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Estado de Minas PARIS

Sequenciamento, a ferramenta indispens�vel para rastrear o v�rus


28/01/2021 11:53

Para controlar as modifica��es do coronav�rus que podem agravar a pandemia, ou tornar as vacinas menos eficazes, os cientistas precisam sequenciar seu genoma. S�o poucos os pa�ses, por�m, que fazem e compartilham esse trabalhoso, complexo e necess�rio monitoramento.

A publica��o do primeiro sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2 em janeiro de 2020, no in�cio da pandemia, possibilitou identific�-lo como um novo coronav�rus e iniciar o desenvolvimento de testes de diagn�stico e vacinas.

Desde ent�o, dezenas de milhares de sequ�ncias foram baixadas em bancos de dados p�blicos, permitindo que as muta��es sejam observadas com precis�o e velocidade nunca antes alcan�adas.

Muitas dessas informa��es v�m de um �nico pa�s: Gr�-Bretanha.

Em meados de janeiro, o GISAID - uma importante plataforma de compartilhamento de dados criada originalmente para monitorar a gripe - havia recebido 379.000 sequ�ncias. Entre elas, 166.000 vieram da Covid-19 Genomics UK (COG-UK), uma parceria entre autoridades de sa�de e centros universit�rios.

"Esta � a primeira vez que vemos um pat�geno evoluir nessa escala", destaca o diretor de estrat�gia e transforma��o na COG-UK, Ewan Harrison.

"Percebemos que essas muta��es se acumulam muito mais r�pido do que pens�vamos", completou.

Atualmente, o programa sequencia 10.000 genomas por semana (6% dos casos conhecidos na Gr�-Bretanha). A meta � dobrar esse n�mero.

"O Reino Unido supera em muito o mundo inteiro", diz Emma Hodcroft, epidemiologista da Universidade de Berna e codesenvolvedora do projeto internacional de monitoramento de v�rus Nextstrain.

- Sequenciamento, uma prioridade -

O sequenciamento identificou variantes preocupantes na Gr�-Bretanha, �frica do Sul e Brasil.

A nova variante no Reino Unido, de dissemina��o mais r�pida, � "como uma minipandemia dentro da pandemia", afirma o dr. Harrison. Sem monitoramento sistem�tico, os cientistas n�o teriam entendido que "a situa��o muda".

O alerta precoce n�o evitou sua propaga��o - dezenas de pa�ses j� o detectaram - mas permitiu que outros se preparassem. Sem o aviso dos cientistas brit�nicos, o mundo navegaria �s cegas, concorda Emma Hodcroft.

Outras variantes do v�rus s�o vis�veis somente quando se espalham para o exterior, a partir de seu ponto de origem.

Neste mesmo m�s, por exemplo, uma nova cepa, carregando uma muta��o chamada E484K, e que os cientistas temem que possa contornar a imunidade, foi identificada no Jap�o em pessoas procedentes do Brasil.

Para a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), uma melhor capacidade de sequenciamento � uma prioridade.

Maria Van Kerkhove, respons�vel t�cnica pela covid-19 da OMS, considerou recentemente o n�mero de sequ�ncias compartilhadas de "incr�vel", mas lamentou que elas venham somente de um punhado de pa�ses.

Quando outro coronav�rus, o da SARS, come�ou a se espalhar em 2002, apenas tr�s variantes do genoma foram compartilhadas publicamente no primeiro m�s, e 31, ap�s tr�s meses.

Desta vez, seis genomas foram disponibilizados para pesquisadores de todo mundo semanas ap�s o aparecimento do v�rus. Em seis meses, 60 mil j� haviam sido publicados.

- Um "erro de digita��o" -

No in�cio, o novo coronav�rus n�o apresentava muita diversidade gen�tica, diz Emma Hodcroft, apesar de "ter-se espalhado por toda Europa".

"Pudemos ver que, aparentemente, vinha mesmo da China, porque todas as sequ�ncias detectadas no mundo j� estavam nas v�rias sequ�ncias chinesas", conta � AFP.

No ver�o boreal de 2020 (inverno no Brasil), novas cepas apareceram, substituindo as vers�es anteriores do v�rus. As muta��es s�o parte da evolu��o viral e ocorrem quando o v�rus se reproduz, como se fosse um "erro de digita��o", explica a dra. Hodcroft.

A maioria das novas cepas n�o d� ao v�rus nenhuma vantagem, ou for�a, s�o at� desfavor�veis. �s vezes, no entanto, uma muta��o aumenta sua infecciosidade, ou pode torn�-lo causador de uma doen�a mais s�ria.

Quanto mais um v�rus infecta as pessoas, maior a probabilidade de muta��o, e essa probabilidade aumenta em uma pessoa, cujo sistema imunol�gico est� cronicamente enfraquecido.

Foi possivelmente assim que a nova variante apareceu no Reino Unido, e os pesquisadores agora est�o sequenciando cepas de pacientes imunossuprimidos, explica o dr. Harrison, da COG-UK.

Para a OMS, o sequenciamento mundial ajudar� a "compreender melhor o mundo dos pat�genos emergentes e suas intera��es com humanos e animais em uma variedade de climas, ecossistemas, culturas, ou modos de vida".

O sequenciamento em grande escala �, contudo, logisticamente complexo.

O Wellcome Sanger Institute, por exemplo, ao sul de Cambridge, Inglaterra, armazena dezenas de milhares de amostras que recebe todos os dias em enormes freezers e desenvolveu uma infraestrutura rob�tica completa para classific�-las e us�-las em suas pesquisas.


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