana Camargo, presidente da AMPARA Animal, uma ONG que tenta salvar esp�cies em risco de extin��o.

"Muitas pessoas que est�o no campo nos dizem: n�o tem o que fazer, vai queimar tudo", acrescenta.

- On�as-pintadas encurraladas -

Muitos volunt�rios chegam em aux�lio dos bombeiros. S�o principalmente moradores locais que vivem do ecoturismo. A regi�o recebe visitantes de todo mundo que admiram, em pequenas embarca��es, jacar�s e capivaras das �reas inundadas.

Nem mesmo o envio do Ex�rcito em agosto conseguiu controlar os inc�ndios.

Nesta semana, as chamas chegaram ao parque natural Encontro das �guas, perto da fronteira com o Paraguai, considerado o lar da maior popula��o de on�as-pintadas do mundo.

O desastre foi causado, em primeiro lugar, por uma seca excepcional. De janeiro a maio - esta��o das chuvas -, caiu metade da chuva esperada, e muitas �reas n�o chegaram a ser inundadas, como ocorre nessa �poca do ano.

"�reas extremamente secas, aliado a grandes temperaturas e a vento forte, est�o pegando fogo de forma muito intensa", explica Felipe Dias.

Mas apenas a seca n�o explica tudo.

Segundo o engenheiro florestal Vin�cius Silgueiro, do Instituto Centro de Vida (ICV), "a substitui��o de plantas nativas por pastagens ex�ticas" fragilizou a resist�ncia da vegeta��o.

Silgueiro destaca ainda que muitas queimadas para limpar o terreno geram inc�ndios e que essa pr�tica persiste, devido � "sensa��o de impunidade" que prevalece pelo "enfraquecimento dos �rg�os p�blicos de prote��o ambiental e pelo corte de recursos".

- "Nova normalidade?" -

O presidente Jair Bolsonaro � alvo de cr�ticas por sua pol�tica ambiental, que atingiram seu �pice com os inc�ndios na Amaz�nia no ano passado.

Alguns estudos mostram que o desmatamento na Amaz�nia, ao norte do Pantanal, tem impacto no volume de chuvas em outras regi�es. Os chamados "rios voadores" - nuvens empurradas pelo vento - s�o assim afetados.

"� muito cedo para saber se a seca observada nestes �ltimos anos no Pantanal est� diretamente ligada a este fen�meno, mas � ineg�vel que, pessoas como eu, que cresceram na regi�o, puderam observar com clareza as mudan�as clim�ticas", afirma Vinicius Silgueiro.

Tasso Azevedo, coordenador do Mapbiomas, uma plataforma colaborativa que re�ne dados cient�ficos, ou de ONGs, teme que esta seca se transforme em uma "nova normalidade".

"Se entrarmos em um per�odo de seca prolongado no Pantanal, com mais inc�ndios em �reas j� queimadas, a vegeta��o corre o risco de n�o poder se regenerar", alertou.


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