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Estado de Minas

Mineira relata correria na Fran�a antes do bloqueio

Moradora enfrenta engarrafamentos e desabastecimento nas lojas e descreve como franceses lotaram ruas e esta��es de trem na v�spera do confinamento


30/10/2020 04:00




Avignon, Fran�a – Bem mineiramente dizendo, j� “com o lombo calejado” e sabido de que o reconfinamento pode durar bem mais que as quatro semanas inicialmente previstas – afinal, foi assim da primeira vez –, a Fran�a correu ontem contra o tempo para se preparar para o lockdown parcial, que come�ou � 0h de hoje. A quinta-feira teve ares de �ltimo minuto ou �ltima oportunidade para fazer o que ainda n�o tinha sido feito. Principalmente, se abastecer. De tudo: alimentos a materiais e equipamentos para dar aquela melhorada na casa. Foi uma loucura.

O franc�s correu tamb�m para ir para casa. Na segunda e �ltima semana de f�rias do per�odo de Finados e mesmo com o governo dando toler�ncia para o retorno no fim de semana, foi gente saindo pra buscar filho, av�s viajando para entregar netos. Esta��es de trem ficaram lotadas com gente antecipando ou tentando antecipar viagem. E quem tem a possibilidade, correndo para passar o confinamento em suas casas de campo ou praia – o que � bem melhor que ficar num apartamento, sobretudo em Paris. Ali�s, a capital francesa e seu entorno registraram pico de quase 700 quil�metros de congestionamento. Passadas  21 horas, ainda havia 245 quil�metros.
 
 
Em Avignon, no Sul da França, houve engarrafamentos com pessoas aproveitando últimos momentos antes do bloqueio para fazer o que precisavam (foto: Junia Oliveira/EM/D.A Press)
Em Avignon, no Sul da Fran�a, houve engarrafamentos com pessoas aproveitando �ltimos momentos antes do bloqueio para fazer o que precisavam (foto: Junia Oliveira/EM/D.A Press)
 
 
Um fen�meno n�o s� na capital, mas em todo o territ�rio. Avignon, no Sul do pa�s, onde o ar pacato s� permite engarrafamentos realmente nos hor�rios de pico da manh� e da tarde, ontem, pediu licen�a para os dias parados de f�rias escolares para algo que, ouso dizer, nunca ocorreu: engarrafamento desde a primeira hora do dia. Um amigo da fam�lia me alertou: “Est� tudo parado. A cidade toda est� na rua”. N�o tive a dimens�o at� a hora em que tamb�m resolvi me juntar � multid�o, pensando que �s 17h tudo estaria mais tranquilo. Depois do fiasco nas compras do supermercado (que relatarei em breve), precisava comprar prateleiras para arrumar a garagem e o quarto de h�spedes para tentar p�r fim �s caixas da mudan�a do Brasil e material para arrumar o jardim.

Comecei a me preocupar quando o mesmo amigo que gasta cinco minutos at� minha casa chegou em quase 20. “Tudo parado, Junia”. Seguimos para um percurso de 10 minutos para um dos centros comerciais no Norte da cidade e gastamos 1 hora e meia. Mais cedo, ele e a fam�lia, nesse mesmo local, gastaram 40 minutos s� para sair do complexo e mais 1h20 para chegar � casa deles. Nas ruas desse centro comercial, algo gigantesco e igualmente engarrafadas, me deu d� ver o Papai Noel na rotat�ria e a decora��o de Natal que ficar� apagada.

Em pare e siga, cheguei � Leroy Merlin com o desafio de cortar seus 7 hectares de interior para pegar minhas pe�as a tempo de encontrar aberto o servi�o de corte de madeira. O estacionamento estava entupido. Dentro, um horror. Gente com carrinho com tudo enquanto h�: de tinta a prateleiras, como eu. Parece que todo mundo resolveu aproveitar que estar� em casa para dar aquela melhorada. At� porque, por aqui, � “fa�a voc� mesmo”, n�o tem essa de ficar pagando por esses servi�os. Consegui agarrar as �ltimas prateleiras de 2,50 metros de comprimento, bem como os �ltimos suportes no tamanho de que precisava. Em busca de um carrinho, um funcion�rio me disse: “Talvez l� fora, porque houve um momento aqui que nem carrinho mais tinha”. O servi�o de corte da loja tamb�m estava assoberbado e se estendeu para dar conta da demanda. Sorte minha!

Voltei com a sensa��o de miss�o cumprida. Agora falta o supermercado, que entreguei para Deus para os pr�ximos dias. E n�o foi por falta de aviso. � v�spera do an�ncio presidencial e com rumor forte de reconfinamento, recebi do Carrefour uma mensagem para fazer a partir daquele dia as compras, visto que os pr�ximos prometiam um fluxo grande e, logo, complicado para entregas.

Resolvi recorrer ao meu hipermercado habitual, j� que est� na �poca de refazer nossas compras do m�s. H� tempos desisti de enfrentar os 18 mil metros quadrados do dito-cujo – imaginem a quantidade e variedade de produtos – e fa�o as compras pela internet, para serem entregues em casa. Nenhum hor�rio de entrega poss�vel quando me conectei e escolhi entrega em domic�lio. Bem destacado em vermelho. N�o me deram op��o nem para o dia seguinte ou pr�ximos dias, como ocorre quando compro no fim do dia.

Compras 

Comecei a adiantar apenas minha lista: n�o tinha mais ovo (apenas algumas marcas org�nicas com caixas de 6 unidades), o estoque de macarr�o e arroz mais populares e consumidos acabou, frutas e legumes em falta, bem como algumas farinhas. Desisti na certeza de que ser� reposto. Pelo menos os representantes do setor afirmaram que pode haver ruptura de estoque por alguns dias, tempo de repor, mas que a cadeia alimentar n�o ser� comprometida. Como diria o nobre rep�rter deste jornal, Gustavo Werneck, “oremos”! Porque com duas crian�as em casa, o consumo � grande.

E por falar em crian�as, outra corrida, mas nesta conseguimos grande sucesso: comprar m�scaras, j� que os pequenos a partir de 6 anos dever�o usar para ir � escola a partir de segunda-feira. At� ent�o, o uso obrigat�rio era a partir de 11 anos. Mais uma medida para garantir a escola aberta, priorizando a educa��o e dando o recado de que, desta vez, ningu�m ficar� sem trabalhar para cuidar de filho em casa. E com a vantagem de n�o ter que disputar computador para trabalho e aula remota, j� que o teletrabalho n�o � uma op��o, mas a regra.

Hoje (ontem), as regras do reconfinamento, que n�o mudaram tanto assim, foram detalhadas pelo primeiro-ministro franc�s Jean Castex em coletiva de imprensa. Para sair de casa, s� com atestado em papel ou baixado em aplicativo espec�fico para as atividades permitidas (como na primeira onda), emitido pelo empregador nos casos em que o trabalho a dist�ncia n�o � poss�vel e um espec�fico emitido pela escola para os pais que buscam seus filhos e para os adolescentes que v�o sozinhos. Esse ainda um mist�rio, pois n�o consigo imaginar como a escola conseguir� parar para produzir tudo isso. Bem, semana que vem conto para voc�s!
 
 
 
 

Aproveitando 

(foto: Philippe Lopez/AFP )
(foto: Philippe Lopez/AFP )
 
Em Paris – Na capital da Fran�a, os parisienses lotaram bares e caf�s algumas horas antes de ter in�cio o confinamento nacional. Governo decretou isolamento no sentido de fechar setores de sua economia como parte dos esfor�os acelerados em todo o mundo para conter um coronav�rus ressurgente e ainda limitar as consequ�ncias financeiras. A partir da zero hora de hoje bares e restaurantes ficaram fechados novamente
 
 



enquanto isso...
…Federa��o suspende jogos de futebol

A Federa��o Francesa de Futebol (FFF) anunciou ontem a suspens�o da disputa da Copa da Fran�a e de todas as ligas amadoras, masculinas e femininas, at� 1º de dezembro por causa da segunda onda do coronav�rus no pa�s. A decis�o foi tomada ap�s o governo local determinar lockdown parcial na quarta-feira, quando a Fran�a registrou mais de 36 mil casos de COVID-19, com 244 mortes. “O mundo do futebol deve se juntar ao esfor�o coletivo contra a segunda onda dessa epidemia”, escreveu a FFF em  comunicado oficial. A suspens�o vai parar as disputas da National 3 (terceira divis�o), National 2 (quarta divis�o), a segunda divis�o do futebol feminino, a Copa da Fran�a, e os campeonatos de categorias de base, para homens e mulheres. Todas as competi��es ter�o seus jogos remarcados. As tr�s primeiras divis�es do futebol masculino (Ligue 1, Ligue 2 e National), o Campeonato Franc�s feminino e os jogos das sele��es continuar�o em atividade, com port�es fechados.
 
 
 

Medidas mais r�gidas se
espalham por toda a Europa


O n�mero de contamina��es di�rias na Europa dobrou nas �ltimas duas semanas, com mais de 250.000 casos de COVID-19 registrados pela primeira vez na quarta-feira, de acordo com uma contagem da ag�ncia Reuters. A regi�o relatou at� agora cerca de 9,5 milh�es de casos e cerca de 261.000 mortes. Novas medidas de restri��o est�o sendo tomadas em toda a Europa, mas os n�meros alarmantes pressionam os governos a tomarem medidas mais r�gidas, como novos lockdowns.

O continente viu seus casos diminu�rem e flexibilizou as medidas de restri��es durante o ver�o, numa tentativa de reaquecer a economia. Mas a volta das atividades, como a reabertura de bares e restaurantes e de universidades, gerou um aumento significativo de casos de contamina��o, interna��es e mortes pelo novo coronav�rus �s v�speras do inverno. O diretor do Programa de Emerg�ncias em Sa�de da Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), Dr. Michael Ryan, afirmou que a Europa � novamente um dos epicentros da doen�a e que medidas mais r�gidas e abrangentes ser�o necess�rias.
 

 Covid

9,5 milh�es

casos confirmados na 
regi�o at� agora
 
 

�bitos

61 mil

mortos por coronav�rus
 
 
 
Com o aumento dos casos, os pa�ses correm para conter a pandemia. Portugal registrou um novo recorde di�rio de novos casos de COVID-19 ontem. A ministra da Sa�de, Marta Temido, afirma que a situa��o � “grave e complexa” e alerta que 75% dos leitos do Sistema Nacional de Sa�de (SNS) est�o ocupados. O primeiro-ministro Ant�nio Costa, vai se reunir com a oposi��o e especialistas hoje e convocou uma reuni�o extraordin�ria do Conselho de Ministros para amanh� para avaliar e decidir sobre a��es imediatas de combate � pandemia.

A Alemanha adotar� um novo confinamento parcial a partir de segunda-feira em meio a um aumento recorde de casos. Bares, restaurantes, casas de eventos e teatros permanecer�o fechados pelo menos at� o dia 30 de novembro e os demais com�rcios ser�o obrigados a seguir medidas r�gidas de distanciamento e seguran�a para permanecerem funcionando. As escolas e creches permanecer�o abertos. Reuni�es particulares estar�o limitadas a um m�ximo de duas fam�lias. As novas medidas de restri��o ser�o revistas em meados de novembro.

A It�lia registrou 26.831 novas infec��es por COVID-19 nas �ltimas 24 horas, o maior aumento di�rio em casos de coronav�rus desde o in�cio da pandemia. O n�mero representa um novo recorde. Um total de 37.905 pessoas j� morreram na It�lia, enquanto 589.766 casos da doen�a foram registrados at� o momento. Sob as novas restri��es, bares e restaurantes devem parar de atender aos clientes �s 18h, enquanto cinemas, teatros, piscinas e academias devem fechar completamente.

O Minist�rio da Sa�de da Espanha registrou ontem 23.580 novos casos de infec��es pelo coronav�rus, batendo um novo recorde di�rio. Os n�meros refor�am a tend�ncia de aumento da epidemia na Espanha. O governo votou a favor de uma extens�o de seis meses do estado de emerg�ncia, que permite aos 17 governos regionais da Espanha limitar a mobilidade, impor toques de recolher e fechar suas fronteiras com outras regi�es. Muitas dessas regi�es j� decretaram o fechamento das fronteiras internas at� 9 de novembro.

A pandemia de COVID-19 atingiu um est�gio “cr�tico” no Reino Unido, que adotou novas medidas de distanciamento e de restri��es, incluindo a proibi��o de milh�es de pessoas de se reunir em fam�lia e o fechamento de pubs, mas especialistas alertam para pouca efetividade das a��es. Um membro do governo afirmou que grandes reuni�es podem ser proibidas at� mesmo no Natal.

*Estagi�rio sob supervis�o do subeditor Marc�lio de Moraes







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