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Estado de Minas RELA��ES EXTERNAS

Elei��es nos EUA: O que muda no Brasil com vit�ria de Trump ou Biden?

Entenda o que est� em jogo e o impacto da vota��o para as rela��es comerciais e pol�ticas com o Brasil


26/10/2020 04:00 - atualizado 25/10/2020 20:42

Trump e Biden levaram para os debates das últimas semanas propostas e preocupações com a situação brasileira no cenário mundial (foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP)
Trump e Biden levaram para os debates das �ltimas semanas propostas e preocupa��es com a situa��o brasileira no cen�rio mundial (foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP)
No curto prazo, ven�a Joe Biden ou Donald Trump, as rela��es comerciais entre Brasil e Estados Unidos n�o devem se alterar. Mas a vit�ria do democrata ou do republicano ter� implica��es sobre o aprofundamento das rela��es comerciais bilaterais entre os pa�ses, sobre a pol�tica externa brasileira e o posicionamento pol�tico ideol�gico de Jair Bolsonaro no �mbito internacional, avaliam especialistas em pol�tica externa. 

Sobre uma plataforma de pol�tica externa calcada no alinhamento incondicional com o presidente Donald Trump, o governo de Jair Bolsonaro tende a colher um rev�s principalmente pol�tico e de isolamento internacional caso o democrata Joe Biden ven�a as elei��es estadunidenses. A se concretizar a vit�ria democrata, o presidente brasileiro perder� o respaldo do principal e mais poderoso aliado para as narrativas negacionistas, antiambientalistas e para as teses que se tornaram corriqueiras de desqualifica��o da prote��o aos direitos de minorias e de grupos sociais discriminados, como ind�genas, mulheres, negros e LGBTQI+. 

Al�m disso, em que pese no curto prazo a agenda econ�mica entre os dois pa�ses n�o deva ser afetada; em sentido oposto � Trump, no m�dio prazo, um eventual governo Biden tender� a pressionar o Brasil por a��es concretas em defesa do meio ambiente e dos direitos humanos, a estas condicionando a pauta de avan�os nas rela��es comerciais entre os dois pa�ses.

Em tal pauta de avan�o, se inclui por exemplo, o protocolo sobre Regras Comerciais e de Transpar�ncia assinado nesta segunda-feira entre Brasil e os EUA, que se pretende um novo cap�tulo na rela��o econ�mica dos dois pa�ses, que tenta reverter os baixos resultados do com�rcio bilateral entre os dois pa�ses.

Preocupa��es ambientais

“Toda a constru��o feita pelo Bolsonaro de maior aproxima��o com os Estados Unidos poder� n�o avan�ar na �rea comercial em fun��o das quest�es ambientais e de direitos humanos”, sustenta Leonardo C�sar Souza Ramos, professor do Departamento de Rela��es Internacionais da PUC Minas e pesquisador vinculado ao Instituto Nacional de Ci�ncia e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos.

''Toda a constru��o feita por Bolsonaro de maior aproxima��o com os EUA poder� n�o avan�ar na �rea comercial, em fun��o das quest�es ambientais e de direitos humanos''

Leonardo C�sar Souza Ramos, professor da PUC Minas



“O que est� acontecendo com a floresta Amaz�nica, os ind�genas, o combate � COVID-19, os direitos de afirma��o sexual, a posi��o de mulheres e de negros, toda essa agenda tem o respaldo de setores que apoiam a elei��o do Biden, que provavelmente ir�o pression�-lo para que adote postura mais assertiva em rela��o ao Brasil nesses temas”, considera o professor. 

Opini�o semelhante tem o cientista pol�tico Guilherme Casar�es, professor da Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da Funda��o Get�lio Vargas (EAESP-FGV), para quem Bolsonaro milita em dire��o oposta a esses temas, que s�o centrais para os democratas.

Fundo da Amaz�nia

“Na quest�o ambiental, por exemplo, o governo Bolsonaro antagonizou a Fran�a, se distanciou da Alemanha, at� esnobando o Fundo da Amaz�nia. Um governo Biden tende a ser mais alinhado com certos pa�ses centrais da Europa, que j� v�m fazendo essa cobran�a do Brasil. � muito prov�vel que aumente muito a press�o em rela��o a essas quest�es, que o governo brasileiro politizou tanto”, sustenta Casar�es. 

A eventual reelei��o de Donald Trump, em contrapartida, significar� uma vit�ria da narrativa “antiglobalista” e da pr�pria imagem p�blica do presidente brasileiro, constru�da � semelhan�a de Trump. “A ideia do presidente conservador, antissistema, que luta contra tudo e todos, nada mais � do que uma emula��o daquilo que Trump j� vinha fazendo nos Estados Unidos desde 2016. Ent�o me parece claro que a vit�ria de Trump seria positiva para o Bolsonaro”, observa Guilherme Casar�es. A hip�tese da vit�ria republicana tamb�m daria f�lego � atual plataforma de pol�tica externa brasileira - quase que inteiramente calcada na umbilical rela��o com o Trump.

“Os quatro pilares da pol�tica externa brasileira se refor�am com a eventual vit�ria republicana. S�o eles: o abandono das aspira��es regionais na Am�rica Latina; o antagonismo � China; a aproxima��o com Israel; e o avan�o de uma pauta conservadora nas Na��es Unidas e em outros f�runs internacionais”, observa Guilherme Casar�es.

Sobretaxas para produtos brasileiros

Dentro de uma estrat�gia do governo Bolsonaro de afastamento da China, o Brasil tem feito uma s�rie de concess�es aos Estados Unidos sem receber nenhum ganho: aumentou a importa��o de trigo e de etanol; aceitou a restri��o � importa��o da chapa de a�o brasileira; se calou diante da nova sobretaxa��o do alum�nio brasileiro; apoiou a elei��o para a presid�ncia do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de um presidente norte-americano; n�o conseguiu ingressar na Organiza��o para Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE); nem ser convidado para participar de encontro do G7, enumera o professor Leonardo Souza.

“Essa pol�tica � parte da percep��o do presidente e de alguns de seus associados de que a rela��o com a China deva ser abandonada, ao mesmo tempo em que deva haver uma volta � rela��o com os Estados Unidos. Volta em termos, porque uma rela��o assim com os Estados Unidos nunca aconteceu na hist�ria do Brasil”, afirma Leonardo C�sar Souza Ramos. 

Sob a perspectiva do com�rcio bilateral, a proximidade pol�tica de Jair Bolsonaro e Donald Trump tampouco se reverteu em n�meros. Estudo da C�mara Americana de 
Com�rcio no Brasil (Amcham Brasil) demonstra que entre janeiro e setembro deste ano, o valor das negocia��es chegou a US$ 33,4 bilh�es, queda de 25,1% em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado, marcando o pior resultado dos �ltimos onze anos.

Rela��es com a China

A China � atualmente o maior parceiro comercial do Brasil, com 28,8% do total dos neg�cios, seguida pelos Estados Unidos, com 12,3%. “O governo Bolsonaro se articulou para se projetar internacionalmente com essa alian�a incondicional com os Estados Unidos de Donald Trump. At� agora o Brasil fez muitas concess�es e n�o conseguiu nada em retorno, � verdade. Mas se Trump n�o se reeleger, Bolsonaro que regionalmente j� est� esvaziado de aliados – perdeu a Argentina e agora a Bol�via –onde ficar� Bolsonaro em termos discursivos e de proje��o de imagem,?” indaga Leonardo Souza. 

Ter um presidente brasileiro apoiando explicitamente candidatos �s elei��es presidenciais de outros pa�ses n�o � pr�tica costumeira na hist�ria brasileira. “Estamos diante de uma situa��o que � in�dita: um presidente se posiciona e vocaliza em favor de um candidato numa elei��o estrangeira. Bolsonaro vem fazendo isso h� algum tempo”, aponta Guilherme Casar�es, referindo-se �s elei��es presidenciais argentinas e mais recentemente � elei��o boliviana.

A aposta n�o deu certo nas elei��es presidenciais com o principal parceiro na Am�rica Latina: Maur�cio Macri foi derrotado e Alberto Fern�ndez ascendeu em 2019. Na Bol�via, a recente vit�ria de Luis Arce, candidato de Evo Morales do MAS, representa outra derrota � diplomacia ideol�gica brasileira comandada por Ernesto Ara�jo.

Se o pa�s j� caminha para o isolamento na Am�rica Latina, poder� colher um novo rev�s pol�tico, face � uma eventual vit�ria do democrata Joe Biden nos Estados Unidos: ficar� a pregar o antiglobalismo no cen�rio internacional para a pr�pria sombra.


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