A corrida pela vacina contra a covid-19 tamb�m � uma batalha de n�meros, como mostram os an�ncios sobre a efic�cia de cada projeto, que varia entre 70% em m�dia para o caso da AstraZeneca e da Universidade de Oxford e 95% para o da Pfizer/BioNTech.
- Como a efic�cia � medida?
Entre os volunt�rios em cada estudo, alguns recebem a vacina e outros um placebo, para que a compara��o possa ser feita. Todos eles levam uma vida normal durante os testes. Com o tempo, alguns naturalmente s�o infectados pela covid-19.
Se a vacina for eficaz, o n�mero de pacientes ser� menor entre os vacinados em compara��o com o segundo grupo. Teoricamente, uma vacina � 100% eficaz se n�o houver nenhum paciente no primeiro.
Os resultados anunciados recentemente por v�rios fabricantes se referem � �ltima etapa dos ensaios cl�nicos, a fase 3, com dezenas de milhares de volunt�rios.
Eles foram publicados quando um certo n�mero de infectados foi alcan�ado: 95 no caso da farmac�utica americana Moderna, 170 para a alian�a alem�o-americana Pfizer/BioNTech e 131 para o projeto europeu AstraZeneca/Oxford.
- Quais s�o os resultados?
A dupla Pfizer/BioNTech anunciou uma efic�cia de 95%, entre 170 doentes: oito pertenciam ao grupo vacinado e 162 ao grupo do placebo. Quase o mesmo da Moderna, que mostrou 94,5% de efetividade, com cinco pacientes no primeiro grupo e 90 no segundo.
A Pfizer mediu a efic�cia de sua vacina uma semana ap�s a segunda e �ltima dose e a Moderna, duas semanas depois.
Por sua vez, a AstraZeneca e a Universidade de Oxford anunciaram uma efic�cia m�dia de 70% nesta segunda-feira, com base nos resultados de dois protocolos diferentes.
A efici�ncia foi de 90% entre os volunt�rios que receberam meia dose primeiro e, um m�s depois, uma dose completa. J� entre o grupo que recebeu duas doses completas, caiu para 62%.
"Todos esper�vamos que as duas doses completas provocassem uma resposta melhor. (Mas) parece que uma dose inicial menos forte permite que o sistema imunol�gico se prepare" para agir de forma mais eficaz, explicou um dos pesquisadores respons�veis pelo projeto, Andrew Pollard, em coletiva de imprensa.
Isso pode ser porque meia dose "imita melhor o que acontece em uma infec��o verdadeira", de acordo com sua colega Sarah Gilbert.
Outra hip�tese tem a ver com a tecnologia dessa vacina, chamada de "vetor viral": consiste no uso de outro v�rus, um adenov�rus de chimpanz�, que � modificado para transportar at� as c�lulas material gen�tico capaz de combater a covid-19.
Segundo v�rios especialistas, uma primeira dose completa poderia pressionar o sistema imunol�gico a combater o v�rus usado como ve�culo, causando efeito oposto ao que se busca.
Por fim, o instituto russo Gamale�a garantiu que sua vacina tinha efic�cia de 92%, com base em um n�mero muito pequeno de doentes (20).
- Qual � a mais eficaz?
Como os resultados foram apresentados em um comunicado � imprensa, sem uma publica��o cient�fica detalhada, � imposs�vel determinar qual vacina pode ser mais eficaz no geral.
Alguns especialistas, por�m, apontam a da AstraZeneca/Oxford, j� que "ao contr�rio dos outros estudos, esta equipe diagnosticou semana a semana todos os participantes para detectar infec��es assintom�ticas", segundo a m�dica Eleanor Riley, da Universidade de Edimburgo, citada pela organiza��o brit�nica Science Media Centre.
Uma das principais quest�es � saber se a vacina impede a transmiss�o do v�rus, al�m de reduzir a gravidade da doen�a entre os que foram vacinados.
"H� evid�ncias de que a vacina pode reduzir a transmiss�o do v�rus, pois observamos uma diminui��o das infec��es assintom�ticas", apontou a Universidade de Oxford. Entretanto, esses dados s�o preliminares.
"As diferen�as de efic�cia s�o baseadas em uma an�lise de 100 a 200 pacientes de um total de 30.000 a 50.000 volunt�rios para cada vacina, portanto, esses n�meros podem variar substancialmente mais tarde", alertou outro especialista, o m�dico Julian Tang, da Universidade de Leicester, citado pelo Science Media Centre.
- Eficaz para quem?
Entre outras d�vidas a serem resolvidas, vale saber por quanto tempo essas vacinas protegem, bem como se sua a��o � a mesma entre os grupos mais vulner�veis, como os idosos, que s�o muito mais suscet�veis a adoecer gravemente pela covid-19.
A parceria Pfizer/BioNTech afirmou que a efic�cia de sua vacina � "superior a 94% entre os maiores de 65 anos", sem que se saiba por enquanto os detalhes cient�ficos que sustentam esta alega��o.
Enquanto isso, a AstraZeneca e Oxford publicaram seus resultados na prestigiosa revista m�dica The Lancet em 19 de novembro: mostram que sua vacina provoca a mesma resposta em pessoas acima de 56 anos de idade que entre os mais jovens (18-55 anos). No entanto, trata-se de descobertas da fase 2, com um n�mero muito menor de volunt�rios (560) e n�o representativos da popula��o geral.