Tr�s pessoas morreram, uma delas degolada, e v�rias ficaram feridas nesta quinta-feira (29) em um ataque com uma faca em uma igreja no centro da cidade de Nice, na regi�o sudeste da Fran�a, descrito pelo presidente Emmanuel Macron como um "ataque terrorista islamita" em um pa�s que est� em alerta m�ximo.
"N�o cederemos nem um mil�metro" na defesa dos valores franceses, declarou Macron em meio a um clima de tens�o diplom�tica com l�deres pol�ticos e religiosos de pa�ses mu�ulmanos e ap�s a decapita��o de um professor por um extremista isl�mico h� duas semanas.
Al�m do ataque em Nice, um guarda do consulado franc�s da cidade saudita de Jid� foi ferido em outro ataque e um afeg�o foi detido na cidade francesa de Lyon por portar uma faca, tudo isso no mesmo dia.
O agressor de Nice, um migrante tunisiano de 21 anos que chegou � Fran�a no in�cio do m�s depois de passar pela ilha italiana de Lampedusa, invadiu �s 9h locais (5h de Bras�lia), armado com uma faca, a bas�lica da Nossa Senhora da Assun��o, no cora��o desta cidade da Riviera Francesa de pouco mais de 500.000 habitantes, que h� quatro anos foi cen�rio de um atentado que deixou 86 mortos.
Segundo fontes pr�ximas � investiga��o, o agressor se chama Brahim Aouissaoui e gritou v�rias vezes "Allahu Akbar" (Deus � grande). O criminoso foi ferido por tiros durante a interven��o policial e levado para o hospital.
Duas v�timas s�o uma mulher e um homem, que foram assassinados dentro da bas�lica. A mulher foi degolada dentro do templo pelo agressor, que tentou decapitar a v�tima. O homem, de 45 anos, um laico casado e pai de duas meninas, era o sacrist�o da bas�lica.
A terceira v�tima, uma mulher gravemente ferida, conseguiu fugir para um bar pr�ximo, mas n�o resistiu e faleceu pouco depois, informaram fontes policiais.
"Digam a meus filhos que eu os amo", conseguiu dizer pouco antes de morrer, segundo depoimentos de testemunhas divulgados pelo canal BFMTV.
O jovem tunisiano chegou a Lampedusa, porto comum para os imigrantes sem documenta��o, no final de setembro. Foi posto em quarentena pelas autoridades italianas e depois foi liberado com ordem de abandonar o territ�rio. Ele chegou � Fran�a no in�cio de outubro.
Em meados do m�s, o professor de hist�ria Samuel Paty foi decapitado por um refugiado russo checheno por ter mostrado aos seus alunos caricaturas do profeta Maom� em uma aula sobre liberdade de express�o.
O governo franc�s elevou o n�vel de seguran�a em todo o pa�s para "atentado de emerg�ncia", que corresponde a um estado de alerta m�ximo, e aumentou de 3.000 para 7.000 os militares que patrulham as ruas, para proteger especialmente os locais de culto �s v�speras da festa cat�lica de Todos os Santos, no domingo.
Ap�s condenar o atentado, o governo tunisiano anunciou a abertura de uma investiga��o.
- 'Liberdade de culto sob ataque' -
Diante deste novo atentado, "a emo��o do pa�s est� no auge", declarou o primeiro-ministro Jean Castex, segundo o qual, "depois da liberdade de express�o, hoje � a liberdade de culto e a liberdade de consci�ncia que est�o sendo atacadas".
Daniel Conilh, um gar�om de uma cafeteria pr�xima � igreja, contou � AFP como foram os minutos de p�nico posteriores ao ataque.
"Uma senhora veio diretamente da igreja e nos disse 'corram, corram, algu�m atacou (com uma faca), haver� tiros, tem gente morta!'", contou.
"Vi o cara (o agressor) entrar na catedral. Depois, ouvi muitos tiros", disse � AFP Aur�lien Thibault, outra testemunha do ataque.
Fora da Fran�a, as rea��es de condena��o ao ataque se multiplicaram. O Vaticano considerou que "o terrorismo e a viol�ncia nunca poder�o ser aceitos".
A Turquia, que criticou energicamente a publica��o das caricaturas do profeta Maom� na Fran�a, tamb�m condenou este ataque "selvagem" e expressou sua "solidariedade ao povo franc�s".
Da Sacr� Coeur (Sagrado Cora��o) de Paris � Igreja Talence, em Bourdeaux, os sinos de todos os templos cat�licos ressoaram �s 15h locais (11h de Bras�lia) em homenagem �s v�timas do ataque.
O presidente americano, Donald Trump, exigiu que os "ataques terroristas" parem "imediatamente".
"Este ataque foi direcionado a paroquianos comuns que foram rezar em sil�ncio", disse o monsenhor Eric de Moulins-Beaufort, presidente da Confer�ncia Episcopal Francesa.
"Posso apenas condenar energicamente a covardia deste ato contra pessoas inocentes", disse Abdallah Zekri, delegado geral do Conselho Franc�s da F� Mu�ulmana (CFCM).
Os deputados franceses, que debatiam um novo confinamento nacional decidido na v�spera e que entrar� em vigor nesta � meia-noite desta quinta-feira, respeitaram um minuto de sil�ncio quando foram informados sobre o ataque.
J� o ex-primeiro-ministro mal�sio, Mahathir Mohamad, escreveu no Twitter que os mu�ulmanos t�m o direito "de matar milh�es de franceses", mas a mensagem foi retirada posteriormente pela rede social a pedido da Fran�a.
A Fran�a sofre com atentados terroristas de alto impacto desde 2015, quando um ataque extremista em 7 de janeiro contra o seman�rio sat�rico Charlie Hebdo deixou 12 mortos. No dia 13 de novembro do mesmo ano, um comando jihadista executou ataques coordenados em Paris que mataram 130 pessoas.
O julgamento sobre o violento atentado contra o Charlie Hebdo, no qual morreram alguns dos chargistas mais famosos da Fran�a, est� em curso atualmente em Paris.
Coincidindo com a abertura do julgamento, a revista voltou a publicar as caricaturas de Maom� que a transformaram em alvo dos jihadistas, o que provocou cr�ticas no mundo mu�ulmano.