Com o avan�ar da contagem de votos que colocou o democrata Joe Biden mais pr�ximo de Casa Branca, Jair Bolsonaro trocou o otimismo das primeiras horas de apura��o pela narrativa do colega americano Donald Trump de que o processo eleitoral dos Estados Unidos est� fraudado. Diante do cen�rio adverso, nos bastidores, a torcida no Pal�cio do Planalto passou a ser para que Trump reverta a derrota com a recontagem na Suprema Corte.
Ao chegar no Pal�cio da Alvorada no in�cio da noite desta quarta-feira, 4, Bolsonaro evitou comentar a situa��o, seguindo o orienta��o de auxiliares da �rea internacional para que se mantivesse neutro diante de uma judicializa��o da elei��o americana.
"O que que tu acha? Todo mundo acompanhando. Parece que foi judicializado o neg�cio l�, n�. Um estado ou outro. Esperar um pouquinho", disse Bolsonaro ao ser questionado por um apoiador na chegada do Pal�cio da Alvorada.
"A esperan�a � a �ltima que morre", respondeu o presidente a uma apoiadora que relatou a ansiedade pela apura��o dos votos na elei��o americana. "O que seria de n�s sem o senhor e o Trump? A gente est� aqui com o cora��o na m�o pelo que est� acontecendo nos Estados Unidos", afirmou a mulher.
Pela manh�, no entanto, o presidente, que passou a madrugada checando os resultados, disse que achava que Trump ganharia a disputa. Ele voltou a dizer que n�o se tratava de uma interfer�ncia, mas de uma prefer�ncia.
Bolsonaro passou o dia de olho na apura��o da elei��o dos Estados Unidos com a televis�o ligada e recebendo an�lises do cen�rio do assessor-chefe para Assuntos Internacionais, Filipe Martins. Ele ainda almo�ou com o ministro de Rela��es Exteriores, Ernesto Ara�jo, e se reuniu com os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Braga Netto (Casa Civil) e Jos� Levi (Advocacia-Geral da Uni�o).
Diante das not�cias indicando o quadro favor�vel a Biden, Bolsonaro fez uma piada com os ministros dizendo que se Trump n�o vencesse jogaria o Filipe Martins da janela do terceiro andar do Planalto, onde est� localizado o seu gabinete. Na previs�o do assessor, Trump levaria os votos do Arizona. A proje��o de vit�ria no Estado � para Biden e at� agora o �nico equivoco da perspectiva de Martins. Com 86% das urnas apuradas no Estado, o Planalto ainda acreditava que seria poss�vel uma reviravolta.
O assessor se tornou uma esp�cie de or�culo do governo sobre as elei��es americanas ap�s ter acertado o resultado de 2016, com vit�ria de Trump sobre Hillary Clinton. Neste ano, Martins tra�ou tr�s cen�rios poss�veis, em um deles com vit�ria de Trump se daria com 280 delegados dos col�gios eleitorais dos 538. O vencedor precisa de 270 delegados.
Ao longo dia, aliados do presidente passaram a compartilhar publica��es nas redes sociais de sites americanos de direita com supostas den�ncias de fraudes, nenhuma comprovada. Entre ela uma postagem que engana ao afirmar que c�dulas com votos para Donald Trump foram achadas enterradas no Arizona. De acordo com a Procuradoria Geral do Estado americano, os votos foram encontrados em envelopes selados - portanto, n�o � poss�vel atribu�-los ao candidato republicano. Al�m disso, as c�dulas roubadas foram devolvidas aos eleitores, que tiveram a oportunidade de reenviar seus votos.
E se der Biden?
Apesar da torcida por Trump seguir, interlocutores do Planalto j� veem na vit�ria de Biden o aumento da press�o para a sa�da do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e das Rela��es Exteriores, Ernesto Ara�jo. Os dois atualmente s�o vistos como entraves at� mesmo para uma rela��o pragm�tica com um governo democrata.
A pol�tica ambiental do governo Bolsonaro foi alvo de cr�tica de Joe Biden no primeiro debate no fim de setembro. Na ocasi�o, o democrata prometeu se juntar com outros pa�ses e oferecer US$ 20 bilh�es para ajudar na preserva��o da Amaz�nia. "Parem de destruir a floresta e, se n�o fizer isso, voc� ter� consequ�ncias econ�micas significativas", completou, indicando poss�veis retalia��es ao governo brasileiro.
Bolsonaro respondeu, dizendo que a observa��o era "lament�vel" e "desastrosa". Nesta quarta-feira de manh�, ele voltou a criticar Biden. "O candidato democrata, em duas oportunidades, falou sobre a Amaz�nia. � isso que voc�s est�o querendo para o Brasil? A� sim uma interfer�ncia de fora pra dentro", declarou.
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