O problema de s�bado, que afetou parte dos Boeing 777 em servi�o, levou � paralisa��o do uso de aeronaves desse modelo em todo o mundo. No entanto, a situa��o tem muitas diferen�as com rela��o � crise do 737 MAX, da mesma empresa, que ficou impossibilitado de voar por 20 meses ap�s protagonizar dois acidentes fatais.
- O que aconteceu? -
Um Boeing 777 da companhia a�rea United Airlines que havia acabado de decolar de Denver (Colorado) rumo a Honolulu (Hava�), no s�bado, com 231 passageiros e 10 tripulantes a bordo, teve que retornar ao aeroporto depois que sua turbina direita pegou fogo e come�ou a se despeda�ar, espalhando destro�os sobre um sub�rbio.
O incidente chocou os passageiros, mas ningu�m ficou ferido, uma grande diferen�a em rela��o aos acidentes da Lion Air e da Ethiopian Airlines, nos quais problemas mec�nicos no 737 MAX matou 346 pessoas no total e for�ou o modelo a permanecer no ch�o por 20 meses.
Devido ao que aconteceu em Denver, as autoridades da avia��o civil dos Estados Unidos e do Jap�o proibiram o uso dessas aeronaves at� segunda ordem, e o Reino Unido fechou seu espa�o a�reo para o modelo.
Al�m disso, cerca de cinco companhias a�reas retiraram de servi�o 69 avi�es com o motor Pratt & Whitney PW 4000, igual ao envolvido no incidente no Colorado.
O chefe da Administra��o Federal de Avia��o americana, Steve Dickson, ordenou inspe��es "imediatas ou intensificadas" nas aeronaves 777 com o mesmo motor.
- Qual � o problema? -
O ocorrido est� sendo investigado, mas Dickson relatou que a investiga��o se concentrar� nas "l�minas ocas da turbina" que s�o exclusivas desse modelo de motor da Pratt & Whitney.
A grande maioria dos mais de 1.600 Boeing 777 entregues n�o possui esse tipo de motor.
O Conselho Nacional de Seguran�a nos Transportes dos EUA, que tamb�m est� investigando o incidente, disse que um primeiro exame mostrou que duas l�minas da turbina estavam quebradas.
O especialista da consultoria AIR, Michel Merluzeau, explica que � necess�rio determinar se � um problema metal�rgico, de manuten��o, de fabrica��o ou operacional, o que vai demorar.
Richard Aboulafia, analista da consultoria Teal Group, acredita que as inspe��es levar�o apenas alguns dias, mas que as companhias a�reas provavelmente demorar�o para voltar a usar os 777, j� que possuem outras op��es dispon�veis, devido � pandemia de covid-19.
- Como a Boeing ser� afetada? -
Novamente, a situa��o difere do que houve com o 737 MAX, que era o modelo mais popular da Boeing. Sua longa paralisa��o interrompeu a entrega das aeronaves naquele per�odo, reduzindo bastante o faturamento da empresa.
Em contraste, os 777 s�o utilizados h� anos, e a Pratt & Whitney n�o fabrica o motor afetado h� 15 anos, segundo Aboulafia.
"Depois de tantos anos em servi�o, � improv�vel que seja um problema de projeto do motor", diz o especialista, que como Merluzeau, aponta para quest�es de manuten��o.
- O que muda para a Boeing? -
Embora o incidente do 777 n�o pare�a estar relacionado �s f�bricas da Boeing, o problema chega em um "momento ruim" para a gigante da avia��o, afirmou Merluzeau.
Al�m do desastre do MAX, as entregas do 787 Dreamliner foram adiadas depois da descoberta de problemas nas inspe��es e as do seu novo 777X foram atrasadas pela pandemia.
Esses reveses dos �ltimos anos superam os de seu rival europeu Airbus, que tamb�m sofre as consequ�ncias do coronav�rus.
Merluzeau prev� uma profunda transforma��o dos sistemas de produ��o da Boeing nos pr�ximos anos, com "grandes mudan�as" no projeto e na fabrica��o dos avi�es.
NOVA YORK