"Em minhas conversas com o presidente (eritreu) Issaias Afeworki durante minha visita a Asmara, o governo eritreu aceitou retirar suas for�as al�m das fronteira da Eti�pia", anunciou o primeiro-ministro em um comunicado.
Durante meses, as autoridades de Asmara e Adis Abeba negaram a presen�a de for�as eritreias em Tigr�, fato amplamente divulgado por habitantes, trabalhadores humanit�rios, diplomatas e at� por algumas autoridades civis e militares et�opes.
Na ter�a-feira, Abiy Ahmed admitiu pela primeira vez no Parlamento que tropas eritreias estavam na regi�o de Tigr�.
Estas tropas, assim como o ex�rcito et�ope, foram acusadas de saques, massacres e estupros em larga escala.
O primeiro-ministro et�ope, que visitou Asmara na quinta-feira, determinou em 4 de novembro uma interven��o militar para derrubar o partido governante na regi�o, a Frente de Liberta��o do Povo de Tigr� (TPLF, na sigla em ingl�s), depois de acusar as tropas do movimento de atacar bases do ex�rcito federal.
O governo declarou vit�ria em 28 de novembro, mas os combates persistem.
No comunicado, Abiy Ahmed recorda que a TPLF lan�ou foguetes contra a capital da Eritreia, o que "incitou o governo eritreu a atravessar a fronteira com a Eti�pia, a prevenir outros ataques e a salvaguardar a seguran�a nacional".
Os Estados Unidos aplaudiram o an�ncio, ao qual se referiram como um "passo importante" na "desacelera��o do conflito" na regi�o.
- Massacres-
Eritreia e Eti�pia travaram uma guerra violenta entre 1998 e 2000, com dezenas de milhares de mortos. Na �poca, a TPLF controlava o governo federal em Adis Abeba.
Os dois pa�ses se aproximaram ap�s a chegada ao poder em 2018 de Abiy Ahmed, que venceu o Nobel da Paz em 2019. Mas Eritreia e TPLF continuam sendo grandes inimigos.
Ahmed informou que o ex�rcito et�ope ser� mobilizado nas �reas em que est�o posicionadas as tropas eritreias, particularmente na fronteira.
Anistia Internacional e Human Rights Watch (HRW) denunciaram o massacre de centenas de civis em Aksum, cidade do norte Tigr�, no fim de novembro.
A Comiss�o de Direitos Humanos da Eti�pia (CDHE) afirmou na quarta-feira ter provas de que as tropas eritreias mataram mais de 100 civis em Aksum, um massacre que poderia constituir um crime contra a humanidade.
A AFP documentou outro massacre cometido em novembro pelas tropas eritreias na cidade de Dengolat.
Durante uma visita este m�s � cidade de Wukro, 50 km ao norte de Mekele, capital de Tigr�, os moradores afirmaram � AFP que soldados eritreus permaneciam na regi�o, �s vezes com uniformes et�opes.
Abiy declarou aos parlamentares que qualquer abuso cometido na regi�o era "inaceit�vel".
- Engano-
O partido de oposi��o em Tigr�, Salsay Weyane Tigray, afirmou nesta sexta-feira que qualquer a��o sobre a retirada da Eritreia � "in�til sem um organismo regulador internacional para verificar".
"� outro n�vel de engano, um jogo que eles jogam h� muito tempo", escreveu no Twitter Hailu Kebede, secret�rio do partido para Rela��es Exteriores.
O conflito deslocou quase um milh�o de pessoas. As autoridades locais calculam que 950.000 moradores fugiram dos combates e persegui��es, principalmente do oeste de Tigr�, mas tamb�m do noroeste e centro da regi�o.
ADIS ABEBA