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Estado de Minas PARIS

V�timas de tr�fico infantil exigem investiga��o na Fran�a


24/02/2021 09:02

"Queremos saber a verdade". Um coletivo formado por supostas v�timas de tr�fico de menores exige uma investiga��o do governo franc�s para desvendar as "pr�ticas ilegais" constatadas em ado��es internacionais nos �ltimos 50 anos.

"Por tr�s dessas ado��es h� todo um sistema que queremos trazer � luz", explica � AFP Emmanuelle H�bert, uma das porta-vozes do Coletivo de Reconhecimento das Ado��es Ilegais na Fran�a (RAIF).

O pedido, enviado ao governo de Emmanuel Macron e � Assembleia Nacional Francesa, visa promover a abertura de uma investiga��o semelhante �s realizadas recentemente em outros pa�ses europeus, como Holanda e Su��a, que revelaram ilegalidades estruturais nas ado��es internacionais.

"Todos os casos de ado��es irregulares devem ser examinados detalhadamente para estabelecer estat�sticas oficiais", diz H�bert, nascida na �ndia e adotada na Fran�a em 1977, aos dois anos, por interm�dio de uma associa��o.

Com a RAIF, H�bert afirma ter coletado "centenas" de depoimentos e evid�ncias de ado��es irregulares na Fran�a. "H� muito mais casos do que se pensa", garante a mulher, que denuncia que em alguns casos provavelmente houve uma certa "permissividade" por parte do governo franc�s.

Na Fran�a, onde h� poucas crian�as para ado��o, muitas fam�lias procuram adotar no exterior. Em 2019, 421 crian�as foram adotadas fora do pa�s, principalmente da �frica, �sia e Am�rica do Sul.

Dez anos atr�s, esse n�mero era dez vezes maior, mas as ado��es internacionais diminu�ram progressivamente nos �ltimos anos devido � implementa��o por um n�mero crescente de pa�ses da Conven��o de Haia de 1993 sobre a prote��o de crian�as.

Anne Royal, presidente da associa��o Inf�ncia e Fam�lias de Ado��o (EFA), afirma que embora os casos de "ado��es irregulares ou ilegais n�o sejam maioria, cada vez mais ouvimos casos" desse tipo na Fran�a.

"Muitas vezes acontece quando essas pessoas v�o em busca de suas ra�zes e percebem que foram v�timas de uma ado��o ilegal. � um terremoto na vida de todos, dos adotados, mas tamb�m da fam�lia adotiva e biol�gica", acrescenta Royal.

- "Responsabilidade" -

� o caso de Ame Quetzalame, de 43 anos, que chegou � Fran�a vinda da Guatemala aos 3 anos, junto com seu irm�o, um ano mais velho, para ado��o por uma fam�lia francesa.

Os documentos diziam que haviam sido abandonados, mas em 2019 Ame descobriu que sua m�e havia sido enganada, aproveitando-se de sua condi��o social, para tirar dois de seus filhos.

"Passei anos procurando a verdade, mas na Fran�a n�o h� estrutura para ajudar os adotados", denuncia a fot�grafa, membro da RAIF.

Gra�as � Liga, uma organiza��o guatemalteca que busca pessoas desaparecidas, Quetzalame entrou em contato com sua fam�lia biol�gica, que lhe contou que sua m�e procurou ela e seu irm�o por mais de 40 anos.

"Minha m�e morreu tr�s meses antes de eu receber a confirma��o da Liga", conta Ame, que espera poder entrar com uma queixa na Justi�a francesa muito em breve.

"Foi dif�cil receber a not�cia, � dif�cil pensar que por muito pouco n�o nos encontramos", afirma.

Na Guatemala, que viveu uma guerra civil entre 1960 e 1996, milhares de crian�as foram separadas de seus pais por furto, compra ou fraude, segundo a Comiss�o Internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG).

Para Quetzalame, tanto a Guatemala quanto a Fran�a t�m uma "responsabilidade", j� que os dois pa�ses tinham a obriga��o de "verificar" se sua ado��o estava de acordo com a lei.

Na Holanda, investiga��es revelaram que funcion�rios p�blicos do pa�s "fecharam os olhos" para pr�ticas il�citas, como falsifica��o de documentos, fraudes e corrup��o, pelos quais o governo decidiu no in�cio do m�s suspender as ado��es internacionais.

H� muitas outras supostas v�timas, como Emmanuelle H�bert, que h� d�cadas lutam para descobrir a sua verdadeira identidade e revelar as verdadeiras raz�es que as levaram � Fran�a.

"Depois de 20 anos de buscas, tr�s viagens � �ndia, ainda n�o sei qual � a verdade", conta a mulher de 46 anos, que ainda n�o encontrou seu certificado oficial de abandono.


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