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Estado de Minas PANDEMIA

A devasta��o na sa�de mental de profissionais de sa�de na pandemia de coronav�rus: 'Um viu 8 morrerem no mesmo dia

Diretora de organiza��o de apoio psicol�gico a profissionais de sa�de no Reino Unido diz que muitos est�o � beira do colapso


21/01/2021 08:16 - atualizado 21/01/2021 09:38

"Eles (m�dicos e profissionais de sa�de) est�o de joelhos. H� uma quantidade enorme de ansiedade. As pessoas se sentem mal s� de ter que ir trabalhar e pelo que v�o ver ali" (foto: Getty Images)

Os quase 12 meses enfrentando a pandemia t�m deixado profissionais de sa�de de hospitais e lares para idosos � beira do colapso mental, advertiu � BBC a brit�nica Claire Goodwin-Fee, diretora de uma organiza��o que oferece apoio psicol�gico gratuito a equipes m�dicas no Reino Unido.


Sua organiza��o, chamada Frontline19, tem atendido 1,8 mil desses profissionais por semana.

Em depoimento � BBC, Goodwin-Fee explicou a dimens�o dos problemas mentais e do fardo que t�m sido vivenciados pelas equipes de sa�de na linha de frente contra o coronav�rus:

'As pessoas se sentem mal s� de ter que ir trabalhar'

"Eles (m�dicos e profissionais de sa�de) est�o de joelhos. H� uma quantidade enorme de ansiedade. As pessoas se sentem mal s� de ter que ir trabalhar e pelo que v�o ver ali.

Eles veem m�ltiplas mortes em um �nico turno de trabalho. Outro dia, um (me disse que) viu oito ou nove pessoas morrerem.

Outra pessoa entrou em contato conosco e disse: 'quando chegar a hora de voltar ao meu plant�o, amanh�, sei que seis dos meus pacientes n�o v�o mais estar vivos. Como lido com isso?'

Equipes na linha de frente n�o est�o tendo tempo de processar tudo. Ent�o � trauma atr�s de trauma atr�s de trauma. E no entanto essas pessoas voltam para suas casas, jantam, tentam relaxar o m�ximo que conseguem, se desinfectam — o tempo todo se preocupando quanto a se v�o contaminar as pessoas com as quais vivem.

Alguns deles v�o funcionar no piloto autom�tico, at� o momento em que ficarem fisicamente incapacitados, mas porque est�o sendo empurrados ao limite.


Claire Goodwin-Fee dirige uma organização chamada Frontline19, que tem atendido 1,8 mil profissionais de saúde por semana(foto: @frontline19)
Claire Goodwin-Fee dirige uma organiza��o chamada Frontline19, que tem atendido 1,8 mil profissionais de sa�de por semana (foto: @frontline19)

'Ele colocou a cabe�a na mesa, solu�ou e disse: n�o aguento mais'

Atendemos um m�dico que tem uma jovem fam�lia, mas est� se mantendo distante deles e estava traumatizado pelo fato de ter perdido dois de seus colegas para a covid-19. Em um dos turnos, ele logo cedo perdeu cinco pacientes, e logo que os leitos ficaram vagos, foram preenchidos com outros pacientes.

Foi quando ele teve que telefonar para os parentes das pessoas que infelizmente haviam falecido. Ele disse que n�o estava preparado para aquilo — n�o sabia o que dizer. Ele desligou o telefone, colocou a cabe�a na mesa, solu�ou e disse: 'n�o aguento mais'.

Param�dicos dizem que chegam � casa das pessoas, olham para elas e sabem que elas v�o morrer, de t�o doentes que est�o.

Um desses eventos pode acontecer, e voc� provavelmente consegue lidar com ele se tiver apoio adequado. Mas isso est� acontecendo in�meras vezes por turno. Como algu�m consegue lidar com isso?

Equipes de cuidados m�dicos domiciliares tamb�m tiveram muitas dificuldades durante esta pandemia. A dedica��o e compaix�o deles pelas pessoas de quem cuidado � incr�vel e inspiradora. Muitos se mudaram aos asilos porque n�o queriam arriscar a contamina��o (nos deslocamentos).

Alguns contam que perderam 70% das pessoas nesses lares. Lavaram e vestiram seus corpos, e s�o pessoas com as quais tinham uma rela��o: pessoas que ajudaram a alimentar, a cuidar, com quem conversavam e compartilhavam mem�rias.

E da� t�m de vesti-los para seus vel�rios, e voltar para casa ou ir para o andar de cima (do lar do idoso) e tentar relaxar. � horroroso, absolutamente horroroso. E lares de idosos foram ignorados por muito tempo e precisam de apoio.


Segundo Goodwin-Fee, equipes médicas não estão tendo tempo ou condições de se recuperar dos eventos traumáticos que estão presenciando na pandemia(foto: Getty Images)
Segundo Goodwin-Fee, equipes m�dicas n�o est�o tendo tempo ou condi��es de se recuperar dos eventos traum�ticos que est�o presenciando na pandemia (foto: Getty Images)

H� tamb�m m�dicos morando em garagens ou hot�is, mantendo-se distantes de seus entes queridos, porque sabem que a nova variante (do coronav�rus) � mais contagiosa ent�o precisam proteg�-los — ao mesmo tempo em que t�m de ser m�es e pais, av�s e av�s.

E tem gente que diz 'a covid-19 n�o existe'. Adoraria que as pessoas pudessem ver o que est� acontecendo dentro das alas (hospitalares). � horr�vel.

Conversei com algumas pessoas a respeito das iniciativas de aplaudir profissionais de sa�de. Sei que a inten��o � boa, mas as (equipes m�dicas) est�o furiosas. Eles n�o querem aplausos. Eles querem que as pessoas fiquem em casa e, se tiverem de sair, que saiam de m�scara.

'O sistema est� come�ando a quebrar'

H� equipes que j� haviam passado por situa��es de terrorismo e nunca receberam apoio. Agora, com a pandemia, muitos desenvolveram algo chamado de TEPT complexo (TEPT � sigla de transtorno de estresse p�s-traum�tico), que � quando algu�m assiste a numerosas situa��es de estresse.

Muitos continuam trabalhando, mesmo tendo o transtorno. Outros est�o de licen�a m�dica, vivendo em total colapso mental, de t�o traumatizados pelo que est�o vendo.


Mesmo com vacinas sistemas de saúde enfrentam graves obstáculos na pandemia(foto: PA Media)
Mesmo com vacinas sistemas de sa�de enfrentam graves obst�culos na pandemia (foto: PA Media)

O sistema de sa�de est� come�ando a quebrar, mas ainda vai piorar.

At� outubro, o total de dias de licen�a m�dica por problemas de sa�de mental (tirados por profissionais do sistema de sa�de p�blica brit�nico) no NHS foi de 500 mil dias. Isso vai ser um problema maior no longo prazo e precisa ser enfrentado.

� �timo que as pessoas (equipes de sa�de) estejam buscando ajuda (psicol�gica), mas �s vezes ficamos sobrecarregados, porque a demanda � t�o grande. (...) No longo prazo, o que vai acontecer com essas pessoas, que s�o a espinha dorsal do pa�s?"


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