No Reino Unido, o sufoco dos estudantes estrangeiros empobrecidos pela pandemia

"� dif�cil comprar comida, os pre�os s�o muito mais altos do que na �ndia": sem trabalho ou ajuda estatal, os jovens estudantes estrangeiros que vieram, como Jay Patel, ao Reino Unido para realizar seus sonhos, est�o mergulhados na pobreza por causa da pandemia.

Apesar da chuva, dezenas de jovens como ele, com capuzes na cabe�a e sacolas de compras nas m�os, aglomeram-se em frente � salinha da associa��o Newham Community Project, no leste de Londres, para receber arroz, alguns vegetais e outros alimentos.

"A condi��o para que eu viesse para o Reino Unido era n�o pedir dinheiro aos meus pais uma vez aqui", conta Jay Patel, de 19 anos, estudante da Greenwich University. "N�o falei com meu pai sobre minha situa��o porque a pandemia tamb�m � dif�cil para eles".

Sem a ajuda deste banco alimentar, que distribui tr�s noites por semana, "seria dif�cil" para ele e os seus locat�rios, entre as alt�ssimas taxas da universidade e o custo de vida em Londres: "Sem d�vida passar�amos fome".

"Eu realmente vim na hora errada", suspira.

Destino popular entre estudantes estrangeiros, o Reino Unido � o pa�s da Europa com mais mortes pela pandemia (cerca de 120.000), mas tamb�m o que mais sofre com a crise econ�mica. A Inglaterra est� no terceiro confinamento desde o ano passado, o que torna quase imposs�vel encontrar um emprego.

- "Necessidade enorme" -

Apesar do frio e da chuva, a fila em frente � sala chega a 300 metros das 19h00 �s 23h00. Os volunt�rios cumprimentam os regulares.

L� dentro, ocupam-se em servir os alunos o mais r�pido poss�vel, jogando os pacotes de arroz. No ch�o, centenas de sacos de comida, cuidadosamente preparados com anteced�ncia, com op��es para refei��es vegetarianas ou hallal.

Esta associa��o local, enraizada na comunidade indiana do leste de Londres, come�ou sua distribui��o durante o primeiro confinamento, quando o Ramad� come�ou.

"No in�cio distribu�amos 20 pacotes por dia", explica Elyas Ismail, seu diretor. "Em tr�s semanas, passamos a mais de 800 alunos!"

"A necessidade � enorme. Fazemos isso h� dez meses e o n�mero continua a aumentar", acrescentou ele, estimando que agora atende cerca de 2.000 lares por semana, �s vezes com apartamentos compartilhados por 15 alunos.

Os mais afetados pela crise s�o os jovens n�o europeus, que eram, de acordo com a Ag�ncia de Estat�stica do Ensino Superior, mais de 400.000 vindos em 2020, principalmente da China e da �ndia.

No distrito de Newham, 99% dos que v�m em busca de comida s�o indianos: "estudantes pobres, cujos pais �s vezes tiveram que vender as joias da fam�lia para faz�-los partir", lamenta Elias.

"Por causa do tipo de visto, eles n�o t�m acesso a aux�lio financeiro do governo ou das universidades", acrescenta Aamena Ismail, volunt�ria de 21 anos, que acredita que "o governo deve fazer algo contra essa pol�tica injusta".

"� realmente de partir o cora��o. Eles vieram com suas esperan�as de uma vida melhor e de repente a covid chegou e destruiu tudo", acrescenta.

- "Sonhos" partidos -

Este � o sentimento de Alpef Shaik, de 23 anos, que veio para o Reino Unido para realizar o "sonho" de seus pais de "receber a verdadeira educa��o" que eles nunca tiveram.

Seis meses ap�s sua chegada, chegou o confinamento. "Desde ent�o, tudo foi de mal a pior", explica o aluno de mestrado da University of East London.

Entre a falta de dinheiro, de vida social e os cursos online, "n�o vale a pena" vir estudar no Reino Unido neste momento, estima: "Estou pagando por um Rolls Royce, e recebo um velho Toyota".

Mohammed Ahmed, de 25 anos, vem � associa��o h� tr�s meses. Ele seguiu sua esposa, que estuda na BPP University.

"T�nhamos muitas expectativas em vir morar no Reino Unido e, por causa da pandemia, elas foram frustradas", suspira. "Se isso continuar, teremos que voltar para casa. N�o podemos sobreviver assim".