A grande maioria dos legisladores republicanos at� agora se recusou a reconhecer a vit�ria de Joe Biden nas elei��es presidenciais dos Estados Unidos, uma ruptura hist�rica com a tradi��o pol�tica que demonstra, acima de tudo, a alta popularidade que Donald Trump mant�m entre seus eleitores.
"Os republicanos no Congresso est�o deliberadamente colocando as nossas elei��es em d�vida por raz�o nenhuma al�m do medo de Donald Trump", disse o l�der da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, nesta quinta-feira (12).
Por tr�s dessas declara��es h� uma realidade muito concreta: n�o h� d�vida de que a derrota de Trump foi selada no s�bado, mas tamb�m � verdade que o presidente em exerc�cio deixou clara sua persistente popularidade nas fileiras republicanas.
Enquanto um punhado de congressistas do partido rapidamente reconheceu a vit�ria do candidato democrata, como o senador Mitt Romney, muitos outros permaneceram em sil�ncio ou apoiaram publicamente as alega��es infundadas de fraude ou "roubo" do presidente.
"Isso faz sentido porque Trump ainda mant�m a lealdade de pelo menos oito em cada dez republicanos, que disseram nas pesquisas que n�o acreditam que [a elei��o de] Biden seja leg�tima e acham que Trump deveria continuar lutando", explicou � AFP David Barker, professor de Ci�ncia Pol�tica na Universidade Americana de Washington.
Os deputados republicanos "temem uma rea��o hostil de seus eleitores se adotarem um ponto de vista contr�rio" a Trump, ponderou.
"N�o podemos negar que este presidente ser� o l�der de nosso partido nas pr�ximas d�cadas", afirmou a porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, na quinta-feira.
Muitos l�deres estrangeiros j� parabenizaram Joe Biden por sua vit�ria, mas at� esta quinta-feira o presidente dos Estados Unidos se recusava a reconhecer sua derrota.
O ex-vice-presidente de Barack Obama, no entanto, ultrapassou os 270 votos eleitores necess�rios para chegar � Casa Branca e tomar� posse, aos 78 anos, em 20 de janeiro de 2021.
Ap�s lembrar que os ex-presidentes republicanos George Bush e Gerald Ford foram "muito corteses" ao entregar o poder aos democratas que os derrotaram, Bill Clinton e Jimmy Carter, respectivamente, o cientista pol�tico Miles Coleman, da Universidade da Virg�nia, observou que a atual posi��o da campanha republicana "� um testemunho da lealdade do partido" ao ex-magnata do setor imobili�rio.
Trump "manter� uma influ�ncia consider�vel sobre o partido" no futuro e, ao ecoar suas acusa��es, os parlamentares buscam "destacar sua solidariedade com a base" republicana, avaliou Coleman.
- "Ruptura" in�dita -
Um deles, o senador Lindsey Graham, chegou a afirmar, dois dias antes do an�ncio da vit�ria de Biden, que poderia questionar a legitimidade da elei��o.
"Estou aqui esta noite para apoiar o presidente Trump, como ele me apoiou", disse ele na quinta-feira passada, ap�s vencer sua pr�pria reelei��o na Carolina do Sul, ao contr�rio do que previam as pesquisas.
"Graham se definiu nos �ltimos anos como um dos mais leais partid�rios de Trump e talvez ele esteja constatando que valeu a pena eleitoralmente", apontou o cientista pol�tico.
Os advogados do presidente entraram com a��es judiciais em v�rios estados-chave para contestar os resultados, embora at� agora n�o tenham obtido sucesso.
"O objetivo parece ser minar a confian�a dos eleitores na legitimidade das elei��es e arrecadar fundos", disse Joshua Douglas, professor da Universidade de Kentucky.
De fato, o Partido Republicano lan�ou um apelo online por doa��es com o t�tulo "Os democratas tentar�o roubar esta elei��o!".
As d�vidas plantadas sobre a vit�ria de Biden "tamb�m podem servir em parte para galvanizar a base republicana antes das elei��es parciais na Ge�rgia" para o Senado, marcadas para 5 de janeiro e cruciais para determinar a maioria na c�mara alta.
Os republicanos hoje controlam o Senado, mas os democratas esperam conquistar as duas cadeiras dispon�veis nesse estado do sudeste. E a mobiliza��o dos eleitores de ambos os partidos ser� fundamental.
A recusa em reconhecer a vit�ria de Joe Biden "marca uma ruptura com os padr�es democr�ticos absolutamente sem precedentes", afirmou Douglas.
Por�m, "a probabilidade de que algum dos recursos judiciais [movidos pelos republicanos] altere o resultado � extremamente baixa", concluiu.