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Estado de Minas

Da alta na tarifa do metr� ao plebiscito constitucional, um ano de protestos no Chile


16/10/2020 20:37

"N�o s�o 30 pesos, s�o 30 anos", a frase dos protagonistas dos protestos no Chile sintetiza o descontentamento que h� um ano desencadeou a maior efervesc�ncia social desde que o pa�s voltou � democracia em 1990, e deu in�cio a um processo de esperan�a para alguns, embora para outros tenha empurrado o pa�s para a beira do precip�cio.

Quando os chilenos se preparavam para sediar duas importantes reuni�es internacionais (a c�pula econ�mica da APEC, que pertence ao F�rum de Coopera��o Econ�mica �sia-Pac�fico, e a COP-25, sobre mudan�a clim�tica), o presidente Sebasti�n Pi�era anunciava o Chile como um "o�sis" de estabilidade na Am�rica Latina, mas come�aram as manifesta��es.

O gatilho foi uma s�rie de ocupa��es de alunos do ensino m�dio ao metr� de Santiago, algumas delas massivas e violentas.

"Fugir, n�o pagar, outra forma de lutar", afirmavam os estudantes nas catracas, reclamando o aumento de 30 pesos (0,03 centavos) no valor da passagem.

Um ano depois, ap�s um adiamento em abril por conta da pandemia, os chilenos votar�o no dia 25 de outubro em um plebiscito que definir� se a Constitui��o herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) ser� ou n�o alterada.

O referendo foi aprovado por acordo entre as for�as pol�ticas ap�s um dos dias mais violentos desde o in�cio dos protestos.

Naquela sexta-feira, 18 de outubro, outros manifestantes se juntaram aos alunos. E � noite, v�rios pontos de Santiago estavam em chamas depois que uma d�zia de esta��es de metr�, pr�dios e �nibus foram atacados.

Al�m disso, foram feitas barricadas em v�rias partes da cidade e houve ataques ao com�rcio e roubos.

"Essa vontade de destruir tudo n�o � protesto, � crime", declarou Pi�era, que durante os ataques �s esta��es foi flagrado comendo pizza com os netos em um restaurante, imagem que se tornou viral nas redes sociais e provocou indigna��o.

O epis�dio terminou com tanques militares protegendo o pal�cio do governo depois que o "estado de emerg�ncia" foi decretado.

No dia seguinte, Santiago acordou irreconhec�vel, com sem�foros no ch�o, restos de �nibus queimados, lojas saqueadas e milhares de pedras e peda�os de madeira nas ruas.

"Tudo o que est� acontecendo � muito triste, mas as pessoas est�o indignadas porque n�o as escutam", disse naquele dia Antonia, de 26 anos, � AFP, no cora��o da capital chilena.

- O Chile acordou -

Sem muitos sinais pr�vios, exceto por alguns protestos estudantis, o governo Pi�era - que at� ent�o tinha vivido com relativa calma o primeiro ano e meio de seu segundo mandato - foi confrontado com uma crise social sem precedentes desde que a ditadura acabou.

Os panela�os que come�aram a ser ouvidos simultaneamente aos protestos que eclodiram, principalmente nos bairros de classe m�dia, tornaram percept�vel que a raiva escondia uma reivindica��o mais profunda.

O pa�s tinha uma acentuada segrega��o social, apesar de ter a maior renda per capita da Am�rica Latina (mais de US$ 20.000 por ano).

A manifesta��o dos estudantes tamb�m trouxe � tona uma inquieta��o acumulada contra um modelo de grandes monop�lios pelos quais os cidad�os se sentiam v�timas: empresas de distribui��o e comercializa��o de servi�os b�sicos como �gua, luz e g�s, al�m de administradores de educa��o, sa�de e previd�ncia, durante 30 anos de democracia.

Na �poca, #Chiledesperto - que em portugu�s seria "#Chileacordou" - tornou-se uma grande tend�ncia nas redes sociais, e ainda continua sendo a marca dos protestos, apoiados por mais de 65% da popula��o, segundo uma s�rie de pesquisas.

Outras marcam que 80% condenam as express�es violentas das manifesta��es.

O Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH) constatou 3.063 casos de viola��es dos direitos humanos por parte de agentes do Estado a partir de 18 de outubro de 2019, entre eles 460 pessoas com les�es oculares causadas por disparos de muni��o de borracha ou metal ou bombas de g�s lacrimog�nio. A Procuradoria Nacional contabilizou at� janeiro 31 mortos nas manifesta��es.

Em contagem atualizada entregue nesta sexta-feira, na qual n�o foram atualizados os mortos, a Procuradoria informou ter registrado 5.084 pessoas por diferentes delitos durante os protestos e recebeu 8.827 den�ncias por atos de agentes do Estado.

A Pol�cia, fortemente questionada por uso excessivo da for�a, contabiliza entre 19 de outubro de 2019 e 31 de mar�o de 2020, 544 quarteis atacados e 4.817 agentes feridos no exerc�cio de suas fun��es, segundo dados fornecidos � AFP.

- A maior manifesta��o da hist�ria -

Uma semana depois de iniciados os protestos e com um pa�s semiparalisado, mais de 1,2 milh�o de pessoas se reuniram na Pra�a It�lia de Santiago, na maior concentra��o de que se teve not�cia.

"Pedimos justi�a, honestidade, �tica no governo, n�o � que queiramos socialismo, comunismo; queremos menos empresas privadas, mais Estado", disse � AFP Francisco Anguita, de 38 anos, em meio � hist�rica manifesta��o.

Naquele dia, a imagem de um Homem-aranha agarrado a um poste em meio � multid�o na pra�a It�lia e o v�deo da queda de uma dona-de-casa fantasiada de Pikachu, personagem da s�rie de anima��o japonesa Pokemon, viralizaram. Os dois personagens se tornaram, ent�o, her�is improv�veis desta revolta social, que um ano depois continua sem l�deres e fora das estruturas pol�ticas tradicionais.


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