O funeral de Estado do pol�tico que governou entre 1989 e 1999 com pol�ticas de livre mercado, privatiza��es e uma alian�a estrat�gica com os Estados Unidos, foi realizado no cemit�rio isl�mico na periferia oeste de Buenos Aires.
"Ele vai descansar no cemit�rio isl�mico com meu irm�o, apesar de professar a religi�o cat�lica, para ficar com meu irm�o", disse sua filha Zulemita Menem. O filho do ex-presidente morreu em 1995 em um acidente de helic�ptero que sua m�e,Zulema Yoma, classificou de um "atentado impune".
O corpo do ex-mandat�rio foi velado no Sal�o Azul do Congresso.
Menem ficou hospitalizado por semanas depois de sofrer com uma infec��o urin�ria que piorou devido a seus problemas card�acos.
Carism�tico e hedonista, Menem entrou para a hist�ria como o presidente que produziu uma virada de 180 graus nas pol�ticas estadistas, pr�-sindicais e de diplomacia equidistante do peronismo.
Durante seu mandato, colocou em pr�tica um pol�mico regime monet�rio que vinculava o valor do peso ao do d�lar em uma rela��o de um para um.
A morte de Menem produziu rea��es extremas no mundo pol�tico. "Ele era uma boa pessoa", disse o ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019).
"A coisa mais grave que ele fez foi perdoar os assassinos de nossos filhos e a persegui��o contra as M�es (da Plaza de Mayo)", criticou a presidente da entidade humanit�ria, Hebe de Bonafini, em refer�ncia ao indulto dado aos comandantes e chefes indiciados por crimes contra a humanidade durante a ditadura (1976-1983).
Outro presidente peronista, N�stor Kirchner (2003-2007), reverteu essa decis�o com a retomada dos julgamentos, medida que resultou na pris�o de mais de mil ex-militares e ex-policiais.
- Privatiza��es e atentados -
Durante a era Menem, a Argentina privatizou ou cedeu em concess�es empresas de petr�leo, g�s, telecomunica��es, eletricidade, rodovias, servi�os postais, ferrovias, radares, sider�rgicas, estaleiros e portos, entre outros setores estrat�gicos.
Menem e seu famoso ministro da Economia, Domingo Cavallo, privatizaram a previd�ncia, mas Kirchner tamb�m revogou essa lei devido a relat�rios de fraudes.
O menemismo estabeleceu as chamadas "rela��es carnais" com os Estados Unidos, alian�a que o persuadiu a fazer com que a Argentina participasse, pela primeira vez na hist�ria, de uma opera��o militar norte-americana com dois navios de guerra, durante a Guerra do Golfo em 1991.
Em suposta retalia��o, a Argentina sofreu dois grandes ataques terroristas, um contra a embaixada israelense em 1992 e outro contra o centro judeu da AMIA em 1994, ataques que deixaram 117 mortos no total e que ainda precisam ser esclarecidos.
"Ele morreu como viveu: impune", disse a organiza��o Memoria Activa, de parentes das v�timas da AMIA, em nota, que sempre acusou Menem de encobrir os respons�veis pelo atentado.
Sua morte encerrou efetivamente o julgamento que seria realizado por explos�es intencionais de uma f�brica militar, com sete mortos e dezenas de feridos, um atentado que supostamente tinha inten��o de apagar as evid�ncias do contrabando de armas argentinas para o Equador e a Cro�cia quando esses pa�ses estavam em guerra contra Peru e S�rvia, respectivamente.
BUENOS AIRES