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Estado de Minas MIAMI

Proibi��o do uso de m�scaras e morte por covid: assim come�ava a pandemia nos EUA


22/02/2021 19:24 - atualizado 22/02/2021 19:26

Parece inconceb�vel que nos Estados Unidos, que superou nesta segunda-feira (22) a tr�gica marca de meio milh�o de mortos pela covid-19, uma empresa pro�ba seus trabalhadores de usar m�scaras.

No entanto, isso aconteceu h� menos de um ano em uma das maiores redes de supermercados da Fl�rida, quando o novo coronav�rus estava se espalhando pelo mundo e o terror estava come�ando a se instalar.

Naquela �poca, Gerardo Guti�rrez, de 70 anos, trabalhava em uma unidade do supermercado Publix em Miami Beach.

Ele morreu no final de abril ap�s pegar coronav�rus em mar�o, no horrendo m�s em que foi declarada a pandemia, quando a It�lia entrou em um confinamento nacional que causou estupor no ocidente, tamb�m enquanto os Estados Unidos ainda n�o tinham sequer centenas de mortos.

"Est�vamos todos j� em p�nico", lembra sua filha Ariane, que entrou na justi�a contra a rede de supermercados Publix por homic�dio culposo.

Ela alega que um colega que trabalhava muito perto de Guti�rrez estava tossindo e tinha outros sintomas do v�rus, mas a Publix proibiu seus funcion�rios de usarem m�scaras por "n�o quer assustar os clientes".

"O resultado foi que meu pai faleceu", ressaltou a filha, em sua casa em Miami Beach, � AFP.

"Ele ia trabalhar todos os dias sem qualquer tipo de m�scara ou luvas, e eles n�o permitiam que ele as usasse".

Em 23 de mar�o, Miami Beach foi a primeira cidade da Fl�rida a ordenar o confinamento e o fechamento de suas praias.

No entanto, o Publix esperou at� a primeira semana de abril para permitir que seus funcion�rios usassem m�scaras, de acordo com o processo.

A mudan�a de pol�tica veio tarde para Guti�rrez, que j� estava muito doente. Ele foi hospitalizado em 10 de abril e, em 28 de abril, seus amigos e familiares se despediam dele por meio do Zoom. Ele morreu naquele dia.

"Ele adorava nadar. Era muito ativo, muito vital. Poderia ter vivido muitos anos mais", conta Ariane, mostrando fotos do pai, que era cubano.

H� duas semanas, um juiz recusou o pedido da rede de supermercados para tratar a den�ncia como um pedido de compensa��o dos trabalhadores, e n�o como uma a��o judicial.

A empresa n�o respondeu ao pedido por algum coment�rio feito pela AFP.

- "Continuamos pagando" -

No in�cio de mar�o, Miami Beach ainda estava no meio de sua temporada mais tur�stica. � nessa �poca em que estudantes de todo o pa�s comemoram as f�rias de primavera e celebram a juventude nas praias da Fl�rida como se n�o houvesse amanh�.

Muito se falou ent�o sobre o clima de festa inoportuno dessa ilha em frente a Miami, quando grande parte do pa�s j� adotava regras de distanciamento social pela primeira vez - uma realidade at� ent�o desconhecida.

"As pessoas demoraram a prestar aten��o", lembra Ariane Guti�rrez. "E ainda n�o superamos isso", acrescenta.

Naquele m�s, o com�rcio fechou, as prateleiras ficaram vazias e a falta de m�scaras amedrontou. Por isso, as autoridades de sa�de inicialmente n�o recomendaram seu uso ao p�blico em geral, para garantir que os funcion�rios da sa�de tivessem a quantidade suficiente.

"Essa informa��o no in�cio da pandemia foi um grande erro estrat�gico de sa�de p�blica", ressalta Purnima Madhivanan, epidemiologista da Universidade do Arizona, � AFP.

Al�m disso, para o desespero dos profissionais da sa�de e cientistas, a m�scara acabou tendo uma conota��o pol�tica, porque Donald Trump, que era presidente, se recusou a us�-la por meses.

�s vezes, o ex-presidente at� provocava aqueles que a usavam.

"Essas mensagens confusas confundem as pessoas", explica a epidemiologista. "E continuamos a pagar por isso. As m�scaras s�o essenciais", alerta.

- Viver com a covid -

Uma das li��es que estes epis�dios trazem, segundo a especialista, � que "por mais que queiramos dizer que a ci�ncia prevalece, a ci�ncia � t�o boa quanto os mensageiros que a transmitem".

Um estudo publicado em janeiro pela Universidade do Sul da Calif�rnia destacou que uma grande maioria (80% a 90%) dos americanos acreditam que as m�scaras s�o formas eficazes de se proteger contra a covid-19, mas s� a metade deles as usam consistentemente.

Isso mostra que "o conhecimento n�o necessariamente se torna comportamento", lamenta Madhivanan.

A princ�pio, acreditava-se que o calor poderia matar o v�rus, que as sacolas de compras tinham que ser desinfetadas, que a ra�a poderia ser um fator - na verdade, a desigualdade era o fator - e muitos, como Guti�rrez, sofreram com a desinforma��o.

Algumas coisas mudaram (quem continua desinfetando latas de tomate?), por�m outras, como o uso de m�scaras, deveriam ser t�o "normalizadas" no ocidente quanto nos pa�ses asi�ticos, explica a epidemiologista.

"Vamos ter que viver com a covid", diz. "N�o haver� nunca um momento em que possamos dizer que a covid desapareceu. S� temos que aprender a gerenci�-lo, como a gripe".


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