O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta ter�a-feira (22) na Assembleia Geral da ONU que a China seja responsabilizada pela pandemia de coronav�rus, enquanto o chefe da organiza��o alertou para o risco de uma "Guerra Fria" entre as duas pot�ncias mundiais.
A seis semanas das elei��es presidenciais em que buscar� a reelei��o, e atr�s de seu rival democrata Joe Biden nas pesquisas, Trump voltou a se referir � covid-19 como "o v�rus chin�s".
O presidente chin�s, Xi Jiping, garantiu, por sua vez, que a China n�o tem inten��o de entrar em uma "Guerra Fria" e lamentou a "politiza��o" da luta contra a covid-19.
"Devemos responsabilizar as na��es que soltaram esta praga no mundo, a China", disse Trump em um discurso virtual e pr�-gravado em raz�o da pandemia.
"Aqueles que atacam o excepcional desempenho ambiental dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que ignoram a polui��o galopante na China, n�o est�o interessados no meio ambiente. S� querem punir os Estados Unidos", afirmou.
O presidente americano, que j� havia denunciado como a China silenciou inicialmente os primeiros casos de coronav�rus no final do ano passado na cidade de Wuhan, anunciou que vai retirar seu pa�s da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS).
"O governo chin�s e a OMS - que � virtualmente controlada pela China - declararam falsamente que n�o havia evid�ncia de transmiss�o de pessoa para pessoa", disse Trump, em refer�ncia �s declara��es da OMS no in�cio da pandemia, que foram corrigidas posteriormente.
Os cr�ticos asseguram que Trump procura transferir a culpa por sua gest�o da crise nos Estados Unidos, onde a doen�a j� matou mais de 200.000 pessoas, mais do que em qualquer outro pa�s.
Biden garante que manter� os Estados Unidos na OMS, se vencer as elei��es de 3 de novembro.
- "Grande fratura" -
Diante da pandemia do coronav�rus, o mundo deve "fazer todo o poss�vel para evitar uma nova Guerra Fria", alertou o chefe da ONU, Ant�nio Guterres, ao abrir a 75� Assembleia Geral da entidade.
"Estamos caminhando em uma dire��o muito perigosa", alertou, denunciando a crescente rivalidade entre China e Estados Unidos no mundo.
"Nosso mundo n�o pode se dar ao luxo de um futuro em que as duas maiores economias dividam o planeta em uma Grande Fratura, cada uma com suas pr�prias regras comerciais e financeiras e capacidades de Internet e de Intelig�ncia Artificial", apontou.
Guterres tamb�m criticou os nacionalismos ao lidar com a pandemia, sem mencionar Trump, ou outros l�deres.
"O populismo e o nacionalismo fracassaram. Essas abordagens para conter o v�rus muitas vezes pioraram as coisas significativamente", disse ele.
- Brasil: "v�tima" de campanha de desinforma��o? -
J� o presidente Jair Bolsonaro, que chegou a ter covid-19, usou seu discurso, o primeiro segundo a tradi��o, para denunciar que o Brasil "� v�tima de uma das mais brutais campanhas de desinforma��o sobre a Amaz�nia e o Pantanal", regi�es atualmente devastadas por inc�ndios.
"A Amaz�nia brasileira � sabidamente riqu�ssima. Isso explica o apoio de institui��es internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associa��es brasileiras, aproveitadoras e impatri�ticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o pr�prio Brasil", disse.
O presidente minimizou os inc�ndios e explicou que "nossa floresta � �mida e n�o permite a propaga��o do fogo em seu interior. Os inc�ndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da Floresta, onde o caboclo e o �ndio queimam seus ro�ados em busca de sua sobreviv�ncia, em �reas j� desmatadas".
Ambientalistas e defensores dos direitos humanos, que consideram os ind�genas v�timas dos inc�ndios provocados por madeireiros e grandes agricultores, n�o tardaram a reagir.
Bolsonaro "negou a gravidade da destrui��o ambiental, culpou 'pequenos agricultores e ind�genas' e atacou o trabalho das organiza��es ambientais", lamentou Camila Asano, da ONG Conectas Direitos Humanos.
Em meio a uma pandemia que j� deixou quase um milh�o de mortos no mundo, a Assembleia Geral da ONU come�ou nesta ter�a com mais discursos do que nunca em seus 75 anos de hist�ria, mas todos virtuais e pr�-gravados com dias de anteced�ncia.
N�o haver� reuni�es bilaterais, diplomacia "por baixo da mesa", ou reuni�o dos ministros do Grupo Lima para discutir a crise na Venezuela, ou ainda visita do presidente cubano a uma igreja no norte de Nova York para atacar o capitalismo.
O site da ONU disponibilizar� os discursos dos 193 pa�ses-membros da entidade, que falar�o ao longo de oito dias, e haver� v�rias c�pulas tem�ticas virtuais sobre covid-19, combate ao aquecimento global, L�bano, L�bia e biodiversidade.
Os Estados Unidos anunciaram que far�o sua pr�pria reuni�o virtual sobre direitos humanos, ap�s desafiar a ONU, na segunda-feira (21), ao anunciar san��es contra o Ir� e o presidente venezuelano, Nicol�s Maduro. Segundo Washington, ambos violam um embargo de armas da ONU.
Quase todos os outros pa�ses, incluindo aliados europeus, afirmam que os Estados Unidos n�o t�m autoridade para impor essas san��es.