A corrida pela Casa Branca, entre o republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden, aproximava-se do fim nesta ter�a-feira, com o fechamento das urnas em sete estados, em elei��es atingidas pela pandemia e em meio a uma polariza��o profunda.
Mais de 100 milh�es votaram antecipadamente - pelo correio ou pessoalmente -, um n�mero recorde, que representa mais de 73% do total de votos emitidos h� quatro anos.
A vota��o foi encerrada em Indiana, Kentucky, Carolina do Sul, Vermont, Virg�nia, Virg�nia Ocidental e Ge�rgia, um reduto vermelho s�lido que os apoiadores de Biden esperam pintar de azul.
As grandes redes projetaram uma vit�ria de Trump em Indiana, Kentucky e Virg�nia Ocidental, o que lhe daria um total de 24 votos eleitorais dos 270 necess�rios para a vit�ria, segundo o sistema americano de vota��o universal indireta, em que o voto popular se traduz em delegados de um Col�gio Eleitoral. As redes tamb�m previram uma vit�ria de Biden em Vermont e Virg�nia, o que se traduz em 16 votos eleitorais.
"ESTAMOS MUITO BEM EM TODO O PA�S. OBRIGADA!", tuitou Trump, que acompanhava da Casa Branca os resultados. Antes, disse n�o estar pensando no discurso de derrota ou vit�ria. "Ganhar � f�cil. Perder nunca � f�cil, pelo menos para mim", declarou em Arlington, Virg�nia.
Biden tamb�m se mostrou confiante, embora tenha dito ser supersticioso e preferido n�o antecipar nenhum resultado. "O que ouvi � que h� uma participa��o esmagadora, especialmente de jovens e mulheres, negros", disse em Wilmington, Delaware, onde reside, o que considerou "um bom press�gio".
O ex-vice-presidente de Barack Obama conta com 51,2% de pessoas o apoiando diante dos 44% do atual presidente, e tem uma lideran�a de 2,3 pontos percentuais em Estados-chave para vencer a elei��o, segundo a m�dia das pesquisas feitas pelo RealClearPolitics.
Antes, na Filad�lfia, Biden teve uma s�rie de lapsos, confundindo uma neta com outra e, erroneamente, aludindo ao filho falecido. A perda de capacidade cognitiva de Biden tem sido uma fonte constante de zombaria de Trump.
- Longa noite -
Os Estados Unidos se preparavam para demorar a conhecer o vencedor das elei��es, uma vez que, em alguns estados, a apura��o poder� levar dias. Os centros eleitorais ir�o fechar ao logo da noite, at� as 6h GMT, quando os �ltimos votos ser�o depositados no Alasca.
"Dever�amos ter o direito de saber quem ganhou em 3 de novembro", declarou Trump, que, muitas vezes, questionou a legitimidade do voto por correspond�ncia e da recontagem p�s-eleitoral. "Acho que teremos uma �tima noite, mas � pol�tica... nunca se sabe", acrescentou, em Arlington, Virg�nia.
Antes, o presidente havia minimizado as afirma��es de que planejava se declarar vencedor antes do fim da vota��o. "N�o h� raz�o para jogos", disse, durante entrevista por telefone � Fox News.
A vota��o est� disputada em Arizona, Carolina do Norte, Fl�rida, Ge�rgia, Michigan, Ohio e Pensilv�nia.
- A favor e contra -
Dos 100,1 milh�es de votos antecipados, estima-se que 44,8% sejam democratas, mas os republicanos confiavam numa participa��o em massa.
"Quem vai votar em Biden?" Clara Gim�nez, cubana de 49 anos que desembarcou do barco "Mariel" em 1980, questionou em Miami e escolheu Trump "porque ele � anticomunista e porque � milion�rio, n�o precisa de dinheiro, nem de fama."
Annie Belman, por sua vez, optou por Biden, cuja campanha questionou duramente a forma como o governo Trump enfrentou a pandemia de covid-19, que j� matou mais de 231.000 americanos. "A abordagem de Trump contra a ci�ncia e seu comportamento temer�rio � uma das muitas raz�es pelas quais eu nunca votaria nele", disse a septuagen�ria.
Na Calif�rnia, Joel Luis, oper�rio mexicano de 56 anos, disse com orgulho que votou em Trump, apesar de ter votado em Clinton em 2016. "Minha situa��o melhorou nesses quatro anos", afirmou.
"N�o sei como algu�m pode gostar de Trump, quero que ele seja preso", desabafou Alex Tovar, outro mexicano, que passou 40 de seus 58 anos nos Estados Unidos. Ambos s�o de East LA, localidade de Los Angeles onde mais de 95% da popula��o � hisp�nica.
A principal minoria �tnica do pa�s prefere Biden, e seu voto pode impactar estados importantes, de acordo com NALEO Educational Fund e Latino Decisions. Mais de 8,6 milh�es de hisp�nicos j� votaram antecipadamente, mais do que o dobro de 2016.
- Medo de dist�rbios -
A possibilidade de que o pa�s volte a ser azul democrata, ou permane�a vermelho republicano, aumenta o temor aos dist�rbios sociais, depois das manifesta��es por vezes violentas contra o racismo que abalaram o pa�s este ano.
A capital Washington, como outras grandes cidades, amanheceu com suas lojas e escrit�rios fechados e as for�as policiais em alerta m�ximo. Trump, que h� um m�s foi hospitalizado por causa da covid-19, e Melania, que tamb�m foi infectada, organizaram uma festa para aguardar os resultados.
Al�m da presid�ncia e da vice-presid�ncia, as 435 cadeiras na C�mara dos Deputados ser�o escolhidas, e se espera que os democratas mantenham e, possivelmente, aumentem sua lideran�a. Al�m disso, cerca de um ter�o do Senado est� na disputa, onde os republicanos correm o risco de perder sua maioria de 53-47.
O mundo inteiro acompanha de perto a elei��o desta ter�a-feira, depois de um primeiro mandato de Trump marcado por rela��es tensas com aliados da OTAN, a retirada de Washington do Acordo do Clima de Paris e da Organiza��o Mundial da Sa�de, e a ren�ncia ao acordo nuclear com o Ir�.
O continente americano tamb�m observar� o resultado diante do novo T-MEC que envolve o M�xico e o Canad�, da sintonia dos Estados Unidos com o Brasil e do confronto com a Venezuela, Cuba e Nicar�gua.
A liga��o da principal pot�ncia econ�mica com a China, abalada nos �ltimos quatro anos n�o s� por raz�es comerciais - mas porque Trump culpa Pequim pela pandemia - preocupa o mundo inteiro.
Wall Street fechou em forte alta neste dia de elei��es, ap�s seu pior desempenho desde mar�o na semana passada.