"Agradecemos a Deus pelo retorno de voc�s", declarou o governador de Zamfara, Bello Matawalle, diante das 279 adolescentes, liberadas ap�s quatro dias de sequestro.
"S�o 279 e nenhuma est� ausente", disse o governador.
Inicialmente, as autoridades anunciaram que 317 estudantes haviam sido sequestradas no ataque de um grupo de homens armados contra a escola, no dia 26 de fevereiro.
As jovens, com idades entre 12 e 16 anos, visivelmente cansadas, chegaram na manh� desta ter�a-feira em v�rios micro-�nibus a Gusau (capital de Zamfara).
As autoridades reuniram as estudantes em um audit�rio e entregaram roupas limpas e hijabs (v�u que cobre o cabelo e peito) de cor azul.
Depois, na presen�a de jornalistas e fot�grafos, as jovens se perfilaram para cantar o hino nacional nigeriano.
"Nos fizeram caminhar durante horas", declarou, durante a cerim�nia, Hafsat Umar Anka, uma das jovens sequestradas. "Algumas estavam com tantas dores nas pernas que tivemos que carreg�-las".
As condi��es em que as jovens foram retidas eram atrozes, recordou, e os sequestradores amea�aram mat�-las se tentassem fugir.
O presidente Muhammadu Buhari expressou "imensa alegria" ap�s a liberta��o das meninas. "Me uno �s fam�lias e ao povo de Zamfara para receber e celebrar o retorno das alunas traumatizadas", afirmou em um comunicado.
Buhari prometeu acabar com o conflito que afeta o norte do pa�s, mas a situa��o � cada vez mais dram�tica. Na manh� desta ter�a-feira, uma base da ONU e um acampamento militar foram alvos de um ataque de milicianos de um grupo jihadista vinculado ao Estado Isl�mico (EI).
- Escolas, novo alvo -
O sequestro das alunas de Zamfara foi o quarto ataque contra escolas em menos de tr�s meses no noroeste da Nig�ria, onde h� uma d�cada os grupos criminosos, conhecidos como "bandidos", multiplicam os roubos de gado e executam sequestros para pedir resgates.
Em geral, os criminosos atacam figuras p�blicas ou viajantes nas estradas, mas nos �ltimos meses as escolas se tornaram um alvo mais lucrativo.
As autoridades de Zamfara est�o acostumadas a lidar com grupos criminosos, com os quais negociam h� mais de um ano uma anistia em troca da entrega de armas.
Em dezembro, o governo de Zamfara negociou a libera��o de 344 jovens que foram sequestrados em um col�gio interno do estado vizinho de Katsina.
Depois de cada libera��o, as autoridades negam que pagaram resgate, mas especialistas em seguran�a n�o acreditam nos governantes e temem que estas pr�ticas estimulem os sequestros em regi�es inseguras, minadas pela extrema pobreza.
Desta vez, o governador explicou que criminosos "arrependidos" atuaram como intermedi�rios nas negocia��es e desmentiu o pagamento de resgate.
O novo sequestro em massa trouxe � mem�ria o rapto de Chibok em 2014, quando o grupo extremista Boko Haram sequestrou 276 estudantes, um ato que provocou indigna��o mundial.
Mais de 100 meninas continuam desaparecidas e ningu�m sabe quantas sobreviveram ao sequestro.
- Pobreza e inseguran�a -
Mas os dois sequestros s�o diferentes: os criminosos atuam por dinheiro e n�o por raz�es ideol�gicas, apesar dos v�nculos de alguns criminosos com os grupos jihadistas.
As organiza��es criminosas atraem cada vez mais jovens desempregados em regi�es onde mais de 80% dos habitantes vivem na extrema pobreza.
Alguns grupos t�m centenas de combatentes e outros apenas algumas dezenas.
A viol�ncia provocou desde 2011 as mortes de mais de 8.000 pessoas e o deslocamento de mais 200.000, segundo um relat�rio do International Crisis Group (ICG) publicado em maio de 2020.
A Ag�ncia da ONU para os Refugiados (HCR) afirmou nesta ter�a-feira em um comunicado que est� "alarmada com o aumento da viol�ncia no noroeste da Nig�ria".
"Por medo dos grupos armados e da viol�ncia entre comunidades, mais de 7.660 refugiados nigerianos seguiram para Maradi", no vizinho N�ger, desde o in�cio do ano, elevando a 77.000 o n�mero de pessoas deslocadas a esta regi�o procedentes dos estados nigerianos de Katsina, Sokoto e Zamfara.
GUSAU