Farmac�utica Servier condenada em um dos maiores esc�ndalos de sa�de na Fran�a

A empresa farmac�utica francesa Servier foi considerada culpada, nesta segunda-feira (29), de "engano agravado" e de "homic�dio e les�es involunt�rias" no esc�ndalo do Mediator, um medicamento acusado de ter causado centenas de mortes na Fran�a.

Inicialmente comercializado para pessoas diab�ticas, este f�rmaco acabou sendo prescrito, principalmente, para emagrecer, por suas propriedades redutoras do apetite.

Receitado durante 33 anos a cinco milh�es de pessoas na Fran�a (1976-2009), o Mediator pode ser respons�vel a longo prazo por 2.100 mortes, segundo uma an�lise judicial.

"Apesar do conhecimento que tinham dos riscos existentes h� muitos anos (...) nunca tomaram as medidas que se impunham e, desta forma, enganaram" os consumidores que tomaram este f�rmaco, disse, em refer�ncia � farmac�utica, a presidente do Tribunal Correcional de Paris, Sylvie Daunis.

A Servier foi condenada a pagar 2,7 milh�es de euros (3,1 milh�es de d�lares) de multa. Foi absolvida da acusa��o de "fraude".

Jean-Philippe Seta, ex-n�mero dois do grupo farmac�utico e ex-bra�o direito do magnata Jacques Servier, falecido em 2014, foi condenado a quatro anos de pris�o sob sursis. A Promotoria havia solicitado cinco anos de pris�o incondicional e 200.000 euros (US$ 235.000) de multa.

J� a Ag�ncia Nacional de Seguran�a dos Medicamentos, que "falhou de forma grave em sua miss�o de pol�cia sanit�ria", foi condenada a uma multa de 303.000 euros (US$ 357.000), valor muito acima do solicitado pela acusa��o (200.000 euros).

Os 6.500 demandantes haviam pedido uma puni��o "exemplar" neste esc�ndalo sanit�rio que explodiu h� mais de uma d�cada e � considerado um dos maiores da hist�ria da Fran�a.

De acordo com a acusa��o, a empresa dissimulou, propositalmente, as propriedades da droga para reduzir a fome e seus perigosos efeitos colaterais. Entre eles, est�o les�es graves das v�lvulas card�acas e hipertens�o arterial pulmonar, uma patologia rara e mortal.

A ju�za Sylvie Daunis destacou a "extrema gravidade" do engano, de uma "envergadura consider�vel e in�dita" e do qual foram "v�timas milhares de pacientes".

Os atos "fragilizaram a confian�a no sistema de sa�de", afirmou a presidente do tribunal.

A Servier negou durante o julgamento que tivesse "uma vontade deliberada de enganar".

A condena��o pode decepcionar os demandantes, segundo um dos advogados, Jean-Christophe Coubris, para quem as multas impostas s�o "rid�culas em rela��o ao volume de neg�cios anual do grupo Servier, de quase 4,7 bilh�es de euros" (5,5 bilh�es de d�lares).

No total, os demandantes haviam solicitado um bilh�o de de euros (US$ 1,18 bilh�o) em danos e preju�zos, quase metade para a Previd�ncia Social, que cobriu 65% do custo do Mediator.