
Em plena pandemia de COVID-19, o Nobel de Medicina de 2020 foi atribu�do nesta segunda-feira (5) aos americanos Harvey Alter e Charles Rice e o brit�nico Michael Houghton pela descoberta do v�rus respons�vel pela hepatite C.
Os tr�s foram escolhidos por "sua contribui��o decisiva para a luta contra este tipo de hepatite, um grande problema de sa�de mundial que provoca cirrose e c�ncer de f�gado", explicou o j�ri do Comit� Nobel, em um momento de corrida mundial para descobrir os segredos de outra pandemia viral, a de COVID-19.
A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) calcula em quase 70 milh�es o n�mero de infec��es por hepatite C, que provoca 400.000 mortes por ano.
No fim dos anos 1970, Harvey Alter, que tem 85 anos, identificou que, durante as transfus�es, acontecia um cont�gio hep�tico misterioso, e n�o era nem hepatite A nem hepatite B, recordou o j�ri.
Anos mais tarde, em 1989, Michael Houghton e sua equipe foram reconhecidos pela descoberta da sequ�ncia gen�tica do v�rus. Charles Rice, 68 anos, analisou durante anos a maneira como o v�rus se replicava, pesquisas que levaram ao surgimento de um novo tratamento revolucion�rio no in�cio dos anos 2010, o sofosbuvir.
"Seu trabalho � uma conquista hist�rica em nossa luta cont�nua contra as infec��es virais", afirmou Gunilla Karlsson Hedestam, integrante da Assembleia Nobel que decide os vencedores.
O pr�mio � o primeiro diretamente relacionado a um v�rus desde 2008, que recompensou os cientistas franceses descobridores da aids, Fran�oise Berr�-Sinoussi e Luc Montagnier, e um pioneiro dos v�rus do papiloma humano (HPV), o alem�o Harald zur Hausen.
Depois de um primeiro pr�mio, o de Qu�mica, concedido a dois virologistas em 1946, este Nobel se une aos 17 pr�mios direta, ou indiretamente, vinculados a trabalhos sobre os v�rus, de acordo com Erling Norrby, ex-secret�rio da Academia Sueca de Ci�ncias.
Com este 111º Nobel de Medicina j� s�o 222 os laureados com o pr�mio de "Fisiologia ou de Medicina" desde sua cria��o, um grupo que inclui apenas 12 mulheres.
Desde a descoberta h� mais de meio s�culo de dois tipos de linf�citos, B e T, essenciais para a compreens�o do sistema imunol�gico, at� o avan�o das "tesouras moleculares" na gen�tica dos anos 2010, passando por pesquisas sobre c�ncer de mama, v�rias grandes inova��es m�dicas - e seus autores - haviam sido citados por especialistas como potenciais premiados com o Nobel este ano.
Outros cientistas foram mencionados por seus trabalhos sobre a hepatite C, o alem�o Ralf Bartenschlager pela pesquisa fundamental, e o americano Michael Sofia pelo desenvolvimento do sofosbuvir, que o laborat�rio Gilead vende atualmente a pre�o de ouro com o nome Sovaldi.
Primeira vez desde 1944
O processo de designa��o � absolutamente secreto e a Academia Sueca de Ci�ncias n�o revela nenhuma das centenas de indica��es que recebe a cada ano de pessoas qualificadas de todo o mundo.
No ano passado, o Nobel de Medicina foi concedido aos americanos Willial Kaelin e Gregg Semenza, assim como ao brit�nico Peter Ratcliffe, por seus trabalhos sobre a adapta��o das c�lulas aos n�veis vari�veis de oxig�nio no corpo, abrindo perspectivas no tratamento do c�ncer e da anemia.
Os vencedores do Pr�mio Nobel ser�o anunciados esta semana, como estava previsto, mas a cerim�nia presencial de entrega dos pr�mios, em 10 de dezembro em Estocolmo, foi cancelada devido � pandemia do novo coronav�rus, o que n�o acontecia desde 1944.
Os laureados, que compartilham quase um milh�o de euros (1,17 milh�o de d�lares), receber�o os pr�mios em seus pa�ses de resid�ncia, possivelmente por meio da embaixada sueca ou em suas universidades.
Na ter�a-feira ser� anunciado o Nobel de F�sica; na quarta, o de Qu�mica; e, no dia seguinte, o pr�mio de Literatura.
O Nobel da Paz ser� revelado na sexta-feira em Oslo. E o pr�mio de Economia, criado em 1968, encerrar� a temporada na pr�xima segunda-feira.