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Estado de Minas

Brasil faz vista grossa com jogadores envolvidos em viol�ncia contra mulheres


16/10/2020 14:49

O caso mais recente envolve Robinho, o "menino da Vila" que surgiu em 2002 como grande promessa do futebol, mas que n�o chegou ao topo. A lista de jogadores de futebol que continuam em campo apesar das acusa��es ou condena��es por viol�ncia contra as mulheres � longa em um Brasil que raramente fecha as portas aos agressores.

"N�o conseguimos passar uma temporada sem que haja pelo menos uma not�cia de um jogador envolvido em crimes contra a mulher por aqui", declarou � AFP Renata Mendon�a, comentarista do SporTV e cofundadora do portal Dibradoras, especializado em cobertura esportiva feita por mulheres.

Nos �ltimos anos, a imprensa relatou v�rios supostos ataques. Dudu, Jean, Juninho, Carlos Alberto, Jobson, Valdiram, Vampeta ou Marcelinho Para�ba foram denunciados ou detidos sob v�rias acusa��es de viol�ncia, de espancamentos a estupros.

Todos continuaram atuando por seus times. Talvez o caso de maior destaque seja do ex-goleiro do Flamengo Bruno, que matou a ex-amante em 2010 e cuja hist�ria de assassinato correu o mundo. Atualmente, ele defende o Rio Branco, time do Acre da Quarta Divis�o do futebol brasileiro.

Robinho integra agora essa desonrosa lista no retorno ao Santos, que anunciou sua contrata��o no �ltimo s�bado, ap�s ser condenado em 2017 pela Justi�a italiana a nove anos de pris�o por um estupro coletivo. O atacante de 36 anos defende sua inoc�ncia e recorreu da senten�a.

"H� uma toler�ncia para crimes assim - na sociedade e principalmente no futebol. O cara pode bater na esposa, se continuar jogando bem e ganhando jogos pelo seu time. O cara pode estuprar uma mulher na balada, se ele continuar fazendo gols. O recado que isso passa � que a vida das mulheres n�o importa. Vale menos do que os tr�s pontos de uma vit�ria no campeonato", reflete Renata Mendon�a.

Ela garante que h� mais casos de agress�o envolvendo atletas do que os veiculados na m�dia, mas suas a��es n�o chegam a p�blico por medo das v�timas para fazer as den�ncias ou porque muitos consideram situa��es normais.

Por causa dessa "normalidade", ressalta a jornalista, esses eventos anteriormente passavam despercebidos.

"O jogador ainda tem a seu favor o status de �dolo. E se j� � dif�cil para uma mulher conseguir levar � frente uma den�ncia quando o agressor � um homem "normal", eu diria que quando envolve um jogador de futebol, a miss�o � praticamente imposs�vel", acrescenta.

- Futebol como espelho -

Em nenhum lugar do mundo o futebol � diferente da sociedade. Mas a recorr�ncia desses casos pode ser explicada pelo n�mero de assassinatos de mulheres no Brasil, pa�s tradicionalmente sexista e que respondeu por 1.206 dos 3.722 feminic�dios registrados em quinze pa�ses latino-americanos em 2018, segundo relat�rio da Comiss�o Econ�mica para a Am�rica Latina e o Caribe (Cepal).

Al�m disso, por ano o Brasil registra mais de 66 mil agress�es sexuais e 263 mil casos de viol�ncia dom�stica, alerta a organiza��o F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica.

"O futebol � o espelho ampliado do que acontece na sociedade (...) o futebol figura como uma esp�cie de catalisador da quest�o de viol�ncia que a gente v� fora do futebol", explica a historiadora Diana Mendes, que tem dedicado sua carreira para investigar o futebol no Brasil, para o jornal Correio Braziliense.

A contrata��o de Robinho trouxe de volta a discuss�o, principalmente pelo apoio que recebeu do presidente e da dire��o t�cnica do clube paulista, apesar das cr�ticas de setores da torcida, da imprensa e de grupos feministas. Um patrocinador at� quebrou o contrato.

"Ele [Robinho], para mim, � uma pessoa maravilhosa, um exemplo de jogador", disse o t�cnico do Peixe, Cuca, que em 1987 foi detido por quase um m�s, acusado de estuprar uma menor junto com outros jogadores em uma viagem do Gr�mio � Su��a.

"O epis�dio fora do campo, que est� sob judice, e a gente tem que aguardar", afirmou o treinador.

O veterano atacante, quando atuava pelo Atl�tico-MG em 2017 foi interrogado no pa�s sobre as acusa��es que pesavam contra ele, pelo suposto estupro coletivo cometido quatro anos antes, per�odo em que vestia a camisa do Milan.

Na �poca, a not�cia da acusa��o causou indigna��o em parte da torcida do Galo, mas a diretoria do clube mineiro se op�s a conden�-lo e alegou que se tratava de uma situa��o pessoal. Alguns companheiros de profiss�o o apoiaram.

De volta ao Brasil tr�s anos depois, a hist�ria se repete, embora com o surgimento do movimento #MeToo a indigna��o e a press�o sejam mais pungentes.

"N�o s� repudiamos a volta do jogador, como nos sentimentos totalmente violadas e desrespeitadas", escreveu a Bancada das Sereias, torcida do Peixe.

"Doi, doi na alma. O Santos regrediu em uma luta de anos e so nos sabemos o quanto perdemos", concluiu.


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