ONG promove 'isolamento seguro' para pessoas com covid em favela do Rio

Com suas ruas estreitas e um grande fluxo de pessoas, as favelas do Rio de Janeiro podem n�o ser o local mais adequado para isolar as pessoas com covid-19.

Mas integrantes da ONG Redes da Mar� implementaram um sistema de visita a domic�lio para manter os vizinhos infectados seguros, oferecendo a eles atendimento m�dico, refei��es e kits de limpeza.

Com uma kombi branca, Priscilla Ribeiro de Jesus comanda a entrega da comida e dos kits em uma dezena de endere�os por dia no Complexo da Mar�, conjunto de 16 favelas onde vivem 140 mil pessoas.

"Na pandemia, muita gente n�o tem dinheiro, muitas coisas ficam fechadas, n�o tem como trabalhar. O kit de higieniza��o (que cont�m �gua sanit�ria, sabonete e �lcool) e a refei��o ajudam bastante, porque �s vezes eles ficam muito debilitados, n�o t�m como cozinhar", conta a jovem entre uma entrega e outra, ziguezagueando entre casas apertadas e ruas de movimento intenso.

Augusto do Nascimento, de 72 anos, que mora com v�rios familiares, foi um dos vizinhos que se cadastraram para receber a ajuda do programa de "isolamento seguro".

"Toda a minha fam�lia estava doente. De repente, descobri que tamb�m estou. O kit ajuda, porque as pessoas ficam muito vulner�veis. Eu me sinto muito fraco", relatou � AFP.

O apoio sanit�rio oferecido pela Redes da Mar� - que conta com financiamento p�blico, privado e doa��es - inclui consultas de telemedicina e um centro de diagn�stico de covid-19, que funciona em um galp�o semiaberto localizado na entrada da favela. Ap�s o agendamento por aplicativo de celular, pode-se realizar ali o exame RT-PCR ou o de anticorpos, escassos nos postos de sa�de daquela regi�o.

"Nas �ltimas semanas, aumentou muito a procura por testes, devido ao alto n�mero de �bitos no pa�s. A popula��o est� mais assustada", conta Everton Pereira da Silva, respons�vel pela unidade de diagn�sticos.

Dos 170 exames realizados por dia (120 no local e 50 em uma unidade ambulante), 18% costumam dar positivo, diz.

"Estamos como em julho, agosto, o pior momento at� agora. Mas a perspectiva � de que a partir de agora se torne o pior momento", conta.

- Estat�stica dif�cil -

O Brasil superou esta semana a marca de 300 mil mortos por Covid-19, em meio � segunda onda da pandemia, que sobrecarrega os hospitais do pa�s. O Rio de Janeiro � um dos estados mais afetados, com 35 mil �bitos.

N�o existe, no entanto, um balan�o preciso da situa��o nas favelas.

O dado mais aproximado � o do "Painel Unificador Covid-19 nas Favelas", lan�ado por uma rede de movimentos sociais e coordenado pela organiza��o Comunidades Catalisadoras (ComCat), que contabiliza 34 mil casos e 3.604 mortos confirmados.

O portal, que combina os poucos dados p�blicos dispon�veis com informa��es colhidas por agentes e organiza��es em campo, n�o inclui, no entanto, todas as favelas da cidade, onde vivem cerca de 20% dos 6,7 milh�es de habitantes do Rio, segundo dados oficiais.