"� um momento incr�vel. Temos nossa liberdade em nossas m�os e depende de n�s aproveit�-la ao m�ximo", declarou o primeiro-ministro Boris Johnson em discurso de fim de ano.
Johnson vive uma importante vit�ria pessoal ap�s assumir as r�deas do Brexit em julho de 2019.
Seu executivo ainda evitou um choque de �ltima hora, chegando a um acordo com o governo espanhol nesta quinta-feira para manter a fronteira com Gibraltar aberta: o pequeno enclave brit�nico no extremo sul da Pen�nsula Ib�rica ser� integrado � zona Schengen de livre circula��o de pessoas.
Apesar do Brexit, "o Reino Unido segue sendo nosso vizinho, mas tamb�m um amigo e aliado", afirmou o presidente da Fran�a, Emmanuel Macron, em mensagem de fim de ano, atribuindo o div�rcio a "muitas mentiras e falsas promessas".
Ap�s anos de caos e confronto pol�tico, o Reino Unido deixou oficialmente a UE em 31 de janeiro, colocando em pr�tica o que os brit�nicos decidiram por 52% dos votos em um pol�mico referendo de junho de 2016.
No entanto, durante onze meses, o pa�s viveu o chamado "per�odo de transi��o", durante o qual continuou a aplicar as regras europeias enquanto negociava a sua futura rela��o com os seus 27 antigos parceiros.
- Esperan�a e ansiedade-
Impedida pela pandemia do coronav�rus e pela resolu��o de Londres de "recuperar sua total soberania" e pela UE de "proteger o mercado �nico", a negocia��o parecia condenada em v�rias ocasi�es.
Por�m, em 24 de dezembro, horas antes da v�spera de Natal, acabou dando frutos: a fa�anha de chegar ao acordo de livre com�rcio mais completo e abrangente poss�vel no prazo recorde de dez meses, em vez dos v�rios anos que esses acordos costumam exigir.
Com ele, a UE oferece ao seu ex-parceiro acesso sem precedentes sem tarifas e sem cotas ao seu enorme mercado de 450 milh�es de consumidores em troca do compromisso do Reino Unido de respeitar uma s�rie de regras que ir�o evoluir ao longo do tempo sobre o meio ambiente, trabalho e direitos fiscais para evitar qualquer concorr�ncia desleal.
Isso evitar� que o caos se instale nas fronteiras brit�nicas �s 11:00 GMT (20h, Bras�lia), meia-noite na Europa continental, seus portos sejam bloqueados pelo ac�mulo de cargas sujeitas a procedimentos aduaneiros deixando o Reino em escassez de produtos em meio a um terceiro pelo alta dos casos de coronav�rus.
No entanto, apesar do acordo, a burocracia vai aumentar e os despachantes aduaneiros de Dover, principal porto brit�nico no Canal da Mancha, est�o preocupados com os novos procedimentos.
"Ser� melhor, devemos nos autogovernar e ser nossos pr�prios patr�es", disse Maureen Martin, uma inglesa aposentada, � AFP, enquanto Kirk Hughes, um funcion�rio de TI, reconheceu estar "um pouco ansioso" com poss�veis transtornos durante as "semanas de transi��o".
Enquanto isso, nas ruas de Dublin, capital da vizinha Irlanda, que finalmente descartou a amea�a de uma fronteira r�gida com a Irlanda do Norte, alguns como Fiona Muldoon expressaram "uma grande decep��o". "Acho que � ruim para a UE e muito ruim para a Irlanda", disse.
- Olhando para o futuro -
Devido � pandemia, n�o haver� comemora��es. S� o Big Ben, o imenso sino da torre norte do Parlamento brit�nico, em restaura��o desde 2017, quebrar� o sil�ncio para tocar na virada e tamb�m uma hora antes, em um dos testes de seu mecanismo.
Os desafios agora s�o consider�veis para o governo Johnson, que prometeu dar ao Reino Unido um novo lugar no mundo.
No entanto, ele est� prestes a perder um aliado poderoso com a sa�da de Donald Trump, um apoiador do Brexit que ser� substitu�do na Casa Branca pelo democrata mais pr�-europeu Joe Biden.
No n�vel nacional, o executivo conservador deve se esfor�ar para reunificar os brit�nicos, divididos por um Brexit que contrariou a Esc�cia e a Irlanda do Norte.
"Deixamos um lugar vazio � mesa na Europa" mas "n�o ficar� vazio por muito tempo", amea�ou na quarta-feira o deputado escoc�s pr�-independ�ncia Ian Blackford, cujo partido, o SNP, exige um novo referendo sobre autodetermina��o, depois do vencido em 2014, com a esperan�a de poder reintegrar a UE como um Estado independente.
Desde sua entrada na Comunidade Econ�mica Europeia em 1973, a rela��o brit�nica com o bloco tem sido marcada por conflitos.
Mais interessado na integra��o econ�mica do que pol�tica, Londres se recusou em 1985 a participar dos acordos de Schengen e em 1993 da moeda �nica europeia, al�m de pedir redu��o na contribui��o do or�amento comum.
Agora, a UE perde definitivamente este importante membro, de 66 milh�es de habitantes e uma economia de 2,85 trilh�es de d�lares, e ganha o medo de que outros nacionalismos populistas sigam o exemplo.
Por�m, livre dos freios brit�nicos, poder� continuar trabalhando em seu projeto de maior integra��o pol�tica.
"Foi um longo caminho. � hora de deixar o Brexit para tr�s. Nosso futuro se constr�i na Europa", disse a presidente da Comiss�o Europeia, Ursula von der Leyen.
LONDRES