Multid�o invade Capit�lio nos EUA e Trump � acusado de tentativa de 'golpe'

Apoiadores do presidente Donald Trump invadiram o Congresso dos Estados Unidos nesta quarta-feira (6) durante a sess�o de certifica��o da vit�ria de Joe Biden, causando caos e acusa��es de uma tentativa de "golpe" ap�s um apelo de �ltima hora do presidente para reverter sua derrota eleitoral.

Uma multid�o enfurecida entrou no Capit�lio e for�ou a suspens�o dos debates logo ap�s o vice-presidente Mike Pence admitir que n�o tinha autoridade constitucional para se opor � confirma��o do triunfo de Biden.

"Estamos assumindo o controle da C�mara", disse um manifestante an�nimo � AFP. "Este � o nosso Congresso".

A invas�o em massa de partid�rios de Trump ocorreu ap�s um com�cio extraordin�rio do republicano em frente � Casa Branca, no qual ele clamou a seus seguidores para impedir a ratifica��o de Biden. "Nunca vamos desistir. Nunca vamos conceder" a vit�ria, garantiu.

Os incidentes no Capit�lio, que foi colocado sob isolamento, ocorrem enquanto o Partido Democrata caminha para ganhar dois assentos no Senado ap�s o segundo turno de ter�a-feira na Ge�rgia. Se a vit�ria se concretizar, Biden, que deve assumir a Presid�ncia no dia 20 de janeiro, ter� controle total do Congresso.

Os legisladores disseram que foram instru�dos a colocar m�scaras de g�s e deitar no ch�o, enquanto a pol�cia do Capit�lio sacava suas armas para proteg�-los.

A imprensa noticiou que uma pessoa foi baleada e ferida no local. A v�tima � uma mulher e levou um tiro no ombro, segundo um agente citado pelo Washington Post. Ela foi evacuada em uma maca e, segundo a pol�cia, teria morrido.

A prefeita de Washington ordenou um toque de recolher a partir das 18h locais (20h no hor�rio de Bras�lia) na capital federal, que vai at� as 6h da quinta-feira.

Diante da viol�ncia desencadeada, Trump, que antes havia instigado o protesto, pediu a seus apoiadores que se "mantivessem pac�ficos".

Mais de meia hora depois, enquanto os tumultos continuavam, ele insistiu em apaziguar os �nimos. "Pe�o a todos no Capit�lio dos Estados Unidos que se mantenham pac�ficos", disse Trump.

Depois, acrescentou em um v�deo de um minuto publicado no Twitter: "Sei que est�o sofrendo (...) Tivemos uma elei��o roubada de n�s, mas voc�s precisam ir para casa agora."

Legisladores democratas denunciaram uma tentativa de "golpe" de Estado. "Infelizmente, e perigosamente, uma parte do Partido Republicano acredita que sua sobreviv�ncia pol�tica depende do apoio a uma tentativa de golpe", afirmou o l�der democrata no Senado, Chuck Schumer.

"Um golpe em andamento", tuitou a congressista Val Demings. "Isso � anarquia. � uma tentativa de golpe", apontou seu colega Seth Moulton. "O presidente est� incitando terrorismo dom�stico", afirmou o parlamentar Mark Pocan.

"N�o reconhe�o nosso pa�s hoje e os membros do Congresso que apoiaram essa anarquia n�o merecem representar seus compatriotas", declarou a legisladora Elaine Luria.

- "Espiral mortal" -

N�o h� d�vida de que Biden se tornar� presidente, visto que os democratas j� controlam a C�mara dos Representantes, por�m, mais de 140 representantes e 10 senadores republicanos se uniram a Trump para contestar os resultados, embora nenhuma evid�ncia de fraude tenha sido comprovada nos tribunais.

Antes que o caos levasse � interrup��o no Congresso, o l�der republicano do Senado, Mitch McConnell, um defensor ferrenho de Trump por quatro anos, advertiu sobre os perigos da recusa a certificar a vit�ria de Biden, indicando um risco "mortal" para a democracia.

"Se esta elei��o fosse anulada com base em simples acusa��es dos derrotados, nossa democracia entraria em uma espiral mortal", disse McConnell durante uma sess�o que come�ou com as obje��es de dois congressistas republicanos aos resultados do estado do Arizona.

Nos �ltimos dias, milhares de partid�rios de Trump, convocados por ele, se reuniram em Washington, onde a presen�a da pol�cia foi refor�ada e muitas lojas e escrit�rios foram fechados pelo medo de confrontos.

"N�o posso dizer que respeito nosso processo eleitoral", afirmou � AFP Gail Shaw, de 76 anos, que viajou de Nova Jersey para os protestos. "Vamos retomar nossa na��o."

- Elei��o hist�rica na Ge�rgia -

A sess�o conjunta do Congresso come�ou no dia seguinte ao segundo turno da elei��o para o Senado no estado da Ge�rgia, onde os democratas desbancaram os republicanos no poder, segundo proje��es de emissoras de TV.

Assim, o Senado, atualmente controlado pelos republicanos, ficar� dividido em 50-50 e a vice-presidente democrata Kamala Harris ter� o voto de minerva.

"Ap�s os �ltimos quatro anos, ap�s as elei��es e ap�s os procedimentos de certifica��o eleitoral de hoje no Capit�lio, � hora de virar a p�gina", disse Biden em um comunicado anterior.

"Os americanos pedem a��o e querem unidade e estou mais otimista do que nunca de que a conseguiremos", declarou.

Na Ge�rgia, o senador eleito democrata Raphael Warnock, pastor da igreja de Atlanta onde pregava Martin Luther King, derrotou a republicana Kelly Loeffler, uma empres�ria de 50 anos designada em dezembro de 2019 para preencher uma vaga aberta no Senado.

Warnock, de 51 anos, tornou-se o terceiro afro-americano do sul dos EUA eleito ao Senado.

Na outra disputa da Ge�rgia para a C�mara alta, o democrata Jon Ossoff, um produtor audiovisual de 33 anos, conquistou a vit�ria nesta quarta-feira sobre o republicano David Perdue.

"Ge�rgia, muito obrigado pela confian�a que depositou em mim", agradeceu Ossoff, que ser� o senador democrata mais jovem desde Joe Biden, eleito em 1973.